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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Pólo revoluciona indústria de móveis no Acre
São 15 empresários que terão toda a estrutura para produzir móveis com designer diferenciado e preço competitivo no mercado externo com madeira certificada. Parceria com Suframa, Sebrae e Senai pode dobrar a geração de empregos no setor e aumentar em 30% o faturamento das atuais 240 indústrias madeireiras em todo o Estado.

O Pólo Moveleiro instalado no Distrito Industrial de Rio Branco é a versão precoce de um projeto nacional sugerido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva da “Parceria Público-Privado”. Com recursos da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), estimados em aproximadamente R$ 700 mil, e a parceria entre o Governo do Estado do Acre, Sebrae e Senai, o pólo pretende dar apoio aos pequenos industriais ligados à produção de móveis. O espaço tem toda a estrutura para fortalecer e consolidar o Acre como um estado com produção moveleira de alto valor agregado e com designer diferenciado.

“Isso aqui só terá sentido se a iniciativa privada realmente passar a fazer parte do nosso compromisso”, disse o governador Jorge Viana ao grupo de pequenos empresários que visitaram as futuras instalações do pólo, com inauguração prevista para o fim desse mês. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Móveis do Acre, J. Silva, as atuais 240 indústrias do setor no estado (202 só na capital) empregam uma média de 10 funcionários por empresa e um faturamento médio mensal de até R$ 30 mil. Com a estrutura construída no Pólo Moveleiro, de acordo com Silva, o faturamento pode aumentar para uma média de R$ 100 mil e a geração de empregos pode dobrar em um prazo de um ano.

“As empresas que estão aqui e as que desejarem vir para o pólo são para trabalhar dentro de legalidade”, disse Jorge Viana. “Quem quiser trabalhar de outra forma vai ter que fechar as portas e ir embora”, avisou. O pólo está dentro da lógica pensada pela equipe de Governo de consolidar e fortalecer a “economia florestal”. “Isso aqui é uma revolução da indústria de móveis no Acre e estanos fazendo isso com os empresários sérios e com o sindicato do setor”.

Composição - O Pólo Moveleiro é composto por uma recepção onde será instalado um “show-room” mostrando todos os produtos feitos no pólo com as referências das empresas responsáveis pela confecção dos móveis, duas estufas para secagem de madeira com capacidade total para 100 metros cúbicos de madeira, local para a afiação das peças de madeira que será feita com maquinário de tecnologia alemã disponível no pólo. Haverá também uma “incubadora de empresas” e gerenciamento de negócios, caso os empresários sintam necessidade de fazer estudos de mercado específico para os produtos. Uma área específica para a elaboração de móveis com designer diferenciado será disponibilizada para os pequenos industriários que se instalarão no pólo. Um restaurante já tem espaço garantido. O preço da comida será “um preço popular” para garantir o conforto dos trabalhadores do pólo.

Galpões - Os 15 pequenos industriais terão uma área de 800 metros quadrados ao lado do pólo para a construção de galpões. “Cada galpão será uma espécie de fábrica de móveis de fino acabamento, embora em escala industrial, standartizado”, diferenciou Carlos Ovídio (o “Resende”), Secretário de Floresta, quando comparou a produção do novo pólo com o que já existe na cidade de Xapuri. A principal contribuição do pólo, para o Secretário de Floresta, é de ser uma “base de organização do setor madeireiro”.
Os técnicos afirmaram que novas estruturas como as apresentadas ontem no Distrito Industrial serão construídas em Sena Madureira, Xapuri e Cruzeiro do Sul. Essa é uma maneira de não concentrar a produção de móveis em grande escala só na capital e também uma forma de gerar mais emprego no interior, diversificar produção com novos tipos de madeiras alternativas e consolidar o emprego de madeira certificada como condição obrigatória para a produção dos móveis acreanos.

Pólo garante diversificação da produção

O pólo moveleiro instalado pelo Governo do Estado do Acre vai diversificar a produção e consolidar o estado como “um produtor de referência de qualidade em móveis”. Além da geração de empregos, a possibilidade de se incrementar o “pool” de produtos que já existem no mercado acreano com móveis feitos de madeira certificada ou de locais onde estão em processo de certificação são os principais fatores que motivaram o investimento feito pelo atual Governo do Estado na construção de um pólo madeireiro em Rio Branco.
O governo sabia do potencial existente do empresariado local. “Faltava um mecanismo que possibilitasse a saída das fábricas de fundo de quintal para um local onde o processo industrial fosse mais qualificado, com apoio e comprometido com o modelo de desenvolvimento regional”, disse Jorge Viana.

Dinâmica de produção - Cada pequeno industriário, uma vez feita a instalação nos galpões, poderá comprar a madeira em uma espécie de “mercado de toras” sugerido pelo governador para “desburocratizar” o fornecimento da matéria prima. “Vocês não podem perder tempo, você têm que produzir”, disse Viana aos empresários. “Com a madeira certificada e vinda de florestas estaduais, colocada aqui perto, a indústria pode ganhar tempo e não se preocupar com a fiscalização necessária de órgãos como Ibama e Imac, que estão aí para dificultar a vida dos empresários mal intencionados”.
Caso a empresa necessite de fabricação de um móvel com designer diferente, ele pode utilizar uma central de designer que estará à disposição para “pensar novos modelos de acordo com a demanda de cada cliente”, disse Rezende, Secretário de Floresta.

Os industriários também irão dispor de uma “incubadora de empresas”. Essa seção pretende auxiliar os pequenos industriários que necessitarem de assessoria empresarial diferenciada para atingir mercados também diferenciados. O departamento de afiação é o local mais cobiçado pelo grupo de empresários, tamanha a sua importância para a cadeia produtiva. “Há alguns empresários que mandam material para a afiação em Porto Velho. Isso encarece o preço final do produto e dificulta a concorrência dos produtos acreanos no mercado externo”, disse o industriário José Zanatta, que já tem local garantido nas áreas dos galpões do pólo. O treinamento da mão de obra também pode ser feita no pólo.
A secagem das madeiras vindas da mata pode ser feita nas duas estufas do pólo. Juntas, as estufas podem secar até 100 metros cúbicos de madeira. Isso traz uma nova dinâmica para o empresariado local que antes utilizava a estrutura do CETEMM (Centro de Tecnologia da Madeira e do Mobiliário) local ou simplesmente utilizavam a secagem natural. Com a estufa, o tempo de secagem reduz pela metade.

Zanatta mostra entusiasmo no projeto

José Osmar Zanatta possui uma pequena indústria que emprega 27 funcionários na Marcenaria Sulatina, em uma área de 1,4 mil metros quadrados no bairro Tropical. Zanatta faz parte do grupo de empresários do pólo moveleiro. Ele pretende trabalhar “em série” com toda a estrutura já montada durante os 15 anos que se mantém no mercado. “A vinda para o pólo é estratégica para o crescimento do setor”, entusiasmou-se. Zanatta falou que “se todos os empresários precisam aquecer o setor, todos devem pensar juntos novas maneiras de crescer”.

Um estatuto está sendo criado por uma comissão composta por técnicos da Seplands (Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável), Sef (Secretaria de Floresta), Senai e Sebrae. O objetivo do estatuto é o estabelecimento de normas que viabilizem o uso do pólo. “Quero que isso seja feito antes do dia 12 desse mês”, sentenciou Viana. “Vamos inaugurar esse pólo, já com alguns galpões levantados, depois do carnaval”, disse o governador Jorge Viana.

O setor moveleiro já demonstrou união para a divulgação dos produtos feitos no estado. O Sindicato da Indústria de Móveis (Sindimov) possui 20 empresas sindicalizadas. Os empresários compraram uma área com 4,5 mil metros quadrados na avenida Antônio da Rocha Viana, um dos endereços mais caros da capital, para a construção de um “show room”. “Acreditamos que existem novas possibilidades para investimentos no setor madeireiro”, disse J. Silva, presidente do Sindmov.

Fonte: Página 20 – 05/02/2004

Fonte:

Neuvoo Jooble