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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Um êxito de pesquisa...
Por ano, são processadas 50 mil toneladas de pinus para extração da fibra de celulose, o que gera 25 mil toneladas de talloil bruto, subproduto gerado pelo cozimento da matéria na indústria de papel e celulose. Há 15 anos, este resíduo era descartado no meio ambiente.
Hoje, a Resitol coleta este produto para processamento industrial. Anteriormente, a indústria era capaz apenas de extrair uma substância utilizada nas fábricas de tintas e vernizes. O resíduo, queimado para obtenção de energia, não era aproveitado para a retirada do fitosterol. O lixo precioso vale no mercado internacional entre U$ 20 e U$ 60 o quilo. "Os 40 quilos de esterol presentes numa tonelada de talloil bruto vale mais que toda tonelada de talloil.
Com esse material obtemos pelo menos US$ 800, enquanto a matéria-prima sem processamento é exportada a US$ 200", disse Rohr, sócio da Resitec Participações, junto com o ex-presidente da Petrobras, Shigeaki Ueki. Com o desenvolvimento da tecnologia que permite a extração do esterol deste resíduo, a Resitol pôde iniciar a engenharia financeira necessária para o negócio. O investimento numa unidade anexa à fábrica de processamento primário do talloil em Palmeira chegou a US$ 3 milhões.
E é esta planta a responsável pela exportação, na semana retrasada, do primeiro lote de fitosterol para o mercado norte-americano. Segundo Rohr, a fábrica foi montada para produzir 500 toneladas de fitosterol por ano - o equivalente a 10% da produção mundial atual. "Se observarmos a participação brasileira no comércio mundial, hoje em aproximadamente 2%, notamos a importância que o País passa a ter nesse mercado", disse Rohr.
Fora as indústrias farmacêuticas, grandes consumidores desta substância, as companhias mundiais de alimentos começam a desenvolver diversos produtos com a adição de esteróis. A novidade da tecnologia desenvolvida no Brasil é o processo de extração da substância sem o uso de solventes, base da tecnologia utilizada em outros países. A recomendação científica para o consumo de dois gramas de esterol por dia abre um mercado mundial ainda não devidamente mensurado.
Nos Estados Unidos, por exemplo, calcula-se que 96 milhões de pessoas têm excesso de colesterol ruim (LDL) no sangue. Se cada consumidor ingerir a quantidade recomendada, a demanda diária de fitosterol alcançaria a impressionante marca de 200 toneladas por dia só nos EUA. Em 2004, a unidade catarinense da Resitol chegará a 300 toneladas no ano. "É um mercado sem limites", disse Rohr.
Um negócio tão promissor que os controladores da Resitol não tiverem grandes dificuldades para levantar o capital necessário ao empreendimento. Foram três fontes. A Agência Catarinense de Fomento (Badesc) foi o agente repassador de R$ 3 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Resitol negociou a antecipação de US$ 1 milhão com uma trading dos Estados Unidos, empresa que fará a comercialização da produção.
A última parte do investimento foi custeada pela própria Resitol, com uma operação de aumento do capital. O financiamento tem perfil de longo prazo, sete anos. Considerados a capacidade plena da unidade em Palmeira (500 toneladas/ano), o faturamento pode alcançar US$ 10 milhões por ano. A perspectiva de que a demanda internacional das indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia será acelerada com o lançamento de novos produtos com esteróis.
Tudo começou com a margarina: a Benecol, da Finlândia, e a Unilever, que trouxe para o Brasil a margarina Becel pro.activ, foram as pioneiras. Recentemente, o leite e o iogurte foram os alimentos que receberam o esterol. Há duas semanas, a Coca-Cola, dona da marca dos sucos Minute Maid, lançou no mercado norte-americano a versão premium com fitosterol. "As indústrias de alimentos devem continuar a lançar produtos com esta substância.
A tendência é que a inclusão do fitosterol ocorra em alimentos largamente consumidos, a exemplo do suco de laranja", afirmou Rohr. Deriva daí o interesse da Resitol em aproveitar a tecnologia em outra unidade. A técnica patenteada para extração da substância do talloil, oriundo das sobras da indústria de papel e celulose, somente será possível fora do País. A unidade de Palmeira processa todo o talloil disponível no mercado. Mas parte expressiva deste subproduto é exportada para a África do Sul.
O processo lá é semelhante ao que era usado aqui - após a destilação o resíduo é queimado para geração de energia. "A decisão sobre a configuração do empreendimento ocorrerá em 2004. A idéia é fazer parceria com a Anglo American dona da unidade sul-africana. Eles financiam o projeto e nós entraremos com a tecnologia". O próximo passo da empresa é concluir as pesquisas para a extração do fitosterol da soja.
Empresas norte-americanas como a ADM e a Cognis, do grupo Henkel, são líderes na produção de esteróis a partir do resíduo de refino do óleo de soja. "Estamos numa fase bem adiantada deste projeto. Com isso, poderemos, em breve, ter a primeira unidade industrial para extração do fitosterol da soja, o que será um aproveitamento para um resíduo vendido hoje como commodity" afirmou Rohr.
Já existem pesquisas sobre esteróis no Brasil, em geral de nível básico. No campo da pesquisa aplicada, o trabalho está no início, segundo a coordenadora do Centro de Química do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Ana Maria Rauen. O instituto iniciou trabalho para validar a metodologia que determinará presença de classes de esteróis em alimentos. A dúvida sobre o fitosterol nem está na função que este tem no organismo, mas, sobretudo, na forma como a indústria extrai a substância dos vegetais.
Neste aspecto, a tecnologia criada pela empresa brasileira aparenta boa vantagem em relação a concorrentes mundiais. A ausência de solventes na extração de esteróis é uma vantagem competitiva, mais do que isso, é o alinhamento a uma exigência mundial. Isso prova que inovação tecnológica pode ser feita no subúrbio.
Fonte: Agnaldo Brito (GM)
Hoje, a Resitol coleta este produto para processamento industrial. Anteriormente, a indústria era capaz apenas de extrair uma substância utilizada nas fábricas de tintas e vernizes. O resíduo, queimado para obtenção de energia, não era aproveitado para a retirada do fitosterol. O lixo precioso vale no mercado internacional entre U$ 20 e U$ 60 o quilo. "Os 40 quilos de esterol presentes numa tonelada de talloil bruto vale mais que toda tonelada de talloil.
Com esse material obtemos pelo menos US$ 800, enquanto a matéria-prima sem processamento é exportada a US$ 200", disse Rohr, sócio da Resitec Participações, junto com o ex-presidente da Petrobras, Shigeaki Ueki. Com o desenvolvimento da tecnologia que permite a extração do esterol deste resíduo, a Resitol pôde iniciar a engenharia financeira necessária para o negócio. O investimento numa unidade anexa à fábrica de processamento primário do talloil em Palmeira chegou a US$ 3 milhões.
E é esta planta a responsável pela exportação, na semana retrasada, do primeiro lote de fitosterol para o mercado norte-americano. Segundo Rohr, a fábrica foi montada para produzir 500 toneladas de fitosterol por ano - o equivalente a 10% da produção mundial atual. "Se observarmos a participação brasileira no comércio mundial, hoje em aproximadamente 2%, notamos a importância que o País passa a ter nesse mercado", disse Rohr.
Fora as indústrias farmacêuticas, grandes consumidores desta substância, as companhias mundiais de alimentos começam a desenvolver diversos produtos com a adição de esteróis. A novidade da tecnologia desenvolvida no Brasil é o processo de extração da substância sem o uso de solventes, base da tecnologia utilizada em outros países. A recomendação científica para o consumo de dois gramas de esterol por dia abre um mercado mundial ainda não devidamente mensurado.
Nos Estados Unidos, por exemplo, calcula-se que 96 milhões de pessoas têm excesso de colesterol ruim (LDL) no sangue. Se cada consumidor ingerir a quantidade recomendada, a demanda diária de fitosterol alcançaria a impressionante marca de 200 toneladas por dia só nos EUA. Em 2004, a unidade catarinense da Resitol chegará a 300 toneladas no ano. "É um mercado sem limites", disse Rohr.
Um negócio tão promissor que os controladores da Resitol não tiverem grandes dificuldades para levantar o capital necessário ao empreendimento. Foram três fontes. A Agência Catarinense de Fomento (Badesc) foi o agente repassador de R$ 3 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Resitol negociou a antecipação de US$ 1 milhão com uma trading dos Estados Unidos, empresa que fará a comercialização da produção.
A última parte do investimento foi custeada pela própria Resitol, com uma operação de aumento do capital. O financiamento tem perfil de longo prazo, sete anos. Considerados a capacidade plena da unidade em Palmeira (500 toneladas/ano), o faturamento pode alcançar US$ 10 milhões por ano. A perspectiva de que a demanda internacional das indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia será acelerada com o lançamento de novos produtos com esteróis.
Tudo começou com a margarina: a Benecol, da Finlândia, e a Unilever, que trouxe para o Brasil a margarina Becel pro.activ, foram as pioneiras. Recentemente, o leite e o iogurte foram os alimentos que receberam o esterol. Há duas semanas, a Coca-Cola, dona da marca dos sucos Minute Maid, lançou no mercado norte-americano a versão premium com fitosterol. "As indústrias de alimentos devem continuar a lançar produtos com esta substância.
A tendência é que a inclusão do fitosterol ocorra em alimentos largamente consumidos, a exemplo do suco de laranja", afirmou Rohr. Deriva daí o interesse da Resitol em aproveitar a tecnologia em outra unidade. A técnica patenteada para extração da substância do talloil, oriundo das sobras da indústria de papel e celulose, somente será possível fora do País. A unidade de Palmeira processa todo o talloil disponível no mercado. Mas parte expressiva deste subproduto é exportada para a África do Sul.
O processo lá é semelhante ao que era usado aqui - após a destilação o resíduo é queimado para geração de energia. "A decisão sobre a configuração do empreendimento ocorrerá em 2004. A idéia é fazer parceria com a Anglo American dona da unidade sul-africana. Eles financiam o projeto e nós entraremos com a tecnologia". O próximo passo da empresa é concluir as pesquisas para a extração do fitosterol da soja.
Empresas norte-americanas como a ADM e a Cognis, do grupo Henkel, são líderes na produção de esteróis a partir do resíduo de refino do óleo de soja. "Estamos numa fase bem adiantada deste projeto. Com isso, poderemos, em breve, ter a primeira unidade industrial para extração do fitosterol da soja, o que será um aproveitamento para um resíduo vendido hoje como commodity" afirmou Rohr.
Já existem pesquisas sobre esteróis no Brasil, em geral de nível básico. No campo da pesquisa aplicada, o trabalho está no início, segundo a coordenadora do Centro de Química do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Ana Maria Rauen. O instituto iniciou trabalho para validar a metodologia que determinará presença de classes de esteróis em alimentos. A dúvida sobre o fitosterol nem está na função que este tem no organismo, mas, sobretudo, na forma como a indústria extrai a substância dos vegetais.
Neste aspecto, a tecnologia criada pela empresa brasileira aparenta boa vantagem em relação a concorrentes mundiais. A ausência de solventes na extração de esteróis é uma vantagem competitiva, mais do que isso, é o alinhamento a uma exigência mundial. Isso prova que inovação tecnológica pode ser feita no subúrbio.
Fonte: Agnaldo Brito (GM)
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