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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Floresta de pinus no MS está ameaçada.
O município sul-matogrossense de Água Clara, que tem como principal fonte de arrecadação a exploração do plantio de pinus, corre o risco de ficar sem a sua maior fonte de arrecadação. Dos 30 mil hectares anteriormente plantados, a região dispõe apenas de 8 mil hectares.

Segundo o prefeito municipal, Ésio Vicente de Matos, o pinus atraiu para o município 40 indústrias madeireiras que são responsáveis pela geração de 3 mil empregos (diretos e indiretos). Se a área plantada desaparecer, conforme preocupação do prefeito, a falência de Água Clara praticamente será decretada. “O pinus é pulmão da economia água-clarense”, acrescenta, demonstrando preocupação com o que poderá acontecer daqui a seis anos.

Autoridades municipais e estaduais deverão discutir o problema numa reunião prevista para hoje, a partir das 10 horas, na prefeitura de Água clara. O objetivo é sensibilizar o Governo do Estado e sugerir a criação de instrumentos legais que possam auxiliar diretamente no reflorestamento da região. “Precisamos de incentivos fiscais para manter as indústrias madeireiras gerando emprego e renda”, disse Ésio de Matos.

Apoio estadual

A questão do reflorestamento de pinus no Mato Grosso do Sul está na pauta do deputado estadual Semy Ferraz. O parlamentar tem discutudo o assunto em audiências públicas e defende uma ação rápida de reflorestamento para evitar um colapso na economia de Água Clara. Além dessa cidade, os municípios de Ribas do Rio Pardo, Três Lagoas e Brasilândia também são afetados pela falta de reflorestamento.

Em agosto, o deputado organizaou uma audiência pública na Câmara Municipal de Água Clara, com o objetivo de identificar gargalos e problemas do setor madeireiro no município. A audiência contou com a participação de especialistas em reflorestamento, ambientalistas, empresários e autoridades políticas do estado e do município.

Na ocasião, o coordenador da Câmara Setorial da Floresta do Mato Grosso do Sul, Luiz Calvo Ramires Júnior, afirmou que a reserva de pinus de Água Clara deverá desaparecer completamente em cinco anos, caso os níveis de consumo das madeireiras continuem e não haja ações de reflorestamento. "A necessidade brasileira de plantio dessas madeiras é de 630 mil hectares por ano, mas atualmente são plantados menos de 300 mil por ano", disse.

Calvo afirmou que o Brasil e Mato Grosso do Sul têm todas as condições favoráveis para desenvolver uma produção florestal de alto nível. "Basta o setor receber incentivos, e ser tratado como agronegócio", disse.

Retrospectiva do reflorestamento

A atividade de reflorestamento teve um grande impulso no período de 1970 a 1983, estimulada por recursos a fundo perdido oferecidos pelo Governo Federal. Isso possibilitou a implantação do maciço florestal do eixo Campo Grande – Três Lagoas, no qual foram plantados mais de 490 mil hectares de pinus e eucaliptos, que seriam destinados às indústrias de madeira, mobiliária e papel celulose.

A área florestal era coberta por 86,6% de eucaliptos e 13,4% de pinus. Concentrava-se principalmente nos Municípios de Ribas do Rio Pardo, com 299.119 ha; Água Clara, com 110.756 ha, e Três Lagoas e Brasilândia com 54.506 e 18.980 ha respectivamente, atingindo ainda os Municípios de Camapuã, Aparecida do Taboado e Sidrolândia entre outras regiões do Estado com menor parcela.

Com o fim o programa de incentivos, extinto em 1984, o empreendimento deixou de ser atraente, passando, a partir de então, por um processo de desinteresse e relativo abandono por parte dos investidores. Eles interromperam as ações de preservação e segurança da floresta – como vigilância contra incêndios, ataques de pragas e produção de mudas. Isso levou a um processo de crescente destruição das florestas em, conseqüência da ação do fogo e dos imensos formigueiros que proliferaram em muitos pontos do maciço florestal.

Diante do desinteresse dos investidores, o destino da madeira, que era inicialmente para a indústria moveleira e papel celulose, foi entregue à produção de carvão vegetal e lenha, estimulando a proliferação de centenas de carvoarias na região de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, que passaram a abastecer com carvão os fornos das siderúrgicas de Minas Gerais e São Paulo. Com o subproduto da folha do eucalipto são produzidos óleos de essências vegetais.

Atualmente resta pouco mais de um quarto – ou seja, aproximadamente 100 mil hectares – de toda a área reflorestada naquele período. Esse estoque de floresta remanescente, principalmente de eucalipto, poderá ser diluído em quatro ou cinco anos, o que acabará com o trabalho de milhares de pessoas que estão ocupadas na produção de carvão, lenha e em algumas serrarias que vêm utilizando essa madeira.

O estoque de pinus remanescente também é utilizado, atualmente, para o beneficiamento de madeira em serrarias instaladas em Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Campo Grande.

Segundo dados do Censo Agropecuário de 1996, o Estado tinha nesse ano 181 mil hectares de matas plantadas, incluindo as áreas exploradas para carvão vegetal e lenha, contando ainda com novos reflorestamentos voltados para a indústria de papel e reposição de matas em áreas desmatadas nas regiões de Rio Verde, Chapadão do Sul e Dourados.

Grande parte das matas plantadas registradas no último censo estão concentradas nos Municípios de Ribas do Rio Pardo, Três Lagoas e Água Clara, que juntos representam 89% da atual área de matas plantadas em Mato Grosso do Sul.

Alexandre Carolo

Fonte: celuloseonline

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