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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Sequestro de carbono pode ser fonte de renda na Ilha do Marajó.
Embora uma boa parcela das famílias que formam núcleos habitacionais na Ilha do Marajó, no Pará, não entenda completamente o que seja seqüestro de carbono, decidiu participar dessa iniciativa proposta a elas por instituições envolvidas com as questões ambientais, entre elas a União Européia. Até porque, aprendeu e entendeu que essa atitude não apenas proporciona melhoria em suas vidas, mas propicia uma vida mais saudável para grande parte do planeta.

Os moradores da maior ilha fluvial-marítima do mundo, com 50 mil Km² de área, estão sendo esclarecidos sobre as formas adequadas de continuar a tirar seu sustento da floresta, porém sem destruí-la e, assim procedendo, melhorar as condições de vida nos núcleos ribeirinhos. Conscientizam-se também de que as ações articuladas de sustentabilidade geram ganhos ambientais que vão refletir até em outros países.

“Todos que derrubam e queimam a floresta estão prejudicando todo o planeta”, já aprendeu João Monteiro de Oliveira, morador da comunidade de Bom Jesus de Aramaraquiri, município a cerca de 40 quilômetros de Curralinho. A comunidade é uma das participantes da “Iniciativa Curralinho-Marajó”, incluída no Projeto Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (Poema), da Universidade Federal do Pará (UFPA), que tem aporte financeiro da Comunidade Européia (CE).

Entre as metas do projeto está a de seqüestrar até 4.200 toneladas de carbono da atmosfera por ano com a ajuda das 70 famílias que se comprometeram em preservar 20 hectares de suas propriedades para a preservação ambiental. Isso tudo dentro do estabelecido pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), definido pela Convenção de Mudanças Climáticas e Protocolo de Quioto, “embora nem todas as cláusulas estejam totalmente definidas”, lembra o sociólogo Thomas Mitschein, coordenador geral do Poema.

A proposta é que em troca da preservação ambiental daquela área, cada família receberia uma fatia do que for arrecadado com a venda de créditos de carbono.

Para permanecer no projeto a pessoa não pode derrubar ou queimar a mata preservada por dez anos. “Então é justo que cada um receba uma recompensa por deixar a mata em pé”, sentencia Manuel Geoval de Matos, presidente da Cooperativa Agrícola de Bom Jesus do Aramaraquiri. Esse apoio vem, por exemplo, com a implantação de sistemas agro-florestais (Safs) na área, que consiste na introdução de culturas consorciadas com árvores frutíferas, como caju e cupuaçu, de madeiras de uso comercial e apicultura.

Essa produção é direcionada ao consumo local, todavia, será canalizada também à comercialização. As frutas serão aproveitadas para polpas ou compotas, as castanhas de caju e do Pará para beneficiamento e a madeira manejada vendida para a indústria da região.

Essas técnicas de cultivo consorciado, manejo florestal e aproveitamento sustentado, como é o caso do palmito do açaí, já processado em pequena escala ainda na comunidade de Bom Jesus de Aramaraquiri, são ensinadas por especialistas do Poema por meio de cursos e palestras.

Uma vez preparados os monitores, eles repassam as informações aos produtores das 13 comunidades envolvidas, que recebem kits para desenvolver avicultura, agricultura, piscicultura e apicultura, o que representa um investimento mensal de US$ 2 mil com cada família por um ano. Para 2004, de acordo com Mitschein, o objetivo é expandir a iniciativa para mais comunidades marajoaras chegando a 500 famílias.

Segundo o sociólogo, ainda não existe um projeto estruturado de como vender os créditos de carbono, “mas o importante é estar com esse objetivo traçado enquanto essa questão se ajusta entre os países dentro do Protocolo de Quioto”, diz ele.

Ubirajara Junior
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UJ

Agência Brasil

21/out/03

Fonte:

Neuvoo Jooble