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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
UFSC investe na ampliação do uso da madeira de reflorestamento.
Estudar até que ponto o tratamento da madeira contra cupins e fungos apodrecedores é poluente e prejudicial à saúde. Essa é a nova proposta do Grupo Interdisciplinar de Estudos da Madeira (GIEM) da UFSC, que deverá se expandir e reunir pesquisadores da área de química.

Envolvido com a pesquisa da madeira de reflorestamento desde 1983, o grupo reúne atualmente mais de 20 pesquisadores entre engenheiros civis, biólogos, arquitetos e designers.

A toxicidade do tratamento é um argumento contra o uso atual das madeiras, principalmente as de florestas plantadas, que vêm sendo empregadas sob novas tecnologias.

“Através da queima de pedaços de madeira tratada vamos estudar a quantidade de produtos químicos que está saindo na fumaça ou ficando na cinza”, diz o coordenador do grupo,
professor do Departamento de Engenharia Civil do Centro Tecnológico da UFSC, Carlos Alberto Szücs. Apesar do conhecimento de que a madeira tratada é poluente, ainda não há estudos concretos sobre a contaminação que pode ser provocada.

O arsênio utilizado no Brasil para tratar a madeira já foi proibido em outros países. Na Alemanha foi substituído pelo boro, menos tóxico, mas que ao contrário do arsênio continua oferecendo riscos após o tratamento, pois escorre da madeira em contato com a umidade.

Para Szücs, os argumentos contrários não reduzem as vantagens do uso da madeira tratada. “A produção e utilização de outros materiais acaba sendo mais poluente e nesse particular a vida útil da construção com madeira tratada se torna mais vantajosa”.

Madeira Laminada Colada

A madeira laminada colada é uma das formas de aproveitamento da madeira de reflorestamento que há vários anos vem sendo estudada pelo grupo. Ela é formada por tábuas de madeira unidas longitudinalmente e depois coladas umas sobre as outras. Aprimorar esse processo é uma das principais metas do Grupo. Segundo o professor, o estudo do laminado colado teve vários progressos nos últimos anos.

“O GIEM, através de estudos teóricos e de ensaios de comportamento mecânico no Laboratório de Experimentação em Estruturas, vem conseguindo dar confiabilidade ao produto e aumentar a qualidade final das estruturas em madeira laminada colada”, diz o pesquisador. Hoje a indústria faz um trabalho de classificação das tábuas por faixa de resistência, antes da montagem das vigas e pilares. “Colocando as mais resistentes nas partes externas, a qualidade aumenta”, explica. A técnica da construção dos entalhes múltiplos, usados para unir uma tábua de madeira à outra, também evoluiu. Os nós maiores são retirados e as tábuas são unidas longitudinalmente coladas umas às outras, permitindo que se construam vigas de grandes comprimentos. Isso resulta em uma
das principais vantagens desse tipo de laminado – a versatilidade de formatos.

Vantagens

Além de ser um material mais flexível, respondendo melhor a impactos como o de terremotos, a madeira laminada colada é mais resistente a incêndios. Isso acontece porque a parte periférica da estrutura queima criando uma camada de carvão que serve de barreira para a penetração do oxigênio no miolo da peça e conseqüentemente a propagação do fogo vai diminuindo até cessar. O núcleo da estrutura que não é queimado é capaz de resistir mecanicamente por muito tempo.

No Brasil ainda não há edifícios em madeira laminada colada. Nos Estados Unidos, países da Europa e Japão a técnica é usada em prédios de até seis andares. Ao contrário do Brasil,
nesses países as seguradoras cobram menos pelos seguros de edifícios em madeira laminada colada por levarem em conta essas vantagens. A madeira é inflamável e o aço não
inflamável, no entanto, a madeira resiste mecanicamente bem mais tempo que o aço quando submetida ao fogo.

Outra vantagem da madeira laminada colada está na construção de grandes vão cobertos. Até o momento, no Brasil o mercado está usando o laminado colado como elemento estrutural em vigas e pilares, mas ainda em obras de pequeno porte, quando
a maior vantagem da madeira laminada colada está na cobertura de grandes vãos.

Não é só isso. “As vigas em madeira laminada são ideais para a cobertura em meios agressivos, como no caso de piscinas, pois são inertes à corrosão química provocada
pelos gases liberados pelos produtos empregados no tratamento da água da piscina”, explica Szücs. De acordo com o professor, mesmo que essa madeira devidamente tratada saia um pouco mais cara que outros materiais, ao longo do tempo compensa pelo baixo custo de manutenção.

Szücs acredita que na UFSC a pesquisa nesse campo atingiu a maturidade. Para ele, a aplicação da madeira tem um potencial enorme e será destaque na construção civil. “A madeira ganhará competitividade, não só pela redução dos custos de produção, mas pela necessidade de preservar o meio ambiente”. Uma das medidas da evolução das pesquisas é o aumento das publicações. Desde que terminou o seu doutorado na França, em 1991, o professor participou do desenvolvimento de mais de 60 trabalhos na área das madeiras.

No Brasil, três empresas trabalham com a madeira laminada colada. Em Santa Catarina, a empresa Battistella, de Lages, tem uma parceria com a UFSC desde 1993 e é a única que produz o laminado colado.(Agência UFSC)

Site do Grupo Interdisciplinar de Estudos da Madeira http://giem.ecv.ufsc.br/

Fonte: Ambientebrasil

21/out/03

Fonte:

Neuvoo Jooble