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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Floresta Estadual do Antimary colhe os primeiros frutos do manejo.
Preservando área de 77 mil hectares, projeto convence população e madeireiros de que a produção sustentável é o melhor caminho.
A Floresta Estadual do Antimary encerra o ano de 2003 com um saldo positivo para a economia do Estado e para todos que trabalharam nos quinze anos de história do primeiro projeto de manejo de madeira do país. É que neste mês de outubro, os moradores do projeto estão colhendo os últimos lotes de madeira manejada de uma área de 2,5 mil hectares, licenciadas para a primeira etapa do cronograma de exploração racional da floresta.
Até agora foram retiradas do Antimary, 18 mil m3 de toras, apenas nesses primeiros três talhões licenciados. De acordo com os técnicos da Secretaria de Floresta, essa área explorada permanece com as mesmas características naturais e o retorno financeiro superou as expectativas.
A área total da floresta do Antimary é de 77 mil ha e estima-se que o seu potencial de produção seja superior a 500 mil m3 de madeira nas próximas três décadas. Tudo isso sem destruir as matas nativas, sem dizimar as espécies animais (que têm seu habitat natural ali) e sem expulsar as famílias de seringueiros e ribeirinhos que vivem há décadas na área. Toda a madeira estocada receberá beneficiamento no próprio Estado antes de ser exportada. Isso movimenta a economia local e gera empregos também na cidade.
A satisfação com os resultados do projeto está nos olhos de todos que atuam na floresta do Antimary, desde os nativos, aos trabalhadores e empresários. O pátio das empresas, que atuam em sistema de consórcio no projeto, está lotado de toras de madeira. São toras de 36 espécies entre madeiras nobres e também alternativas. Quem passa no Km 50 da BR-364, no sentido Rio Branco - Sena Madureira, não deixa de se impressionar com o volume de madeira às margens da estrada. Talvez nem imaginem que as toras foram retiradas sem desmatar grandes áreas da floresta.
“É uma vitória para nós que estamos aqui dentro do projeto trabalhando desde o início do ano. Agora estamos vendo o resultado de todo o nosso trabalho. É muito gratificante, principalmente, porque conseguimos provar para os que duvidaram, que é possível produzir nesse sistema”, emociona-se Antônio Dourado, técnico florestal da Funtac, coordenador de área do projeto Antimary desde 1990.
Manejo reduz os desperdícios e aumenta a produtividade
O empresário Braz Martins, dono de uma das três empresas que atuam no projeto, é um dos que está mais surpreso com os resultados obtidos no Antimary. Atuando na área de madeira há vinte anos, ele conta que os ganhos com o sistema de manejo são visíveis em todas as etapas de execução. “Antes para fazer metade do que foi feito aqui nesse lote a gente gastava muito mais tempo e gastava o triplo de combustível”, compara o empresário, com relação ao gasto de combustível utilizado na retirada das toras pelo trator skider.
A surpresa do empresário se deve ao fato de que para se retirar os chamados indivíduos adultos (árvores) em cada lote de 100 ha, é realizada uma vasta pesquisa de catalogação através de GPS e trabalho de campo para se definir todas as etapas do processo de extração da madeira de forma a reduzir os impactos e baixar ao máximo o custo na operação de derrubada e retirada das toras. “Antes, quando a gente trabalhava no sistema predatório, a gente entrava de qualquer jeito na área sem conhecer nada e na maioria das vezes a gente acabava perdendo muito tempo para retirar a árvore e levá-la para a estrada, além do grande consumo de combustível do trator”, lembra Braz.
Atividade madeireira sustentável gera mais empregos que pecuária
Um exemplo concreto do potencial madeireiro da região é citado pelo Gerente de Manejo Florestal da Secretaria de Floresta, Marcelo Arguelles. Segundo ele, de um dos lotes de 100 ha explorados este ano foram identificadas 2,3 mil árvores. Desse total, foram retiradas pouco mais de 10% (289 árvores) e os resultados financeiros já são bastante satisfatórios. “Isso gera uma rentabilidade muito grande para a comunidade e para a economia do Estado. E o que é mais importante, essas riquezas são geradas sem destruir completamente a área verde, como era feito no sistema tradicional predatório”, explica ele.
De acordo com o engenheiro florestal, o principal objetivo do sistema de produção em florestas estaduais é democratizar a utilização dos recursos naturais. Marcelo Arguelles explica que, antes as áreas privadas exploradas geravam benefícios apenas para os proprietários. No sistema de florestas públicas, as empresas são selecionadas, trabalham em sistema de consórcios e pagam para o Estado pela utilização da área, obedecendo os critérios determinados pelos técnicos do governo que coordenam o projeto. Dessa forma o governo arrecada recursos para investir em qualidade de vida das populações locais e incentivar o desenvolvimento econômico dessas populações sem retirá-las de seus locais de origem.
As famílias que moram nas primeiras áreas exploradas da Floresta do Antimary receberam por cada árvore retirada da floresta um valor relativo determinado pelo projeto de criação da floresta estadual. De acordo com os técnicos, em média cada família recebeu 10 mil reais. Além disso, os moradores também dispõem de postos de saúde, escolas, uma serraria coletiva, beneficiamento de ramais, assistência técnica e formação profissional.
Jailson Lima de Castro é um dos moradores da Floresta do Antimary que trabalha há 5 anos na retirada de madeira pelo sistema de manejo. Ele recebeu treinamento para uso de moto-serra e hoje é um dos melhores operadores do projeto. “Estou satisfeito em trabalhar aqui. tenho aprendido muito e gosto de participar de um trabalho onde o que a gente produz não acaba com todas as árvores. Isso vai permanecer aqui para os nosso filhos e netos, para que eles possam conhecer também as riquezas que nós tivemos”. Todos os moradores do projeto também desenvolvem as atividades de extrativismo, como da borracha e da castanha. Além disso, eles têm pequenas plantações e algumas cabeças de gado para consumo doméstico.
Além das atividades madeireiras, o projeto Antimary compreende uma série de outras ações nas áreas, por exemplo, de turismo científico e pesquisa. O objetivo é atrair mais pessoas para realizar estudos no projeto e vai fazer aumentar a circulação de capital na área através do surgimento de descobertas e produtos científicos. Isso irá criar novas oportunidades de trabalho para o moradores da floresta. O objetivo do governo é incentivar a produção de produtos artesanais pelas comunidades a partir de sobras de madeira e gerar renda com a produção local.
O projeto também irá construir casas novas para os moradores mais antigos, as casas serão construídas no modelo de unidade desenvolvido pela Funtac com madeiras alternativas que apresentam qualidade aprovada e boa durabilidade.
Reunião na Funtac avalia projetos de manejo sustentável
As principais instituições ligadas ao manejo florestal no Acre estiveram reunidas na tarde de ontem para uma avaliação dos resultados obtidos até o momento com as áreas manejadas em todo o estado, com destaque para a Floresta Estadual do Antimary. O encontro aconteceu na sala de reuniões da Funtac e reuniu entidades como a S.O.S Amazônia, o Conselho Nacional dos Seringueiros, a Fieac, o Centro dos Trabalhadores da Amazônia e a própria Funtac.
De acordo com o secretário estadual de florestas, Carlos Rezende, os projetos de manejo sustentável do governo apresentam um baixo impacto sobre a natureza, além de trazer um incremento para a economia de diversas comunidades. Dentre os principais resultados apresentados na reunião de ontem, destaca-se a exploração de 2.500 hectares de floresta sob manejo florestal, com a perspectiva de que mais 1.500 hectares sejam explorados no próximo ano; um modelo definido para estudos de políticas públicas para o setor florestal e definição de modelos de concessões; a geração de diversas informações e estudos sobre floresta tropical; a melhoria de acessos, com mais de 80 quilômetros de manutenção e abertura de ramais, entre outros benefícios.
Há mais de dez anos que a Funtac vem investindo na reserva do Antimary. A área já é habitada por 383 pessoas, distribuídas em 109 famílias. A atividade econômica no Antimary gira em torno de alguns produtos extrativistas como a borracha e a castanha, além da produção agrícola de grãos.
A população local é beneficiada com 4 postos de saúde, três escolas, transporte de barcos, médicos, dentistas, campanhas de vacinação, controle de câncer de útero e leshimaniose.
Segundo Carlos Rezende, a Floresta Estadual do Antimary é um modelo de desenvolvimento sócio-econômico baseado na administração dos recursos florestais voltado tanto para a exploração madeireira de impacto reduzido como também para o manejo dos produtos não madeireiros, como o óleo de copaíba e as sementes florestais.
Fonte: Página 20
09/out/03
A Floresta Estadual do Antimary encerra o ano de 2003 com um saldo positivo para a economia do Estado e para todos que trabalharam nos quinze anos de história do primeiro projeto de manejo de madeira do país. É que neste mês de outubro, os moradores do projeto estão colhendo os últimos lotes de madeira manejada de uma área de 2,5 mil hectares, licenciadas para a primeira etapa do cronograma de exploração racional da floresta.
Até agora foram retiradas do Antimary, 18 mil m3 de toras, apenas nesses primeiros três talhões licenciados. De acordo com os técnicos da Secretaria de Floresta, essa área explorada permanece com as mesmas características naturais e o retorno financeiro superou as expectativas.
A área total da floresta do Antimary é de 77 mil ha e estima-se que o seu potencial de produção seja superior a 500 mil m3 de madeira nas próximas três décadas. Tudo isso sem destruir as matas nativas, sem dizimar as espécies animais (que têm seu habitat natural ali) e sem expulsar as famílias de seringueiros e ribeirinhos que vivem há décadas na área. Toda a madeira estocada receberá beneficiamento no próprio Estado antes de ser exportada. Isso movimenta a economia local e gera empregos também na cidade.
A satisfação com os resultados do projeto está nos olhos de todos que atuam na floresta do Antimary, desde os nativos, aos trabalhadores e empresários. O pátio das empresas, que atuam em sistema de consórcio no projeto, está lotado de toras de madeira. São toras de 36 espécies entre madeiras nobres e também alternativas. Quem passa no Km 50 da BR-364, no sentido Rio Branco - Sena Madureira, não deixa de se impressionar com o volume de madeira às margens da estrada. Talvez nem imaginem que as toras foram retiradas sem desmatar grandes áreas da floresta.
“É uma vitória para nós que estamos aqui dentro do projeto trabalhando desde o início do ano. Agora estamos vendo o resultado de todo o nosso trabalho. É muito gratificante, principalmente, porque conseguimos provar para os que duvidaram, que é possível produzir nesse sistema”, emociona-se Antônio Dourado, técnico florestal da Funtac, coordenador de área do projeto Antimary desde 1990.
Manejo reduz os desperdícios e aumenta a produtividade
O empresário Braz Martins, dono de uma das três empresas que atuam no projeto, é um dos que está mais surpreso com os resultados obtidos no Antimary. Atuando na área de madeira há vinte anos, ele conta que os ganhos com o sistema de manejo são visíveis em todas as etapas de execução. “Antes para fazer metade do que foi feito aqui nesse lote a gente gastava muito mais tempo e gastava o triplo de combustível”, compara o empresário, com relação ao gasto de combustível utilizado na retirada das toras pelo trator skider.
A surpresa do empresário se deve ao fato de que para se retirar os chamados indivíduos adultos (árvores) em cada lote de 100 ha, é realizada uma vasta pesquisa de catalogação através de GPS e trabalho de campo para se definir todas as etapas do processo de extração da madeira de forma a reduzir os impactos e baixar ao máximo o custo na operação de derrubada e retirada das toras. “Antes, quando a gente trabalhava no sistema predatório, a gente entrava de qualquer jeito na área sem conhecer nada e na maioria das vezes a gente acabava perdendo muito tempo para retirar a árvore e levá-la para a estrada, além do grande consumo de combustível do trator”, lembra Braz.
Atividade madeireira sustentável gera mais empregos que pecuária
Um exemplo concreto do potencial madeireiro da região é citado pelo Gerente de Manejo Florestal da Secretaria de Floresta, Marcelo Arguelles. Segundo ele, de um dos lotes de 100 ha explorados este ano foram identificadas 2,3 mil árvores. Desse total, foram retiradas pouco mais de 10% (289 árvores) e os resultados financeiros já são bastante satisfatórios. “Isso gera uma rentabilidade muito grande para a comunidade e para a economia do Estado. E o que é mais importante, essas riquezas são geradas sem destruir completamente a área verde, como era feito no sistema tradicional predatório”, explica ele.
De acordo com o engenheiro florestal, o principal objetivo do sistema de produção em florestas estaduais é democratizar a utilização dos recursos naturais. Marcelo Arguelles explica que, antes as áreas privadas exploradas geravam benefícios apenas para os proprietários. No sistema de florestas públicas, as empresas são selecionadas, trabalham em sistema de consórcios e pagam para o Estado pela utilização da área, obedecendo os critérios determinados pelos técnicos do governo que coordenam o projeto. Dessa forma o governo arrecada recursos para investir em qualidade de vida das populações locais e incentivar o desenvolvimento econômico dessas populações sem retirá-las de seus locais de origem.
As famílias que moram nas primeiras áreas exploradas da Floresta do Antimary receberam por cada árvore retirada da floresta um valor relativo determinado pelo projeto de criação da floresta estadual. De acordo com os técnicos, em média cada família recebeu 10 mil reais. Além disso, os moradores também dispõem de postos de saúde, escolas, uma serraria coletiva, beneficiamento de ramais, assistência técnica e formação profissional.
Jailson Lima de Castro é um dos moradores da Floresta do Antimary que trabalha há 5 anos na retirada de madeira pelo sistema de manejo. Ele recebeu treinamento para uso de moto-serra e hoje é um dos melhores operadores do projeto. “Estou satisfeito em trabalhar aqui. tenho aprendido muito e gosto de participar de um trabalho onde o que a gente produz não acaba com todas as árvores. Isso vai permanecer aqui para os nosso filhos e netos, para que eles possam conhecer também as riquezas que nós tivemos”. Todos os moradores do projeto também desenvolvem as atividades de extrativismo, como da borracha e da castanha. Além disso, eles têm pequenas plantações e algumas cabeças de gado para consumo doméstico.
Além das atividades madeireiras, o projeto Antimary compreende uma série de outras ações nas áreas, por exemplo, de turismo científico e pesquisa. O objetivo é atrair mais pessoas para realizar estudos no projeto e vai fazer aumentar a circulação de capital na área através do surgimento de descobertas e produtos científicos. Isso irá criar novas oportunidades de trabalho para o moradores da floresta. O objetivo do governo é incentivar a produção de produtos artesanais pelas comunidades a partir de sobras de madeira e gerar renda com a produção local.
O projeto também irá construir casas novas para os moradores mais antigos, as casas serão construídas no modelo de unidade desenvolvido pela Funtac com madeiras alternativas que apresentam qualidade aprovada e boa durabilidade.
Reunião na Funtac avalia projetos de manejo sustentável
As principais instituições ligadas ao manejo florestal no Acre estiveram reunidas na tarde de ontem para uma avaliação dos resultados obtidos até o momento com as áreas manejadas em todo o estado, com destaque para a Floresta Estadual do Antimary. O encontro aconteceu na sala de reuniões da Funtac e reuniu entidades como a S.O.S Amazônia, o Conselho Nacional dos Seringueiros, a Fieac, o Centro dos Trabalhadores da Amazônia e a própria Funtac.
De acordo com o secretário estadual de florestas, Carlos Rezende, os projetos de manejo sustentável do governo apresentam um baixo impacto sobre a natureza, além de trazer um incremento para a economia de diversas comunidades. Dentre os principais resultados apresentados na reunião de ontem, destaca-se a exploração de 2.500 hectares de floresta sob manejo florestal, com a perspectiva de que mais 1.500 hectares sejam explorados no próximo ano; um modelo definido para estudos de políticas públicas para o setor florestal e definição de modelos de concessões; a geração de diversas informações e estudos sobre floresta tropical; a melhoria de acessos, com mais de 80 quilômetros de manutenção e abertura de ramais, entre outros benefícios.
Há mais de dez anos que a Funtac vem investindo na reserva do Antimary. A área já é habitada por 383 pessoas, distribuídas em 109 famílias. A atividade econômica no Antimary gira em torno de alguns produtos extrativistas como a borracha e a castanha, além da produção agrícola de grãos.
A população local é beneficiada com 4 postos de saúde, três escolas, transporte de barcos, médicos, dentistas, campanhas de vacinação, controle de câncer de útero e leshimaniose.
Segundo Carlos Rezende, a Floresta Estadual do Antimary é um modelo de desenvolvimento sócio-econômico baseado na administração dos recursos florestais voltado tanto para a exploração madeireira de impacto reduzido como também para o manejo dos produtos não madeireiros, como o óleo de copaíba e as sementes florestais.
Fonte: Página 20
09/out/03
Fonte:
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