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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Manejo florestal garante lucros a madeireira
O Acre que já teve mais de 200 serrarias funcionando na década de 80 viu sua indústria madeireira reduzir-se para cerca de vinte empresas em funcionamento. A maioria faliu frente à multas e interdições sofridas por teimar em bater de frente com os órgãos ambientais, insistindo nos métodos tradicionais de extração, enquanto oito, das atuais, trabalham obedecendo as regras do manejo florestal.

A Ouro Branco Madeiras Ltda que se instalou no município de Capixaba, a 62 quilômetros de Rio Branco, é um exemplo prático de que o manejo florestal torna possível aproveitar os recursos madeireiros sem destruir nossas florestas. Serrando uma média de 60 metros cúbicos de madeira por dia, ela exporta assoalhos para a Europa, Estados Unidos e para a África do Sul, mas tem como maior comprador a China.

Em oito anos, esta madeireira que tem 150 funcionários na serraria onde além das madeiras para exportação, produz carvão com as sobras, aparas maiores são vendidas como lenha para as cerâmicas e até o pó de serra é transformado em combustível para as caldeiras das estufas de secagem das peças. Fora da fábrica está a floresta onde trabalham outras 50 pessoas em serviços que vão de mateiros que localizam as árvores, serradores que as derrubam e caminhoneiros para transportá-las.

Nessa grande equipe estão incluídos os técnicos e engenheiros que realizam os inventários florestais e a localização de cada tora dentro da floresta, para que só sejam retiradas as árvores prontas para consumo, sem que isso ameace dizimar a espécie. A empresa utiliza toda espécie de madeira dura, especialmente o cumaru, o ipê e jatobá.

Manejo é possível e prático

Logo que foi criada, a Ouro Branco iniciou suas atividades aproveitando a madeira que era retirada das derrubadas autorizadas pelo Ibama. "Este é um trabalho pioneiro, então não havia muitos exemplos para a gente ver, tudo era teoria. Então, com boa vontade nós fomos estudando cada caso e desenvolvendo técnicas para cumprir as exigências. Ainda estamos aprendendo no dia-a-dia", afirmou Júlio Yoshihara que é sócio gerente administrativo da empresa.

A experiência do trabalho nas derrubadas garantiu tecnologia para que começassem a explorar as áreas de reserva florestal das propriedades. "Legalmente os desmates atingem, no máximo, 20% da área das propriedades na Amazônia. Já as áreas de reserva formam os outros 80%, mas sua exploração tem regras ainda mais rígidas. Nós decidimos obedecê-las rigorosamente, isto porque qualquer retorno à área para refazer um levantamento ou projeto demanda em perda de tempo e dinheiro, além da desconfiança do Ibama, trabalhar certo é mais seguro e a gente não leva susto".
Hoje a madeireira tem seis projetos de manejo aprovados pelo Ibama, mas para trabalhar foi preciso aprender a atender os caprichos da burocracia. Segundo Júlio, desde o momento em que um fazendeiro os procura com o interesse de explorar econômica e racionalmente a reserva florestal de sua propriedade de modo sustentável, até a hora em que esse projeto recebe a aprovação para que os serviços sejam iniciados, leva uma média de dois anos.

Construindo florestas

O manejo dispensa a necessidade de reflorestamento, pois garante a reposição natural, mesmo assim a empresa decidiu investir no plantio de mais de cem mil pés de teca, pinho cuiabano e mogno, dentre várias outras espécies madeireiras de interesse comercial. "Todo este trabalho vale a pena, pois nosso objetivo não é fazer uma exploração extrativa que dure cinco ou dez anos, mas garantir um sistema através do qual daqui a 50 anos ainda possamos estar trabalhando e produzindo lucros com esta atividade no Acre", afirmou Júlio.

Dominada a tecnologia de manejo florestal, a empresa agora luta para conseguir seu selo verde que garantirá a certificação de origem de floresta manejada para toda madeira trabalhada na Ouro Branco. No mercado comum Europeu isso chega a valorizar em até 25% a matéria-prima vendida. O que proporcinará um aumento substâncial nos lucros da empresa.

Fábrica é semelhante as convencionais

Embora trabalhe com madeira de florestas manejadas de modo ecologicamente correto, o funcionamento geral da serraria é muito semelhante ao de qualquer outra empresa convencional do ramo, exceto pelo aproveitamento de cada fagulha de madeira. "Mesmo para nós que vivemos na Amazônia, a madeira tornou-se uma matéria-prima bastante cara, pois exige muitos cuidados desde a derrubada na mata até estar pronta para ser exportada, mas no geral os equipamentos e o modo de funcionamento são comuns. Nossa preocupação esteve em treinar bem nosso pessoal para fazer o melhor aproveitamento possível do material, trabalhar com agilidade e evitar acidentes", explicou o sócio gerente de produção da empresa, Onório Yoshihara.

Enquanto numa empresa convencional a perda de madeira ao serrar uma tora está na média de 40%, na Ouro Branco os 30% mais sobras são preparados para a exportação e outros 30% para o mercado interno, e os 30% restantes são aproveitados na forma de carvão ou se transformam em combustível para fornalhas das cerâmicas ou caldeiras da própria serraria.

Fonte: Gazeta

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