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Notícias
16
out
2006
(GERAL)
Indústria no Brasil cresce até 7 vezes menos que a de outros emergentes
Expansão no País foi de 2,2% nos últimos 12 meses, enquanto na China, por exemplo, o avanço atingiu 17%
A indústria de países emergentes cresce a taxas até sete vezes superiores à do Brasil. Enquanto o crescimento da produção industrial do País acumula alta de 2,2% nos 12 meses encerrados em julho, um grupo de economias em desenvolvimento registra altas na produção que vão de 4,5% a 17%, este último, o caso da China. Embora o setor esteja avançando mais no governo Luiz Inácio Lula da Silva do que nos dois mandatos anteriores, aumenta a distância que separa o desempenho nacional com relação a países com os quais compete diretamente.
Os dados constam de um levantamento feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a pedido do Estado. Em alguns casos, o fosso que separa o avanço brasileiro em relação a outros países é ainda maior na produção industrial do que na expansão do Produto Interno Bruto (PIB). É o que ocorre, por exemplo, na comparação com China e Coréia do Sul, conforme a consultoria Austin Rating. Na prática, a indústria do País evolui no mesmo ritmo de economias maduras da zona do euro.
'Temos um crescimento da indústria muito abaixo dos países que são nossos concorrentes. Isso se deve principalmente às condições internas da economia brasileira e não pelo quadro internacional', diz o economista-chefe do Iedi, Edgard Pereira. Simplificando, o mundo cresce, mas a indústria nacional anda com o freio de mão puxado.
Pereira explica que o cenário externo favorável aumentou a demanda internacional e elevou os preços das commodities. O resultado disso é que o setor exportador brasileiro ligado a recursos naturais foi muito bem nos últimos anos. Mas a combinação de juros ainda altos e real forte, mais recentemente, já reduz o ímpeto exportador e não deslancha a economia. Para ele, o consumo veio apenas a reboque de 'medidas tópicas', como crédito consignado, transferências de renda e aumento do salário mínimo.
Dentro do que chama da 'anatomia do baixo crescimento', ele destaca a insuficiência de investimentos para uma expansão sustentada da economia. Pereira argumenta que medidas de consumo de 'fôlego curto' não asseguram um avanço consistente. 'Isso não é um quadro que dá segurança a uma taxa de crescimento maior da economia para o futuro, capaz de mobilizar os esforços de investimento.' Em países como a China é justamente o investimento que comanda o crescimento.
O coordenador do grupo de indústria do Instituto de Economia da UFRJ, David Kupfer, tem visão semelhante. 'Acho que não se vai conseguir escapar desses níveis muito tímidos de crescimento enquanto o investimento não voltar e a taxa de câmbio não rumar para um nível mais favorável.' Kupfer explica que mesmo as exportações, que perdem fôlego em quantidade, respondem por menos de 20% da produção brasileira e, por isso, não teriam peso para puxar toda a produção física do País.
Mesmo a redução de juros, seja da taxa Selic (que baliza a remuneração dos títulos do governo) ou da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, que norteia os financiamentos às empresas), apesar de claramente positiva, avalia o economista do Iedi, é pouco eficaz. 'A política monetária funciona como um elástico, mas não empurra.' Em outras palavras: quando fica rígida, breca a economia; mas quando se torna flexível não surte impacto imediato. Além disso, novos investimentos não dependem apenas dos juros, mas da perspectiva de crescimento.
Enquanto isso, a defasagem em relação a outras economias aumenta. O presidente da Embraco e do Conselho Empresarial Brasil-China, Ernesto Heinzelmann, cita que a previsão de crescimento industrial para o país asiático este ano estava em 16% e aproxima-se dos 20%. De forma geral, no Brasil, as expectativas para o crescimento da produção este ano variam entre 3% e 3,5%. Ele cita que há 20 anos as economias coreana e brasileira tinham indicadores semelhantes e desde então a Coréia se distanciou do Brasil.
'O risco é o ciclo se repetir e repetir. Agora, é a China, logo será a Índia, depois a Tailândia, porque não estamos acompanhando a dinâmica do mercado internacional e o que se exige de uma nação', diz Heinzelmann. Ainda assim, segundo o Iedi, o crescimento da produção desde 2003 vem superando os crescimentos de períodos anteriores, como nos anos 90, marcados por crises internacionais.
O levantamento mostra que nos três primeiros anos do governo Lula a expansão tem sido de 3,8% ao ano na produção, enquanto no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995/1998) foi de 1,4% e no segundo (1999/2002), de 2,5%.
A indústria de países emergentes cresce a taxas até sete vezes superiores à do Brasil. Enquanto o crescimento da produção industrial do País acumula alta de 2,2% nos 12 meses encerrados em julho, um grupo de economias em desenvolvimento registra altas na produção que vão de 4,5% a 17%, este último, o caso da China. Embora o setor esteja avançando mais no governo Luiz Inácio Lula da Silva do que nos dois mandatos anteriores, aumenta a distância que separa o desempenho nacional com relação a países com os quais compete diretamente.
Os dados constam de um levantamento feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a pedido do Estado. Em alguns casos, o fosso que separa o avanço brasileiro em relação a outros países é ainda maior na produção industrial do que na expansão do Produto Interno Bruto (PIB). É o que ocorre, por exemplo, na comparação com China e Coréia do Sul, conforme a consultoria Austin Rating. Na prática, a indústria do País evolui no mesmo ritmo de economias maduras da zona do euro.
'Temos um crescimento da indústria muito abaixo dos países que são nossos concorrentes. Isso se deve principalmente às condições internas da economia brasileira e não pelo quadro internacional', diz o economista-chefe do Iedi, Edgard Pereira. Simplificando, o mundo cresce, mas a indústria nacional anda com o freio de mão puxado.
Pereira explica que o cenário externo favorável aumentou a demanda internacional e elevou os preços das commodities. O resultado disso é que o setor exportador brasileiro ligado a recursos naturais foi muito bem nos últimos anos. Mas a combinação de juros ainda altos e real forte, mais recentemente, já reduz o ímpeto exportador e não deslancha a economia. Para ele, o consumo veio apenas a reboque de 'medidas tópicas', como crédito consignado, transferências de renda e aumento do salário mínimo.
Dentro do que chama da 'anatomia do baixo crescimento', ele destaca a insuficiência de investimentos para uma expansão sustentada da economia. Pereira argumenta que medidas de consumo de 'fôlego curto' não asseguram um avanço consistente. 'Isso não é um quadro que dá segurança a uma taxa de crescimento maior da economia para o futuro, capaz de mobilizar os esforços de investimento.' Em países como a China é justamente o investimento que comanda o crescimento.
O coordenador do grupo de indústria do Instituto de Economia da UFRJ, David Kupfer, tem visão semelhante. 'Acho que não se vai conseguir escapar desses níveis muito tímidos de crescimento enquanto o investimento não voltar e a taxa de câmbio não rumar para um nível mais favorável.' Kupfer explica que mesmo as exportações, que perdem fôlego em quantidade, respondem por menos de 20% da produção brasileira e, por isso, não teriam peso para puxar toda a produção física do País.
Mesmo a redução de juros, seja da taxa Selic (que baliza a remuneração dos títulos do governo) ou da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, que norteia os financiamentos às empresas), apesar de claramente positiva, avalia o economista do Iedi, é pouco eficaz. 'A política monetária funciona como um elástico, mas não empurra.' Em outras palavras: quando fica rígida, breca a economia; mas quando se torna flexível não surte impacto imediato. Além disso, novos investimentos não dependem apenas dos juros, mas da perspectiva de crescimento.
Enquanto isso, a defasagem em relação a outras economias aumenta. O presidente da Embraco e do Conselho Empresarial Brasil-China, Ernesto Heinzelmann, cita que a previsão de crescimento industrial para o país asiático este ano estava em 16% e aproxima-se dos 20%. De forma geral, no Brasil, as expectativas para o crescimento da produção este ano variam entre 3% e 3,5%. Ele cita que há 20 anos as economias coreana e brasileira tinham indicadores semelhantes e desde então a Coréia se distanciou do Brasil.
'O risco é o ciclo se repetir e repetir. Agora, é a China, logo será a Índia, depois a Tailândia, porque não estamos acompanhando a dinâmica do mercado internacional e o que se exige de uma nação', diz Heinzelmann. Ainda assim, segundo o Iedi, o crescimento da produção desde 2003 vem superando os crescimentos de períodos anteriores, como nos anos 90, marcados por crises internacionais.
O levantamento mostra que nos três primeiros anos do governo Lula a expansão tem sido de 3,8% ao ano na produção, enquanto no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995/1998) foi de 1,4% e no segundo (1999/2002), de 2,5%.
Fonte: Nilson Brandão Junior/Estadão
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