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(GERAL)
Produção industrial cai 0,3% em março e cresce 1,2% no 1º trimestre
A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE mostra que, na passagem de fevereiro para março, o indicador de atividade industrial ajustado sazonalmente teve variação negativa de -0,3%, após crescimento de 1,2% no mês anterior. Em relação a março de 2005, o crescimento foi de 5,2%. O acumulado nos últimos 12 meses, ao registrar 3,3%, interrompe a trajetória de queda observada ao longo do ano passado. A produção industrial brasileira fechou o primeiro trimestre de 2006 com expansão de 4,6% frente a igual período do ano anterior. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o acréscimo foi de 1,2%, confirmando o movimento de recuperação iniciado no fim de 2005.

O recuo de 0,3% de fevereiro para março atingiu 17 das 23 atividades que têm séries mensais ajustadas. As quedas mais significativas ocorreram nos ramos de farmacêutica (-14,3%), bebidas (-5,5%), veículos automotores (-1,7%) e outros equipamentos de transportes (-8,2%). Os quatro ramos vinham com crescimento no mês anterior de, respectivamente 24,5%, 3,3%, 4,7% e 3,5%.

Por outro lado, as principais pressões positivas vieram de material eletrônico e equipamentos de comunicações (4,8%), celulose e papel (1,9%) e alimentos (0,6%).

No corte por categorias de uso, o melhor resultado foi o de bens intermediários (0,2%), único segmento com desempenho positivo. No setor de bens de capital, a queda foi de -2,2%, mas foram os bens de consumo que ostentaram taxas mais negativas entre fevereiro e março: bens de consumo semi e não-duráveis (-3,3%) e bens de consumo duráveis (-5,1%).

A média móvel trimestral, que mostrou trajetória crescente no início do ano, registrou em março virtual estabilidade, com variação de -0,2% frente a fevereiro. No corte por categorias de uso, bens intermediários foi a única que permaneceu estável (0,0%), enquanto as demais caíram em março: bens de capital (-2,1%), bens de consumo duráveis (-1,2%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-0,7%).

Em relação a março de 2005, a produção industrial cresceu 5,2%, mantendo uma seqüência de seis meses de taxas positivas nessa comparação. Dos 27 ramos pesquisados, 21 tiveram aumento de produção, sendo que os maiores impactos positivos, por ordem de importância, vieram de material eletrônico e equipamentos de comunicações (24,0%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (70,0%) e indústria extrativa (13,0%). Nessas atividades, os itens que mais se destacaram foram, respectivamente, telefones celulares e televisores; computadores e monitores; e minérios de ferro e petróleo. Entre as categorias de uso, o segmento de bens de consumo duráveis obteve a taxa mais elevada (11,4%). A produção de bens de capital cresceu 10,1% em relação a março de 2005, seguida por bens de consumo semi e não-duráveis (6,1%). Bens intermediários (3,1%) registraram a única taxa abaixo da média geral.

Em bases trimestrais, houve aceleração no crescimento da atividade industrial na passagem do último trimestre de 2005 (1,3%) para o primeiro de 2006 (4,6%), ambas as comparações contra igual período do ano anterior. Todas as categorias de uso registram ganho de ritmo, com destaque para bens intermediários, que passou de –0,2% no período outubro-dezembro para 2,8% no trimestre seguinte.

O crescimento de 4,6% no primeiro trimestre, em relação ao primeiro trimestre de 2005, atingiu 19 dos 27 segmentos pesquisados. A indústria extrativa (13,2%) manteve o maior impacto sobre o índice geral, com destaque para a produção de minérios de ferro e petróleo. Outros impactos positivos relevantes vieram de máquinas para escritório e equipamentos de informática (67,4%) - refletindo uma maior produção de computadores - e material eletrônico e de comunicações (21,7%) - em razão da expansão na produção de televisores e telefones celulares.

Cabe destacar ainda algumas atividades que cresceram dois dígitos no primeiro trimestre de 2006 em relação ao de 2005: máquinas e aparelhos elétricos (18,4%), farmacêutica (12,2%), fumo (20,4%) e bebidas (10,6%). Por outro lado, dos oito ramos que registraram queda, destacaram-se madeira (-7,1%) e metalurgia básica (-1,6%), este último ainda sofrendo efeitos da paralisação de um alto forno em grande empresa do setor.

No corte por categorias de uso, o indicador acumulado para o primeiro trimestre revela crescimento mais acelerado nos bens de consumo duráveis (14,9%) e em bens de capital (9,2%). No primeiro segmento, além do avanço na produção de automóveis (12,6%), houve também o comportamento positivo na produção de telefones celulares (31,3%) e de eletrodomésticos (13,9%). No setor de bens de capital, cresceram acima da média os seguintes subsetores: bens de capital para energia elétrica (45,2%), para construção (21,4%) e bens de capital de uso misto (17,3%). Embora longe da média, a produção de máquinas e equipamentos para fins industriais (0,4%) também foi positiva. A principal pressão negativa veio de bens de capital agrícolas (-17,5%).

A produção de bens de consumo semi e não-duráveis registrou crescimento de 4,0%, ligeiramente abaixo dos 4,6% para o total da indústria. A área de maior impacto no desempenho da categoria foi a de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (5,3%), com destaque para a produção de cervejas e chopes e de refrigerantes, seguida por outros produtos não duráveis (3,8%), principalmente pelo avanço na produção de revistas e medicamentos. Vale registrar ainda o aumento de 7,5% no subsetor de carburantes, com influência positiva da gasolina. Por outro lado, a única pressão negativa veio do subsetor de semiduráveis (-1,8%), com destaque para os itens tênis de couro e vestidos, exceto de malha.

O segmento de bens intermediários teve o crescimento mais moderado (2,8%) no trimestre, com os subsetores de insumos industriais básicos (16,7%) e combustíveis e lubrificantes básicos (13,9%) bem acima da média, por conta da evolução favorável de minérios de ferro e de petróleo. Vale mencionar o avanço de 0,9% do subsetor de insumos industriais elaborados, onde se concentram os produtos siderúrgicos e a produção de cimento. Em contrapartida, a principal pressão negativa veio de alimentos e bebidas elaborados para indústria (-5,9%), decorrente da queda na produção de derivados da cana-de-açúcar. A produção de embalagens cresceu 1,0% no trimestre, e o setor de insumos da construção civil cresceu 6,9%, sua maior alta nesse tipo de indicador desde o terceiro trimestre de 2004 (11,3%).

Em síntese, a evolução dos índices nos primeiros três meses de 2006 revela um quadro positivo. Na série livre de influências sazonais, a indústria geral cresce pelo segundo trimestre consecutivo, acumulando um incremento de 1,9%, e passa a operar em patamar muito próximo ao de dezembro de 2005 (recorde histórico). Algumas indústrias tipicamente exportadoras, como a extrativa e a de celulose e papel, registraram nos três primeiros meses seus níveis mais elevados de produção.

A comparação contra igual trimestre do ano anterior mostra ampliação no ritmo de crescimento. Na liderança desse indicador estão as indústrias de bens de consumo duráveis (14,9%) e de bens de capital (9,2%), sendo que bens de consumo semi não-duráveis (4,0%) tem acréscimo bem próximo à média industrial. Enquanto os segmentos de bens de consumo vêm se beneficiando da ampliação do crédito, do aumento da massa salarial e da queda nos preços de alimentos, no setor de bens de capital, os destaques são os equipamentos para as áreas de energia elétrica, transporte e construção, além dos produtos ligados à informática. Outro sinal favorável é o fato de a taxa acumulada nos últimos 12 meses apontar em março acréscimo de 3,3% ante os 3,0% registrados até fevereiro, invertendo a tendência de queda que apresentava ao longo de 2005.

Cabe observar ainda que a média móvel trimestral em março, virtualmente estabilizada frente a fevereiro (-0,2%), interrompe uma seqüência de três meses com crescimento, mas sinaliza até aqui uma sustentação do patamar de produção, uma vez que em fevereiro esse indicador atingiu seu nível recorde.

IBGE

Fonte:

Jooble Neuvoo