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(GERAL)
Custos logísticos são muito altos no Brasil
Um estudo lançado em 2005 mostra que a falta de infra-estrutura de transportes em boas condições e o mau gerenciamento de cargas aumentam os custos de logística no Brasil.
Para falar sobre o assunto, a Agência ABCR ouviu Maurício Pimenta Lima, professor do Centro de Estudos em Logística do Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Agência ABCR – Como foi desenvolvido o estudo “Custos logísticos na economia brasileira”?
Maurício Pimenta Lima - O maior incentivo para fazer esse estudo foi o fato de haver pouca informação sobre os custos relacionados com a logística no Brasil. Pela falta de novas análises, acabamos usando informações muito antigas e esses dados nem sempre correspondem ao cenário atual. É importante lembrar que a pesquisa foi feita em 2004, quando o dólar estava valendo quase R$ 3. Hoje, com o dólar a R$ 2,20, o cenário pode ser um pouco alterado.
Agência ABCR – Quais foram os principais resultados?
MPL - Quando se analisa o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, os gastos com logística são muito grandes, se comparados ao tamanho da economia. O estudo mostra que, em 2004, o custo logístico do Brasil representava 12,66% do PIB, enquanto nos Estados Unidos esse mesmo custo é de 8,19%. Quando se transporta muito minério, grãos e bens desse tipo, a infra-estrutura logística passa a ser fundamental.
Outra conclusão dessa pesquisa, que é antagônica em relação à primeira, é a avaliação do custo de transporte em si. Quando se compara o custo de transporte de uma carga por uma determinada distância no Brasil e nos Estados Unidos, o valor não é tão alto quanto se imagina.
No Brasil, podemos considerar que o preço de frete é muito baixo comparado com o de outros países. Entretanto, muitas vezes o transportador paga muito por estar usando o modo de transporte que não é adequado para aquele produto.
Agência ABCR – Com esse cenário, existe uma saída viável para desatar os nós logísticos no Brasil?
MPL - O grande gargalo logístico que percebemos é o de infra-estrutura de transportes e o problema só não é maior porque o modal rodoviário absorve as demandas por ferrovias e hidrovias. Em 2005, tivemos uma quebra de safra, mas, se isso não tivesse ocorrido, provavelmente teríamos muitas complicações no escoamento da produção. Para tentar resolver esses problemas, o Brasil deveria investir em modais alternativos às rodovias. O investimento em hidrovias para o transporte de cargas de baixo valor agregado, por exemplo, facilitaria muito. Também é preciso resolver gargalos pontuais, como o que está acontecendo no Porto de Santos.
O modal rodoviário tem um papel muito importante: ele é sempre a ponta em uma operação de transporte multimodal. As rodovias são o modal adequado para transporte de curta distância e para movimentação de cargas com alto valor agregado, que precisam de um serviço de melhor qualidade. Em termos de disponibilidade, ele é ágil e, quando bem planejado, é pouco propenso a atraso.
Entretanto, não é um modal adequado para transportar um alto volume de carga a uma longa distância, o que deveria ser feito por ferrovias ou hidrovias.
Agência ABCR – Quais regiões são mais prejudicadas pela falta de uma infra-estrutura de transportes adequada?
MPL - Se você der infra-estrutura, a economia se desenvolve por si só. Não faz sentido conceder financiamento a uma determinada região, se não há como tirar a produção de lá. A região Centro-Oeste se desenvolveu bastante nos últimos anos mas, sem dúvida, poderia crescer mais com infra-estrutura adequada. O mesmo acontece com a região Norte, que poderia fazer a ligação do interior do Brasil com o exterior.
Agência ABCR – O investimento privado é um bom caminho para sanar a falta de infra-estrutura em boas condições para o transporte de cargas?
MPL - O investimento privado é bem-vindo e é necessário, mas não é a salvação da lavoura. Por precisar de retorno para seus investimentos, a iniciativa privada acaba focando regiões onde o desenvolvimento já existe, portanto, o investimento público é fundamental para incentivar o crescimento em regiões que ainda não oferecem retorno financeiro.
Agência ABCR – Qual sua opinião sobre a iniciativa do governo de retomar o programa de concessão de rodovias?
MPL - Não há muito a dizer porque ainda não se sabe se as novas concessões vão sair do papel ou não. O interessante nas concessões de rodovias é já haver algum grau de participação da iniciativa privada no setor, mas isso não quer dizer que o governo pode se ausentar completamente da infra-estrutura do país.
Agência ABCR
Para falar sobre o assunto, a Agência ABCR ouviu Maurício Pimenta Lima, professor do Centro de Estudos em Logística do Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Agência ABCR – Como foi desenvolvido o estudo “Custos logísticos na economia brasileira”?
Maurício Pimenta Lima - O maior incentivo para fazer esse estudo foi o fato de haver pouca informação sobre os custos relacionados com a logística no Brasil. Pela falta de novas análises, acabamos usando informações muito antigas e esses dados nem sempre correspondem ao cenário atual. É importante lembrar que a pesquisa foi feita em 2004, quando o dólar estava valendo quase R$ 3. Hoje, com o dólar a R$ 2,20, o cenário pode ser um pouco alterado.
Agência ABCR – Quais foram os principais resultados?
MPL - Quando se analisa o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, os gastos com logística são muito grandes, se comparados ao tamanho da economia. O estudo mostra que, em 2004, o custo logístico do Brasil representava 12,66% do PIB, enquanto nos Estados Unidos esse mesmo custo é de 8,19%. Quando se transporta muito minério, grãos e bens desse tipo, a infra-estrutura logística passa a ser fundamental.
Outra conclusão dessa pesquisa, que é antagônica em relação à primeira, é a avaliação do custo de transporte em si. Quando se compara o custo de transporte de uma carga por uma determinada distância no Brasil e nos Estados Unidos, o valor não é tão alto quanto se imagina.
No Brasil, podemos considerar que o preço de frete é muito baixo comparado com o de outros países. Entretanto, muitas vezes o transportador paga muito por estar usando o modo de transporte que não é adequado para aquele produto.
Agência ABCR – Com esse cenário, existe uma saída viável para desatar os nós logísticos no Brasil?
MPL - O grande gargalo logístico que percebemos é o de infra-estrutura de transportes e o problema só não é maior porque o modal rodoviário absorve as demandas por ferrovias e hidrovias. Em 2005, tivemos uma quebra de safra, mas, se isso não tivesse ocorrido, provavelmente teríamos muitas complicações no escoamento da produção. Para tentar resolver esses problemas, o Brasil deveria investir em modais alternativos às rodovias. O investimento em hidrovias para o transporte de cargas de baixo valor agregado, por exemplo, facilitaria muito. Também é preciso resolver gargalos pontuais, como o que está acontecendo no Porto de Santos.
O modal rodoviário tem um papel muito importante: ele é sempre a ponta em uma operação de transporte multimodal. As rodovias são o modal adequado para transporte de curta distância e para movimentação de cargas com alto valor agregado, que precisam de um serviço de melhor qualidade. Em termos de disponibilidade, ele é ágil e, quando bem planejado, é pouco propenso a atraso.
Entretanto, não é um modal adequado para transportar um alto volume de carga a uma longa distância, o que deveria ser feito por ferrovias ou hidrovias.
Agência ABCR – Quais regiões são mais prejudicadas pela falta de uma infra-estrutura de transportes adequada?
MPL - Se você der infra-estrutura, a economia se desenvolve por si só. Não faz sentido conceder financiamento a uma determinada região, se não há como tirar a produção de lá. A região Centro-Oeste se desenvolveu bastante nos últimos anos mas, sem dúvida, poderia crescer mais com infra-estrutura adequada. O mesmo acontece com a região Norte, que poderia fazer a ligação do interior do Brasil com o exterior.
Agência ABCR – O investimento privado é um bom caminho para sanar a falta de infra-estrutura em boas condições para o transporte de cargas?
MPL - O investimento privado é bem-vindo e é necessário, mas não é a salvação da lavoura. Por precisar de retorno para seus investimentos, a iniciativa privada acaba focando regiões onde o desenvolvimento já existe, portanto, o investimento público é fundamental para incentivar o crescimento em regiões que ainda não oferecem retorno financeiro.
Agência ABCR – Qual sua opinião sobre a iniciativa do governo de retomar o programa de concessão de rodovias?
MPL - Não há muito a dizer porque ainda não se sabe se as novas concessões vão sair do papel ou não. O interessante nas concessões de rodovias é já haver algum grau de participação da iniciativa privada no setor, mas isso não quer dizer que o governo pode se ausentar completamente da infra-estrutura do país.
Agência ABCR
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