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(GERAL)
Celulose gera disputa entre o Brasil e Indonésia
A Indonésia promete se tornar a principal barreira para a celulose brasileira no continente asiático. De acordo com estudo da Hawkins Wright, o custo caixa de produção por tonelada de polpa de fibra curta para os indonésios atinge US$ 239, enquanto para o Brasil fica na casa dos US$ 246. A consultoria NLK prevê que, entre 2007 e 2010, haverá o fechamento de cerca de 4 milhões de toneladas em capacidade de produção de celulose na América do Norte. Nesse cenário, a Indonésia seria um forte concorrente do Brasil na atração dos investimentos que substituirão as plantas norte-americanas e canadenses, que possuem custos de produção de até US$ 490 por tonelada.

Segundo empresas e entidades do setor no Brasil, a maior competitividade do país asiático apóia-se numa política de utilização de florestas naturais e não de replantio e também na ausência de qualidade e tecnologia na produção do insumo. Analistas, entretanto, afirmam que atualmente esse não é o único fator que proporciona maior competitividade à Indonésia.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), o Brasil exportou 600 mil toneladas de celulose aos chineses no ano passado, volume 25% menor que o embarcado em 2004. A Indonésia, por outro lado, enviou à China mais de 860 mil toneladas do insumo em 2005, 43% a mais que os brasileiros.

A Bracelpa explica que a indústria de celulose indonésia possui forte presença de capital chinês, mas reconhece que, devido às facilidades logísticas, o produto da região é forte concorrente para os brasileiros no mercado chinês. No levantamento da entidade, a produção indonésia representa hoje pouco mais de 20% da brasileira, ou seja, 2,4 milhões de toneladas, operando com 75% da capacidade instalada.

O vice-presidente da Stora Enso para a América Latina, Otávio Pontes, não acredita que o baixo custo de produção da celulose na Indonésia possa prejudicar as exportações das empresas brasileiras. “Eu duvido um pouco das estimativas sobre a Indonésia. É um país que está estagnado por falta de matéria-prima, enquanto que o Brasil tem uma ampla base florestal”, destaca. A celulose daquele país é proveniente de matas nativas, enquanto que a produção brasileira é composta por áreas replantadas, nas quais eucaliptos estão prontos para o corte em sete anos, ao contrário de outras bases florestais, que demoram até 30 anos para o corte.

A qualidade do produto também é apontada por Pontes como um diferencial da celulose nacional em relação ao produto da Indonésia. “Nossas árvores são mais homogêneas e possibilitam produtos de melhor qualidade, com melhor coloração”, diz ele. Apesar disso, os produtos nacionais podem perder mercado na China, principalmente para as empresas pequenas da região, que já respondem pelo consumo de grande parte da produção da Indonésia. Elas estão mais sujeitas a comprar produtos de menor custo e menor qualidade, já que a demanda chinesa pelo produto é grande.

Nesse caso, a celulose da Indonésia apresenta mais atrativos do que o produto brasileiro. No entanto, no caso dos grandes grupos, Pontes prevê que a exigência por celulose de qualidade, produzida por empresas que respeitam critérios econômicos, ambientais e sociais, deve ganhar cada vez mais força, o que poderá valorizar o produto brasileiro.

Já os analistas vêem com maior preocupação o avanço da produção na Indonésia. Segundo Mônica Araújo, do BES Securities , no passado, a competitividade dos indonésios provinha exatamente do baixo custo com a base florestal, já que era predominante a utilização de florestas naturais. “Mas há hoje uma legislação mais rígida naquele país”, comenta. Para ela, o baixo custo de produção na região também compreende atualmente um certo avanço tecnológico.

Mônica acredita que, mesmo concorrendo com a Indonésia, o Brasil possui chances de atrair novos investimentos no setor. “O problema por aqui se restringe à disponibilidade de terras para o plantio, o que causou, recentemente, a migração de algumas empresas para a região Sul do País, por exemplo”.

Chile

Além de Brasil e Indonésia, os chilenos podem integrar o bloco de maior competitividade na produção de pasta de celulose em breve, com a entrada de novas capacidades das duas empresas locais, a Arauco e CMPC.

Pontes, da Stora Enso, se mostra atento ao mercado chileno, que apesar de limitado devido à geografia do país, é o grande competidor dos exportadores brasileiros atualmente. “O custo do Chile não está muito distante do nosso”, destaca. O relatório da Hawkins Wright situa o Chile como o terceiro país mais competitivo na produção de celulose de fibra curta, com um custo caixa médio de US$ 347, valor baixo em relação aos países da Europa e América do Norte, mas cerca de US$ 100 superior ao custo brasileiro, mas esse spread pode ser reduzido com a elevação de escala no mercado chileno.

Quanto ao preço da celulose de eucalipto para este ano, a expectativa dos analistas é bastante regular. Análises da Fator Corretora e do Banif Investment Banking apontam alta entre 4% e 5% nas cotações da celulose para 2006, sobre uma média de US$ 580 a tonelada registrada no ano passado, pela FOEX Indexes, que balisa os preços internacionais do insumo.

Fonte: André Magnabosco/Carlos Matos (DCI)

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