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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Protesto: Madeireiros de Sinop páram.
Sinop parou na manhã de ontem em um dos maiores protestos da história do município. Mais de 2 mil trabalhadores de madeireiras, industriais madeireiros, comerciantes, lideranças políticas e sindicalistas fizeram uma passeata, seguida de um buzinaço (de caminhões de madeireiras) pela avenida Julio Campos, terminando na sede do Ibama, onde houve ato público com fortes discursos contra a falta de guias para transporte de madeira, cuja a falta é constante na Agência Regional do órgão em Sinop.

Sem as guias não pode ser feito o transporte de madeira e muitas indústrias deixaram de cumprir contratos, inclusive de exportação, tendo sérios prejuízos. Por toda a extensão da avenida Julio campos, a principal da cidade, os madeireiros receberam a solidariedade dos comerciantes que fecharam suas portas.

O setor madeireiro é a principal base da economia da quarta maior cidade de Mato Grosso e responsável por 60% dos empregos gerados. Funcionários de vários estabelecimentos comerciais foram dispensados e participaram da passeata. A prefeitura também fechou, bem como sindicatos e entidades.
O presidente do Sindusmad (Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte de Mato Grosso), Sidnei Bellincanta, não criticou os servidores do Ibama de de Sinop durante o seu discurso, no ato público. "Os funcionários daqui estão trabalhando. A cabeça (direção em Brasília) não está funcionando", declarou. Sidnei disse também que 95% dos planos de manejo (necessários para estração da madeira) estão comprometidos.

"O Sindusmad deixa seu recado. Mostramos que estamos em uma situação difícil e esperamos que o Ibama, depois dessa manifestação, passe a atender o setor madeireiro que está lutando para trabalhar de forma legal".

Empresários e políticos fazem críticas ao governo
O diretor da Fiemt (Federação das Indústrias de Mato Grosso) Paulo Fiúza, madeireiro em Sinop, disse que "é muita incompetência e irresponsabilidade do Ibama. Falta planejamento em suas ações. A cada nova presidência são novas normas para o setor madeireiro. É muita desorganização do Ibama", atacou.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria e Construção do Norte, Vilmar Mendes Galvão, disse que "se necessário, estamos dispostos a novos atos em defesa do emprego e da sobrevivência de milhares de famílias. O setor madeireiro responde por cerca de 60% dos empregos do município. Com uma ameaça plena de quebradeira no setor madeireiro, não poderíamos deixar de participar de uma manifestação justa como essa que mostra que os madeireiros querem apenas trabalhar legalmente", discursou Galvão.
O presidente da Câmara de Sinop, Altair Cavaglieri, cobrou da direção do Ibama uma solução urgente para a crise.

Também cobrou do governador Blairo Maggi ações políticas em defesa do setor. "O governo fala muito em estradas e agricultura. E o setor madeireiro?", questionou Altair. "É preciso o governador e a bancada federal se empenhar e, com a força política que têm, resolver esse problema que é muito grave para o setor madeireiro e para a economia de Sinop".

O prefeito de Sinop, Nilson Leitão, fez um discurso duro e criticou diretamente a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PT) que esteve no mês passado em Sinop e foi informada - oficialmente - do problema.
"Não adianta a ministra vir aqui, fazer discurso bonito e o problema continuar e, além de tudo, dizer depois que não quer que sejam derrubadas árvores", disparou o prefeito. Ele também atacou a direção: "É uma vergonha dizer que não tem ATPF por falta de papel moeda. É uma desculpa que não pode parar um setor tão forte e vital para a nossa economia", disse.

Supervisor do Ibama diz que problema será sanado
O supervisor regional do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) de Sinop, Sebastião Crisóstomo Barbosa, falou, em entrevista coletiva, que respeita a decisão do setor madeireiro em realizar manifesto. "O manifesto é um direito democrático de qualquer cidadão e aceitamos com naturalidade", disse. "Estamos fazendo nosso trabalho e dentro do pleito reivindicado da categoria (madeireiros) iremos atender dentro do possível conforme estiver ao nosso alcance. O que fugir de nosso alcance iremos repassar ao setor administrativo em Brasília", completou.

Crisóstomo voltou a frisar que o problema da falta de ATPF (Autorização para Transporte de Produtos Florestais) aconteceu devido à greve dos servidores e o atraso da Casa da Moeda na confecção das guias. Ele assegurou que o problema está sanado e que mais 30 mil guias deverão chegar na próxima semana. "A partir de hoje (ontem) não haverá mais nenhum problema com ATPF", assegurou. "Hoje o consumo de guias nos 35 municípios que compõe a regional é de 15 mil a 16 mil, então, com as 12,6 mil guias que chegaram esta semana mais estas que virão nos próximos dias, não haverá mais falta de ATPF", garantiu.

Quanto ao racionamento de entregas de guias, Sebastião disse que a distribuição será normalizada.

Fonte: Gazeta de Cuiabá

22/ago/03

Fonte:

Jooble Neuvoo