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(GERAL)
Protocolo de Kyoto está mais forte do que nunca
Condenado pelos críticos por uma longa lista de motivos, já foi declarado morto por diversas vezes. Mas, com o término da conferência de Montreal sobre mudanças climáticas, o Protocolo de Kyoto emergiu mais forte do que nunca.

Em um encontro tido como dramático, até mesmo pelo padrão dos anteriores, o pacto da ONU sobre gases do efeito estufa enfrentou várias batalhas e provocativamente, avança para novos horizontes.

Reunidos para combater o aquecimento global, os 159 membros de Kyoto aprovaram uma série de decisões sobre o fortalecimento de seus mecanismos.

Eles também concordaram em iniciar negociações em maio de 2006 sobre a redução das emissões no período pós-2012, quando Kyoto expira.

O acordo colocou para escanteio incertezas que cercavam o mercado de carbono, uma importante ferramenta do protocolo para reduzir as emissões.

Também mandou mensagens diretas para os EUA, um amargo oponente de Kyoto, assim como o maior poluidor mundial com relação ao carbono, responsável sozinho por aproximadamente um quarto das emissões.

Montreal mostrou ao presidente Bush que a sua forma de lidar com as mudanças climáticas (uma mistura de reduções voluntárias, tecnologias energéticas e parcerias com nações pacífico-asiáticas) falhou em minar qualquer apoio por Kyoto e seu sistema de metas.

Além de ter alertado políticos e empresários norte-americanos que, se o protocolo e seus mecanismos funcionam tão bem quanto os seus apoiadores clamam, as corporações norte-americanas perderão lucros, que poderão ser tomadas pela ‘limpeza’ global de carbono, se o país continuar fora de Kyoto.

Qualquer retorno dos EUA para Kyoto é visivelmente impossível se Bush, que abandonou o tratado em 2001, continuar no poder. E, até mesmo, após a sua partida em janeiro de 2009, há probabilidade de as hostilidades do país contra Kyoto continuarem.

Para que os países industrializados consigam atingir as metas de previstas no tratado, precisam adotar padrões mais rígidos de eficiência energética, regulamentações das emissões de CO2 e leis que incentivem a utilização das energias renováveis.

Tais medidas sofrerão oposição dos lobbies dos combustíveis fósseis e automotivos dos EUA e também por muitos consumidores, que têm medo de ser atingidos no bolso. Mas em alguns anos, outras decisões de Montreal podem ajudar a persuadir o apoio dos EUA a Kyoto.

O protocolo foi bolado pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), da qual os EUA fazem parte (diferente de Kyoto, do qual não é parte) e que também clama por reduções de emissões (sem metas, sem limites) vindas de todas as partes.

Mesmo com todo o sucesso de Montreal, o caminho que o tratado ainda tem de trilhar permanece cheio de obstáculos. Assim como 2005 mostrou a sua força, 2006 pode mostrar a sua fraqueza.

Veteranos do processo de Kyoto estão se preparando para outra batalha de interesses nacionais no ano que vem, iniciando as negociações para 2012.

Muitos interesses políticos e econômicos estarão em jogo. De quanto devem ser as reduções? Quem terá de reduzir? Como os danos serão divididos? A pergunta mais explosiva é quanto, ou mesmo se, a China e outras economias em expansão (como a Índia e o Brasil), devem se juntar aos países industrializados nos esforços para reduzir as emissões. As discussões podem durar até 2008, alertam diplomatas.

Outro problema é se os países da União Européia, além de Japão e Canadá, poderão cumprir as suas notórias promessas sobre as reduções até 2012, comparando seus níveis de poluição com 1990. Muitos deles estão longe de alcançar suas metas - um fracasso que poderia destruir o argumento, sustentado pelos ambientalistas por mais de uma década, de que apesar da complexidade de Kyoto, ele pode dar certo.

Colocando todos estes itens juntos, e adicionando o fato de que o maior poluidor do mundo pode estar pegando carona de graça, enquanto os outros devem limpar os seus territórios, ainda não nos surpreendemos quando cientistas climáticos dizem que tudo é pouco, e que já é tarde demais.

Fonte: Fernanda Müller / CarbonoBrasil

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