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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Bracatinga ganha destaque na silvicultura
O “patinho feio” das florestas nativas, a Bracatinga está chamando a atenção do mercado silvicultor, órgãos ambientais, produtores e indústrias, principalmente a moveleira. Nativa da região sul do país, a espécie que por mais de 100 anos teve sua atividade resumida à produção de lenha e carvão, conquista o cenário ambiental por características bastante em voga atualmente: capacidade de recuperação de áreas degradadas e possibilidade de lucros financeiros a curto prazo.

O processo de descoberta da madeira começou a partir de um projeto de geração de renda, iniciativa da Agência de Desenvolvimento da Mesorregião Vale do Ribeira Guaraqueçaba, com recursos do Ministério da Integração Nacional. A primeira fase do projeto já está sendo executada com participação de 400 produtores dos municípios de Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Tunas do Paraná e Rio Branco do Sul, em áreas rurais de grande concentração de bracatingais, onde era comum o êxodo rural pela falta de alternativas econômicas.

O presidente executivo da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Roberto Gava, coloca a espécie como uma das soluções para os processos industriais madeireiros do Estado. Na sua visão “A Bracatinga, assim como outras árvores exóticas, pode representar a sustentabilidade dos processos industriais madeireiros do Paraná, desde que seu plantio e seu manejo sejam estimulados pelo governo do Estado”, destaca Gava.

Espécie nativa das regiões de clima frio do país, o seu cultivo é normalmente feito em pequenas e médias propriedades, próximas aos grandes centros, com poucos recursos técnicos. A espécie garante a produção de lenha e de produtos alimentícios como açucares e outros produtos utilizados em alimentos produzidos a partir de uma goma extraída das sementes, criando há décadas um ambiente sócio-econômico bem característico nas regiões produtoras. As folhas servem de alimento para o consumo animal durante o inverno, da mesma forma que sua floração e exsudato são importantes para a apicultura, já que ocorrem em época de ausência de outras flores.

Novos mercados

Hoje a Bracatinga está gerando novos produtos para o mercado, com destaque para móveis de ótima apresentação, razão do aumento do seu plantio, principalmente em regiões degradadas. “A Bracatinga é uma espécie pioneira, importante para a recuperação florestal e de solos degradados. Ao recobrir o solo, a arvore favorece o crescimento de outras espécies e pode ser utilizada na recomposição de matas ciliares. A Bracatinga retira nitrogênio do ar e o incorpora no solo, agilizando a sua recuperação e possibilitando o crescimento de uma nova vegetação ao seu redor”, afirma Gava.

“A bracatinga tem se mostrado tão promissora que do projeto inicial já nasceu um outro, que propõe a criação de uma incubadora industrial para fabricação de móveis e peças de mobiliário”, informa o superintendente executivo da Agência de Desenvolvimento da Mesorregião, José Carlos Becker.

O projeto já está aprovado pelo governo federal e será executado no primeiro semestre do ano que vem. ´´As instalações vão estar na região metropolitana de Curitiba, bem próxima ao eixo rodoviário da região sul/sudeste, responsável por 76,30% da produção nacional de móveis no país e a 100 km do pólo moveleiro de São Bento do Sul, maior centro exportador do Brasil, com 50 por cento das exportações nacionais”, lembra Becker.

Utilizada também em vigamentos e escoras na construção civil, a Bracatinga surge como uma nova e excelente opção para o setor moveleiro. O seu crescimento rápido, se comparado a outras espécies, proporciona uma ótima alternativa para pequenos e médios produtores das regiões mais carentes do Estado. “Os troncos com maior diâmetro podem muito bem ser utilizados pela indústria moveleira, o que valoriza o preço da madeira de Bracatinga gerando novos empregos e uma boa renda para estes agricultores”, afirma o gerente florestal da empresa Berneck Aglomerados, Afonso Mehl, parceiro do projeto, que passou a utilizar essa madeira em seu processo de fabricação de chapas.

Fonte: Roberta Obladen - roberta@excom.com.br

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