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22
abr
2025
(GERAL)
O poço de 7.275 anos que pode ser a construção de madeira mais antiga do mundo

Estrutura de madeira, que pode ser a mais antiga da Terra, foi encontrada em 2018, durante obras para construção de uma rodovia na República Tcheca

    

Poço pode mais antiga estrutura feita de madeira - Divulgação/Centro Arqueolólico Olomouc

Em 2018, durante as obras para a construção da rodovia D35 na cidade de Ostrov, na República Tcheca, uma equipe de arqueólogos fez uma descoberta impressionante: encontraram um poço surpreendentemente bem preservado que, segundo estudos, pode ser a estrutura de madeira mais antiga que se tem notícia — com 7.275 anos.

O achado intrigou os especialistas, especialmente pela sofisticação de sua construção, realizada com ferramentas rudimentares feitas apenas de pedra, osso, chifre e madeira.

A construção deste poço é única", disse chefe do Centro Arqueológico de Olomouc, Jaroslav Peška, de acordo com o portal All That's Interesting.

"Traz marcas de técnicas de construção usadas nas idades do Bronze e do Ferro e até na Idade Romana. Não tínhamos ideia de que os primeiros agricultores, que só tinham ferramentas feitas de pedra, ossos, chifres ou madeira, eram capazes de processar a superfície dos troncos derrubados com tanta precisão", contou.

Anéis de crescimento

Uma análise dendrocronológica — método que examina os anéis de crescimento das árvores — revelou que os troncos de carvalho usados para construir o poço foram cortados entre os anos 5266 e 5255 a.C., ou seja, há aproximadamente 7.275 anos.

Essa precisão surpreendeu os pesquisadores e elevou a estrutura a uma posição de destaque como uma forte candidata ao título de mais antiga do mundo feita em madeira, com data confirmada cientificamente.

Com aproximadamente 80 cm por 80 cm de base e 1,40 m de altura, vale destacar, o poço foi construído com quatro postes de carvalho nos cantos e tábuas cuidadosamente encaixadas entre eles.

Peças reaproveitadas

Um fato curioso: dois dos postes usados na estrutura foram cortados de três a nove anos antes dos demais, o que sugere que já haviam sido empregados em outra construção antes de serem reaproveitados no poço. Além disso, uma das tábuas também data de um período anterior — entre 7.261 e 7.244 anos atrás —, o que leva os especialistas a acreditarem que tenha sido utilizada em um reparo posterior na estrutura.

A fonte destaca que as madeiras se projetavam abaixo do solo para alcançar o lençol freático — um indício claro de conhecimento sobre fontes de água subterrânea.

Presença humana

Apesar de fragmentos de cerâmica encontrados em seu interior sugerirem a presença humana durante o início do Neolítico, não foram identificados vestígios de habitações próximas.

Isso levou os arqueólogos a acreditarem que o poço atendia a diferentes comunidades da região, em um período marcado pela transição de sociedades caçadoras-coletoras para comunidades agrícolas fixas.

"Acreditamos que foi usado pelos colonos durante o que chamamos de Revolução Neolítica, durante a transição de um estilo de vida de caça e coleta para um de agricultura e assentamentos", disse Peška. Essas pessoas provavelmente construíram casas estruturadas de forma simples e domesticaram animais."

Preservação

Segundo o All That's Interesting, o estado de preservação da estrutura se deve ao fato de ter ficado submersa por séculos. Detalhes sobre a descoberta foram publicadas em artigo do Journal of Archaeological Science, em 2020.

Para garantir sua integridade, o poço passou por um processo de conservação delicado, no qual suas tábuas de madeira estão submersas em uma solução de sacarose — o açúcar irá preencher as células da madeira, preservando sua forma original.

Giovanna Gomes é jornalista e estudante de História pela USP. Gosta de escrever sobre arte, arqueologia e tudo que diz repeito à cultura e à história do ser humano.

 

Fonte: https://aventurasnahistoria.com.br

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