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Montanhista há 10 anos, Alexandre Bruschz começou a fazer há três os quadros em madeira retratando os mais diversos picos e morros do Brasil e outros países
Quem já subiu uma montanha sabe que o passeio invariavelmente oferece um cenário esplendoroso e quase sempre proporciona uma vista estonteante e fotos magníficas. Mas um artesão da Grande Curitiba agora resolveu fazer algo diferente. Montanhista há 10 anos, Alexandre Bruschz é o criador da Bela Vista Artesanato e cria incríveis quadros em madeira (sempre sem tintas ou corantes) que retratam alguns dos mais famosos morros e picos do Brasil e da América do Sul. Um trabalho que teve início há três anos, após uma verdadeira reviravolta na vida do artesão e de sua esposa, Beatriz Nozaki.
A paixão pelas montanhas, conta Alexandre, é algo antigo. “Desde criança, quando eu ia pra praia, ficava olhando as montanhas… Era uma coisa que me chamava, parecia. Eu ficava pensando ‘como será que é olhar lá de cima?’, só que nessa época nem sabia que dava pra subir”, recorda ele, que há 10 anos foi iniciado no montanhismo, efetivamente, quando tinha 23 anos de idade. “Um dia meu primo falou que tinha subido um morro com uns amigos dele. Daí decidimos fazer um rolê juntos e nunca mais paramos, continuamos sempre subindo. E isso até hoje, tanto que meu filho está com um ano e oito meses e já subiu três montanhas”, comenta ainda o orgulhoso pai.
Deixando a cidade grande para morar no mato
Na época, contudo, ele ainda morava em Curitiba, no bairro Pilarzinho, trabalhando como uma espécie de serralheiro, fazendo bagageiro para fusca, e também como auxiliar de estúdio na TV Educativa. Isso até 2019, quando ele e a esposa decidiram que era hora de mudar de ares e deixar a cidade grande para trás. Foi quando compraram uma chácara em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e se mudaram para o meio do mato.
“A gente estava cansado de ver tanta coisa ruim na cidade e não poder fazer nada, queríamos uma vida mais tranquila. E aqui no mato a gente conseguiu achar um pouco disso. Você vê que as pessoas são mais simples e se contentam com menos, sabe? Você leva uma laranja pro teu vizinho e no outro dia ele te traz pinhão, umas coisas assim. Parece que a galera aqui é um pouco mais unida, eles sabem reconhecer o esforço que você faz pelas coisas. Essa é a parte que vale a pena de vir morar aqui, sem contar que a gente sempre gostou da natureza também, né? Eu plantei um monte de árvore, acho que já plantei umas 120 aqui. Tem um monte de muda de frutífera”, conta ele.
O começo dos trabalhos com madeira
Quando a família adquiriu a chácara, Alexandre ainda não tinha experiência em mexer com madeira. Só que em vez de contratar alguém para construir a própria residência, ele resolveu colocar a “mão na massa” e fazer a própria casa. Foi quando começou a adquirir o maquinário necessário para trabalhar com madeira. Construiu a primeira casa da família (que hoje já virou a oficina da Bela Vista Artesanato), um chalé e, depois, a segunda casa, num ponto mais elevado do terreno e que hoje é a residência dele,
Da esposa e Do filho pequeno.
Como ele já era um apaixonado por montanhas e estava com o maquinário necessário para fazer trabalhos com madeira, resolveu “inventar moda”. E deu muito certo.
“Fui pesquisando na internet e achei uns quadros de um gringo, só que o cara inventava as montanhas, não fazia quadros com montanhas que existiam mesmo, e também usava tinta nas madeiras dele, pintava de verde, azul… Aí eu resolvi tentar fazer um quadro para mim, para deixar lá em casa mesmo. Eu fiz, gostei e tirei foto. Postei no Facebook e daí já vieram algumas pessoas falando que queriam também. Daí já fiz um e vendi logo em seguida, comecei a fazer outro e fui vendendo, fui vendendo. Daí deu certo. Agora a maioria que eu faço é por encomenda, sabe? Quando dá tempo eu faço algum quadro aleatório, mas a maioria é por encomenda, que daí já fica tudo vendido antes de fazer mesmo”, explica.
Clientela de outros estados e montanhas mais retratadas
Desde então, em cerca de três anos Alexandre já produziu 63 quadros, que são vendidos por preços que variam entre R$ 200 e R$ 650. O tempo para fazer uma obra, por sua vez, varia conforme o tamanho do quadro e a montanha que será retratada. As encomendas podem ser feitas pelo Instagram (@belavistaartesanato) e as peças levam entre 20 e 25 dias para ficarem prontas. Curiosamente, a maior parte dos clientes não são do Paraná.
“A maioria das encomendas que recebo tem sido de fora, do Rio de Janeiro e São Paulo, que tem a Serra da Mantiqueira, a Serra dos Órgãos… A galera dali é bem apaixonadas pelas montanhas. Mas aqui em Curitiba também [tem muito cliente], até porque temos montanhas bem bacanas em volta da Capital”, comenta o artesão, revelando ainda quais os lugares que mais retratou em seus trabalhos até hoje. “A montanha que mais vendi foi o Pico Paraná, talvez até por eu ter começado a vender por aqui primeiro, já conhecia mais gente, aí foi mais fácil pro pessoal divulgar. Mas depois do PP, vem o Monte Fitz Roy, na Patagônia. Acho que o pessoal gosta por ser um lugar bem marcante, longe. Pelo que vejo, é uma caminhada meio sofrida lá… A galera também gosta bastante.”
Processo criativo: ‘É como se fosse um quebra-cabeça’
Para fazer os quadros, Alexandre primeiro pede para o cliente enviar uma foto do lugar que será retratado e o ângulo que deverá ser mostrado na imagem. A partir daí, começa a fazer um esboço da obra no computador, já assinalando qual tipo de madeira irá colocar em cada pedaço do quadro. “Eu tenho quarenta e poucos tipos de madeira em toquinho. As vezes, olhando a cor, parece meio igual, mas cada madeira tem uma coloração diferente, um rajado, uma textura única. Uma madeira dá mais brilho, outra menos, o peso é diferente… Várias coisas que diferenciam uma madeira da outra e daí eu deixo tudo já separado, primeiro as mais claras, depois indo pro vermelho e na sequência as mais escuras.”
Depois, com os recortes feitos, ele começa a montar uma espécie de quebra-cabeça. “Eu faço um esboço no MDF, recorto o MDF e vou colando as ripinhas de madeira. Vou juntando tudo e colando numa chapa de MDF, para fixar tudo junto. Como tenho uma serrinha bem fininha aqui, consigo fazer bastante curvas, e aí o problema é acertar bem em cima da linha. Daí depois, com todas essas pecinhas, eu escolho a cor da madeira que eu quero em cada lugar”, afirma o artesão. “E daí o céu é a parte que eu mais consigo viajar, né? Porque ali dá pra fazer umas coisas mais viajadas mesmo, né? Em alguns faço umas nuvenzinhas, coloco uns detalhezinhos…”
Rodolfo Luis Kowalski
Fonte: Bem Paraná
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