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Notícias

22
jan
2025
(AGRO)
Macaúba pode substituir embalagens de isopor e plástico

Pesquisadora em Maringá transforma palmeira nativa do Brasil em embalagens biodegradáveis

À medida que cresce a conscientização sobre os impactos ambientais dos plásticos de uso único, desenvolver alternativas sustentáveis e viáveis torna-se uma demanda mais urgente. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), a engenheira de alimentos Carmen Guedes já tem sua aposta para substituir embalagens convencionais: fazer uso da macaúba, uma palmeira nativa do Brasil com grande potencial produtivo e ampla distribuição no território nacional.

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos (PEG), Carmen está desenvolvendo dois tipos de embalagens inovadoras a partir do fruto e da polpa da macaúba (nome científico: Acrocomia aculeata):

• Utilizando a fibra do fruto da macaúba, foi criada uma embalagem para substituir as bandejas de isopor, frequentemente usadas para armazenar e transportar alimentos.

• Já com a polpa, a pesquisadora desenvolve um substituto biodegradável para os sacos plásticos de uso único.

Frutos de macaúba, que é uma palmeira nativa brasileira.

A proposta também visa agregar valor à macaúba, que atualmente desempenha um papel importante na recuperação de áreas degradadas. “Como a macaúba está sendo usada para reflorestamento, podemos destinar seus frutos para a indústria, substituindo plásticos de uso único, que não são ecológicos”, explica a mestranda.

Impacto ambiental

Uma das grandes vantagens das embalagens desenvolvidas é seu impacto ambiental positivo: ao serem descartadas, elas se transformam em adubo para as plantas, desaparecendo na natureza sem deixar resíduos. Além disso, tornam-se húmus, um fertilizante orgânico que fornece nutrientes essenciais para o solo.

Protótipos de embalagens para substituir o isopor e o plástico, a partir da fibra e da polpa da macaúba.

Outro destaque é o conceito de “embalagem ativa” adotado pela pesquisadora. Essas embalagens interagem com os alimentos, retardando reações de oxidação que causam sua deterioração. “Ela atua como antioxidante, prevenindo que o alimento seja degradado pela luz e outros fatores que aceleram a oxidação”, explica Guedes.

A matéria-prima para a pesquisa foi fornecida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), que desenvolve estudos na região de Maringá e utiliza a macaúba para recuperar áreas degradadas no Estado.

A matéria-prima para a pesquisa foi fornecida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná.

“Esperamos que a macaúba deixe de ser classificada como um alimento não convencional e passe a integrar a categoria de alimentos convencionais. Através da nossa pesquisa, queremos atrair a atenção da comunidade científica, da indústria de alimentos e da população local para o uso integral dos frutos do Paraná, incentivando sua produção além do reflorestamento”, conclui a pesquisadora.

Manteiga

O estudo está sendo desenvolvido no Laboratório de Desenvolvimento de Novos Produtos, ligado ao PEG e ao Departamento de Engenharia de Alimentos (DAL), câmpus sede da UEM, e contribui com 6 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), criados pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Carmen Guedes opera o texturômetro no Laboratório de Desenvolvimento de Novos Produtos, ao lado da professora Mônica Scapim.

A pesquisa tem a orientação das professoras Grasiele Scaramal Madrona e Mônica Scapim (ao lado de Guedes na foto que abre este texto) e conta com o apoio da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação (MEC) e do IDR, parceiro de pesquisa neste trabalho científico.

Guedes tem planos de cursar o doutorado na sequência. “O nosso principal objetivo é desenvolver produtos usando a macaúba. Infelizmente, hoje ela é aproveitada apenas para produção de biodiesel e é um fruto muito nobre para ser designada apenas para esse fim”, assegura.

Frutos de macaúba, que é uma palmeira nativa brasileira.

O estudo sobre a macaúba é familiar para a pesquisadora. No mesmo laboratório onde atua no mestrado, as estudantes Larissa Rodrigues e Isabela Milani produziram, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ao final da graduação, uma manteiga adicionada de 40% de macaúba. Neste caso, Guedes contribuiu nas análises e na produção.

Ainda no mestrado, pretende fazer uma aplicação do filme biodegradável ativo como embalagem de contato de manteigas convencionais.

Para o doutorado, a ideia é concentrar a pesquisa na macaúba nativa apenas do Estado do Paraná, caracterizando mais a fundo esse material e fazendo outras aplicações.

As informações são da Universidade Estadual de Maringá

 

 

Fonte: Por: Redação CicloVivo

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