Parceria busca fortalecer o setor na Zona da Mata com pesquisa em novas variedades de madeira

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em parceria com uma indústria moveleira de Ubá, vem desenvolvendo um projeto de pesquisa para avaliar o comportamento silvicultural de cinco clones de Acacia mangium, muito usada para o fornecimento de madeira. O objetivo  do estudo é identificar, em laboratório, os clones com as melhores qualidades para a fabricação de móveis para suprir a demanda por matéria-prima de boa qualidade na Zona da Mata Mineira, que abriga o segundo maior polo moveleiro do país, em Ubá.

“A Zona da Mata de Minas Gerais conta com cerca de 500 indústrias moveleiras, mas sofre com a baixa oferta de matéria-prima florestal qualificada para o abastecimento das mesmas. Esse fato tem forçado os produtores a consumirem chapas aglomeradas e laminadas de Pinus spp, produzidas no Sul do Brasil”, explica o pesquisador da Epamig e coordenador do projeto, Flávio Pereira da Silva.

A Acacia mangium Willd é uma espécie tropical conhecida por ser rústica, de rápido crescimento e com forte adaptabilidade às condições adversas de solo e clima em Minas Gerais. Introduzida no Brasil em 1983, a madeira já é utilizada pela indústria moveleira no Sudeste Asiático desde 1966. Contudo, para as condições brasileiras, é necessário selecionar clones mais adaptados.

“A maioria das indústrias carecem de madeira de rápido crescimento e boas propriedades mecânicas para confecção de móveis, criando-se a necessidade de desenvolvimento de madeiras de origem clonal, portadoras destas propriedades. Esta situação tem demandado estudos para selecionar genótipos superiores em crescimento, boa adaptabilidade e portadores de madeiras de boas propriedades mecânicas para abastecimento das indústrias moveleiras regionais”, afirma Flávio.

Utilização de clones pode reduzir custos e impulsionar economia

Atualmente, a produção de madeira reflorestada na Zona da Mata Mineira concentra-se em Eucalyptus spp, destinado principalmente aos parques siderúrgicos e à produção de papel e celulose. Além disso, os altos preços da matéria-prima oriunda de outras regiões e os custos de transporte dificultam a competitividade das indústrias moveleiras locais.

“Ao final da pesquisa, os resultados serão colocados à disposição dos empresários moveleiros e o teste clonal será transformado em pomar de sementes (PCS) para cultivo massivo dos melhores clones, visando à geração de emprego, renda e matéria-prima, impulsionando a economia regional”, conclui Flávio.

O projeto conta com a colaboração do pesquisador José Mauro Valente Paes (Epamig) e das professoras Maira Cristina Fonseca (Universidade Federal de Viçosa – UFV) e Franciane Diniz Cogo (Universidade do Estado de Minas Gerais – Uemg, Unidade Acadêmica de Passos).
 

Fonte: https://tribunademinas.com.br