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Notícias

21
out
2024
(MANEJO)
Manejo florestal e mercado de carbono: qual é o contexto atual?

A preferência pela madeira de reflorestamento em detrimento ao formato de extração de florestas nativas também colabora com o alinhamento aos objetivos ambientais

O manejo florestal adequado é fundamental para toda e qualquer atividade comercial, principalmente as que se relacionam com o uso da madeira como matéria-prima em fins comerciais.

Obviamente, o contrário disso tende a deteriorar florestas e a causar impactos socioambientais severos.

Além disso, o manejo inadequado pode comprometer a própria atividade produtiva ao provocar danos sucessivos e, eventualmente permanentes, à qualidade da matéria-prima necessária.

Temos também a questão do carbono, cujos gases são nocivos ao meio ambiente.

Qual é a ligação entre o manejo florestal, o mercado de carbono e a regeneração ambiental?

De acordo com Barbara Almeida Ladeia, Professora da FIA Business School, um dos impactos mais severos do manejo florestal inadequado passa exatamente pela redução da capacidade de absorção dos gases do efeito estufa.

Entre eles, o carbono, em consequência da redução da disponibilidade de florestas, as quais promovem a “limpeza” do meio ambiente.

“Neste sentido, é mandatório que todo o manejo florestal seja feito com vistas à regeneração ambiental”. Ou seja, toda a extração deve ser feita:

1. De forma meticulosa;
2. Com responsabilidade;
3. Minimizando os impactos;
4. Viabilizando a regeneração da área em questão.

Para a professora, isso somente será possível a partir do conhecimento e monitoramento profundo das áreas que estão sendo exploradas.

O objetivo é garantir que todos os processos que estão operando em campo atendam às necessidades de recuperação dos territórios.

“Vale destacar também a necessidade de consistência e paciência, pois não existe resposta rápida quando o assunto é o manejo florestal e a regeneração ambiental.”

Podemos compreender, então, que qualquer iniciativa com esse objetivo demanda fôlego e um trabalho cada vez mais dinâmico. Isso, uma vez que a regeneração de um território explorado, conforme explicou Barbara ao ForMóbile Digital, pode levar décadas.

“A propósito, é essencial que a indústria tenha clareza da necessidade de estruturar planos de longo prazo.”

A preferência pela madeira de reflorestamento em detrimento ao formato de extração de florestas nativas também colabora com o alinhamento aos objetivos ambientais. Em especial, o compromisso com a manutenção da floresta em pé.

Nossa especialista destaca que o investimento em pesquisa atrelada ao conhecimento tradicional dos povos locais é também um caminho de extrema relevância. Isso porque permite uma melhor compreensão de ferramentas e mecanismos que possam reduzir os impactos e, eventualmente, oferecer eficiência ao processo de regeneração.

“A adoção de sistemas agroflorestais também é uma forma de manejo muito interessante e bastante em alta no momento. Esse tipo de arranjo permite a concomitância de árvores junto a outros cultivos.”

Certificações de manejo florestal

Existe uma série de certificadoras, como a FSC, que estabelece padrões de manejo florestal adequado, cujas premissas são validadas em solo nacional e internacional.

Barbara explica que garantir tais documentações é, além de uma evidência de preocupação com o tema aqui abordado, também uma forma de observar as melhores práticas que estão sendo aplicadas mundo afora.

“Dentro do escopo específico do carbono e a sua relação com a indústria moveleira, a adoção de práticas em busca de neutralidade no processo de produção e distribuição é, certamente, um outro ponto de atuação, que deve ser concomitante ao manejo florestal”. Para a professora, ainda há muito mais o que fazer para além do manejo.

Quais são as principais medidas para a redução das emissões de carbono?

O primeiro ponto é justamente ter o foco na redução das emissões de carbono – em toda a cadeia. Conforme Barbara, é fundamental que as empresas quantifiquem as emissões para que haja clareza e transparência no impacto ambiental oriundo da sua atividade produtiva.

Então, a partir daí, devem ser estabelecidas metas de redução progressiva em direção à neutralidade.

“Essa quantificação, se bem feita, poderá mostrar em que ponto da cadeia há o maior volume de emissões. Portanto, onde deverá estar a maior parte dos investimentos e esforços para a redução das emissões de carbono”. Lembrando que essa redução pode ocorrer por diferentes vias:

• A melhoria da eficiência energética (com o uso de energia limpa);
• A adoção de materiais sustentáveis;
• Mecanismos de logística reversa;
• A utilização de matérias-primas complementares recicladas e recicláveis.

E quando não for possível evitar?

A prática do reflorestamento nativo é, em si, uma forma de compensação das emissões que não podem ser evitadas.

A professora da FIA entende que esse mecanismo é infinitamente superior à compra de créditos de carbono, uma vez que traz adicionalidade à captura total.

“No fim das contas, evitar o desmatamento e intensificar o reflorestamento nativo são soluções bastante eficazes e consistentes para a captura de carbono em uso no Brasil”, finaliza.

Fonte: ForMóbile Digital

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