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Entenda como funciona essa prática e quais suas vantagens para o meio ambiente e para o mercado da madeira
O manejo florestal é uma atividade técnica e científica que permite o uso das florestas naturais de forma sustentável. Ou seja, é a obtenção de recursos das florestas de forma renovável, sem colocá-las em risco.
Nessa prática, a estrutura da floresta é mantida, ao contrário da maioria das outras práticas que removem a cobertura florestal. Dessa forma, o manejo permite o uso perene da floresta.
O engenheiro florestal e doutor em ciência florestal com mais de 40 anos de experiência na área, Evaldo Braz, explica que essa é a única técnica que envolve o uso do solo conseguindo manter a cobertura florestal e os serviços da floresta, promovendo a proteção de mananciais, a captura de carbono, a proteção dos solos, dentre outras vantagens.
“Há benefícios para a flora e para a fauna também. Em uma floresta primária (sem manejo), por exemplo, a captura de carbono pelas árvores é insignificante, pois ela está praticamente estagnada”, observa o engenheiro.
Além disso, a prática também traz benefícios para a região onde é realizada para além da sustentabilidade, tais como a melhora da economia e a geração de empregos.
Manejo florestal e colheita florestal planejada
Outra prática do manejo florestal que traz vantagens é a colheita planejada, isso porque ela reduz eventuais danos ao povoamento remanescente e otimiza as técnicas de extração, construindo apenas estradas e trilhas de arraste necessárias à extração da madeira.
“Esta redução, junto ao menor impacto na floresta, proporciona menores custos”, enfatiza Braz. “Hoje temos, além de normas de manejo de impacto reduzido, processos como o MODEFLORA, desenvolvido pela Embrapa, baseado em coordenadas geográficas e georreferenciamento os quais tornam as intervenções na floresta muito mais precisas e com menor dano à estrutura remanescente”.
O especialista também destaca a importância de respeitar o ciclo de corte sustentável das florestas, tanto para preservá-las quanto para promover melhorias em suas estruturas.
“Existe normalmente um ciclo geral limite de 35 anos. Quando esse ciclo foi proposto, foi pensado de forma ampla para servir ao máximo de espécies”, explica Braz.
“Esse prazo considera o momento de corte em que a partir dos diâmetros remanescentes as árvores seriam estimuladas a aumentar seu incremento e o momento onde a floresta já teria produzido determinado volume de madeira (que tivesse interesse econômico) e também o momento que a floresta começaria a produzir menos. Neste momento, chegando a sua capacidade limite de suporte, voltaria à quase estagnação. Ao chegar nesse limite, a ampliação do ciclo, além de antieconômica, não beneficiaria a melhoria da estrutura da floresta.”
Braz também enfatiza que, para promover a maximização do aproveitamento de recursos das florestas, é imprescindível investir em mais pesquisas nessa área.
“Atualmente, por exemplo, a legislação permite esse diâmetro único de corte e ciclo para todas as espécies. Mas, na verdade, cada espécie tem um diâmetro ideal de corte assim como um ciclo ideal”, comenta o especialista, acrescentando que, com mais pesquisas na área, seria possível estabelecer ciclos de cortes diferentes para cada espécie.
“A Embrapa Florestas tem pesquisado quais seriam estes ciclos e diâmetros ideais para maximizar a produção e garantir a sustentabilidade como um todo. Além disso, também temos pesquisado sistemas para tratamentos silviculturais”, continua o engenheiro.
Por fim, Braz pontua que o manejo florestal é uma das atividades de uso do solo mais fiscalizadas que existem.
“A prática é monitorada pelas instituições ambientais e fiscalizadoras dos estados, com critérios bem rigorosos, sendo também observada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, do Ministério do Meio Ambiente”, destaca, acrescentando que essa é uma forma de garantir ainda mais a boa origem da madeira e a proteção das florestas.
Fonte: ForMóbile Digital