Notícias
O Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos, tecnologia desenvolvida pela Embrapa e adotada em comunidades na Região de Integração do Marajó por aproximadamente 5 mil extrativistas tem ajudado a aumentar a produtividade, gerar mais alimento, ampliar a biodiversidade, a segurança no manejo e a fortalecer o meio ambiente numa região que depende da floresta para a subsistência. A partir do terceiro ano de aplicação da técnica, a produtividade pode triplicar ou até sextuplicar.
“Antes tínhamos açaizais que estavam muito fracos, improdutivos e com difícil acesso. Após trabalhar o manejo de mínimo impacto, podemos ver com os próprios olhos que a área mudou totalmente. Aumentou a produtividade, a área ficou mais acessível e segura para quem colhe o açaí. Está dando muito certo, temos um açaí maravilhoso de total qualidade e rendimento”, afirmou a portelense Oneide Alves Mendes.
A agroextrativista Telma Lacerda Gomes contou que “faço o manejo há três anos e a produtividade está começando a aumentar. Mas já sentimos uma grande diferença, principalmente na qualidade do açaí. Antes tínhamos um fruto mais ressecado e isso mudou totalmente”.
O que o produtor Anízio Gomes Filho percebeu na sua propriedade em Portel foi que “os cachos são grandes e as palmeiras ficaram mais baixas, facilitando a colheita”.
Manejar para produzir
Os relatos mostram a transformação que o Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos produz. A premissa da técnica é o equilíbrio entre os açaizeiros e outras espécies de palmeiras e árvores presentes nas áreas manejadas.
A técnica proporciona o aumento da produtividade dos açaizais de 1 tonelada por hectare ao ano para 3 a 6 toneladas a partir do terceiro ano de manejo, além de manter a biodiversidade nas florestas de várzea.
“O manejo contribui para uma mudança de paradigma na restauração da floresta. Busca-se o aumento da biodiversidade dentro das áreas para a promoção de ciclagem de nutrientes, e isso rebate na produtividade”, explicou o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) e, coordenador do projeto Sustenta e Inova na instituição, Anderson Sevilha.
Benefícios que vão além da produção
O projeto Sustenta e Inova dá continuidade à trajetória do Bem Diverso, que atua na região desde 2019, e atualmente se configura como um programa, de acordo com Sevilha. Um dos grandes legados desse trabalho foi a criação do Manejaí, em Portel, centro de referência em manejo, conservação e restauração de agroecossistemas.
A iniciativa, fruto da articulação entre pesquisa, extensão rural e comunidades, está presente em Portel, Muaná, Salvaterra e Breves. Já formou 131 agentes facilitadores, entre técnicos e agroextrativistas, que levam o Manejo de Mínimo Impacto às populações ribeirinhas da região.
“O Manejaí atua também no empoderamento de mulheres e jovens da comunidade, fortalece as relações tradicionais e promove o protagonismo e o desenvolvimento das capacidades locais”, destacou o coordenador do escritório da Embrapa no Marajó, Cesar Augusto Andrade.
Os benefícios do manejo sustentável vão além do aumento da produtividade e manutenção da biodiversidade, envolvem questões sociais, como revelou Anderson Sevilha.
“O movimento em torno do manejo cria um ambiente de discussão e debate sobre direitos humanos, condições de trabalho, segurança alimentar e melhoria nas condições de vida das populações”.
Sobre o projeto Sustenta e Inova
O projeto busca desenvolver e implementar práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras, além de promover o desenvolvimento das cadeias de valor na Amazônia brasileira.
Com atuação na região do Marajó, a Embrapa participa do projeto a partir de capacitações em Manejo de Mínimo de Açaizais Nativos, manejo de produtos florestais não-madeireiros, meliponicultura, piscicultura, beneficiamento de produtos da sociobiodiversidade, produção de alimentos, sistemas agroflorestais, saneamento rural e uso de ferramentas digitais.
Financiado pela União Europeia, Sustenta e Inova é coordenado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e conta com a parceria da Embrapa, do IPAM, e Cirad (Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional).
Serviço
Interessados na técnica podem procurar a presidente da Cooperativa Manejaí, Gracionice, pelo telefone 91 99347-8007. Atualmente o projeto está presente em Portel, Breves, Muaná e Salvaterra, mas existe a possibilidade de expansão para outras cidades, conforme a demanda.
Da Redação
Fonte: https://noticiamarajo.com.br