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22
nov
2005
(GERAL)
Créditos de carbono podem render ao Brasil US$ 3 bilhões por ano
Estimativas de especialistas em meio ambiente indicam que são despejadas na atmosfera anualmente cerca de 7 bilhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa (aquecimento artificial da terra), principalmente o gás carbônico (CO²), o mais nocivo ao meio ambiente, segundo explica o coordenador do Programa de Planejamento Energético da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coope/UFRJ), professor Emilio La Rovere.

A metade deste volume, segundo La Rovere, cerca de 50%, é seqüestrada pela própria biosfera - por meio dos oceanos e das florestas -, o que evita que boa parte dos gases vá se acumular na atmosfera, agravando ainda mais o efeito estufa. Mesmo assim, o aquecimento global continua sendo uma ameaça e, para tentar minimizar esse problema, como explica o professor, cerca de 141 países de todo o mundo, inclusive a maioria dos países desenvolvidos - à exceção dos estados Unidos e da Austrália - ratificaram o Tratado de Kioto, que começou a vigorar em fevereiro deste ano. O acordo torna obrigatória a redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa.

Como essa obrigatoriedade pode ser contornada se a empresa ou governo se associa a um projeto que esteja realizando a redução, por meio dos "créditos de carbono", cria-se no mundo um mercado que poderá movimentar até 2012 cerca de US$ 30 bilhões. As estimativas fazem parte de um estudo realizado pela Coope para o Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, como afirma o professor La Rovere.

Segundo ele, o Brasil poderá abocanhar até 10% destes recursos – cerca de US$ 3 bilhões por ano. "As estimativas são muito dinâmicas: o Tratado de Kioto foi ratificado agora em fevereiro deste ano e já é muito diferente hoje a situação do mercado em relação ao ano passado. Agora, as estimativas falam, para o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, de um mercado da ordem de US$ 30 bilhões."

O coordenador diz que o estudo da Coope mostra que só as iniciativas já em andamento no Brasil podem render um fluxo anual de US$ 300 milhões para o país. "Claro que, para que isso ocorra, nós vamos ter que nos organizar para pleitear os créditos de carbono", diz ele. Segundo La Rovere, a estimativa considera o preço atual da tonelada de gás carbônico, entre US$ 5 e US$ 7.

Na avaliação de La Rovere, porém, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo é um mercado como outro qualquer, por isso, "a participação do Brasil vai depender da nossa eficiência de apresentar bons projetos a bons preços". Ele explica ainda que o mercado está ligado a outros fatores: "Por exemplo: quanto os países industrializados vão precisar comprar fora de suas fronteiras - o que depende diretamente de o quanto eles vão conseguir reduzir suas emissões dentro de casa". "Naturalmente, o elevado potencial de crescimento deste mercado, e é bom deixar isto bem claro, vai depender de nós termos alguma segurança."

Para garantir essa segurança, La Rovere lembra que será preciso prosseguir com as negociações, no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A próxima reunião da convenção, segundo ele, acontece entre novembro e dezembro deste ano, em Montreal (Canadá).

Fonte: NetComex

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