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A silvicultura brasileira em 50 anos, mais que dobrou a produtividade inicial, desenvolveu tecnologia para superar inúmeros obstáculos, aprendeu a proteger o meio ambiente, criou mecanismos para se proteger de pragas e doenças, enfim, atingiu elevado nível tecnológico capaz de desenvolver caminhos alternativos para variados objetivos. E ainda deixou a certeza de que sempre teremos a acrescentar e melhorar o que se faz, se quisermos nos manter em nível de sustentabilidade. E assim, com apoio de universidades, experimentações e pesquisas e muito recurso humano e financeiro envolvido, chegou-se até aqui! Foram mais de 50 anos e temos cerca de 10 milhões de hectares de florestas e um estoque inestimável de conhecimentos!
Nos últimos anos, surgiram novos reflorestamentos e com objetivos bem diferentes! Nessa onda de mitigação climática surgiram os reflorestamentos para recuperação de áreas degradadas! E agora, usando espécies nativas. Fala-se em recuperar áreas degradadas e marginalizadas para captação de carbono, produção de alimentos, geração de empregos, proteção de recursos hidrológicos e biodiversidade, dentre outros benefícios.
Fala-se em reflorestar em menos de 10 anos cerca de 12 milhões de hectares. Trata-se de área ainda maior do que se fez em 50 anos com as espécies exóticas. Tremendo desafio! Temos muitas informações a respeito de nossas espécies nativas, mas ainda faltam dados concretos de programas em larga escala. Essa lacuna merece muita atenção!
À semelhança do que ocorreu com a silvicultura de espécies exóticas, poderão surgir inúmeros obstáculos. E daí, a importância de se integrar e somar esforços e conhecimentos gerados e vivenciados em 50 anos pela silvicultura brasileira, especialmente, com as culturas de eucalipto e pinus. Não podemos desprezar o estoque de conhecimentos, além de se poder contar com profissionais, universidades e instituições de pesquisas à disposição para se fazer as devidas adequações. São experiências de sucesso que poderão ser aproveitadas para minimizar eventuais dificuldades dos novos desafios!
E, não nos iludamos! Iremos nos defrontar com problemas, e muitos já conhecidos, que reaparecerão com nomes diferentes e próprios dos tempos modernos. Mas as encrencas serão as mesmas: disponibilidade e qualidade das sementes, como fazer mudas, como proceder nas operações de plantio e manejo, etc. Com certeza, teremos que combater as formigas e a mato-competição. E a execução será feita com equipe própria ou com terceiros? E, estejamos preparados, pois, da mesma forma, surgirão os questionamentos sociais e ambientais.
Nesse contexto, portanto, que já estamos vivendo ficam algumas certezas e que terão de ser respeitadas: não há investidor que não exija retorno dos recursos alocados; que se usem os conhecimentos científicos já consolidados; que seja valorizada a experiência de 50 anos, acumulada pela silvicultura brasileira e que o profissionalismo fale mais alto diante das planilhas, que podem até mostrar caminhos diferentes.
Essa nova etapa criará importantes alternativas de negócio à silvicultura brasileira e poderá representar expressiva contribuição à economia e desenvolvimento social e ambiental de muitas regiões. É na verdade um jogo que não pode ser perdido depois de tanto sucesso alcançado com a silvicultura de espécies exóticas!
Nelson Barboza Leite - Agrônomo - Silvicultor - nbleite@uol.com.br
Fonte: Comunidade de Silvicultura