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Medida que reduz CO2 e preserva matas nativas é incentivada por novas leis e projetos
O reflorestamento comercial, uma prática de silvicultura que envolve o plantio de árvores com o objetivo de cortá-las ao final de seu ciclo de crescimento para uso industrial, está ganhando destaque no Brasil. Além de fornecer matéria-prima sem a necessidade de desmatamento de áreas nativas, essa prática contribui significativamente para a redução do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.Estudos mostram que a capacidade de armazenamento de CO2 varia conforme a espécie e o porte das árvores. Por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Instituto Totum e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, revelou que cada árvore nativa da Mata Atlântica pode capturar 163,14 kg de CO2 ao longo de seus primeiros 20 anos.
Márcia Sorreque, engenheira ambiental do Instituto Brasileiro de Florestas (IBF), destaca a eficácia das florestas plantadas no sequestro de carbono: “As florestas absorvem bastante CO2 através da fotossíntese. No Polo Florestal de Mogno Africano, gerenciado pelo IBF, mantemos atualmente 24 fazendas para reflorestamento 100% comercial. Algumas dessas áreas foram utilizadas anteriormente para pecuária e plantio, enquanto outras nunca haviam sido exploradas pelo homem.”
O Mogno Africano, uma espécie exótica de rápido crescimento e alto valor comercial, possui um ciclo de cultivo de 17 a 20 anos. Durante esse período, as árvores plantadas capturam CO2, e seu corte e replantio contínuo oferecem uma alternativa sustentável à exploração de florestas nativas.
A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e as queimadas ilegais são grandes fontes de emissão de CO2, contribuindo para o efeito estufa e as mudanças climáticas. Márcia explica como as florestas ajudam a mitigar esse problema: “Durante a fotossíntese, as árvores retiram CO2 da atmosfera, liberando oxigênio e armazenando carbono em seus troncos e galhos, promovendo seu crescimento.”
O governo brasileiro, reconhecendo os benefícios do reflorestamento comercial, lançou três iniciativas importantes em 2024. O Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas foi atualizado para incentivar essa prática, destacando que o Brasil possui 10 milhões de hectares de florestas plantadas e 6 milhões de hectares de vegetação conservada.
O setor de florestas plantadas contribui para a meta do Brasil de reduzir em 43% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, em relação aos níveis de 2005. Essa atividade faz parte do Plano ABC Mais, do Ministério da Agricultura e Pecuária, que visa promover uma economia de baixa emissão de carbono na agricultura.
Além disso, foram lançados a Chamada Pública para Projetos Florestais e o Painel Floresta + Sustentável, uma ferramenta que disponibiliza dados sobre o setor florestal brasileiro. Em junho de 2024, o Governo Federal excluiu a silvicultura como atividade poluidora, isentando-a do pagamento da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) e simplificando o licenciamento ambiental para o plantio de florestas comerciais.
Um exemplo prático dessa iniciativa é o Polo Florestal de Mogno Africano, localizado em Pompéu, Minas Gerais, que gerencia 4,4 mil hectares de áreas plantadas. Ao longo de seu ciclo de crescimento, essas árvores não apenas reduzem a quantidade de CO2 na atmosfera, mas também fornecem madeira de alto valor ao mercado, aliviando a pressão sobre as matas nativas.
Fonte: Portal do Agronegócio