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EPE estima que o potencial técnico do biogás de resíduos no Brasil até 2031 equivale a 25% da demanda energética nacional
Quarto maior destino dos investimentos chineses no mundo, e o principal na América Latina, o Brasil deve aproveitar a parceria com o país asiático para desenvolver a cadeia de biogás, disse a senadora Tereza Cristina (PP/MS).
A produção brasileira de biogás mais que duplicou nos últimos cinco anos. Ao todo, foram produzidos 2,88 bilhões de m3/ano, para aproveitamento energético, em 2022, um crescimento de 110% em relação aos volumes de 2018, de acordo com o Centro Internacional de Energias Renováveis e Biogás (CIBiogás).
Energética (EPE), apontam que o potencial técnico energético do biogás de resíduos no Brasil passa dos 80 Mtep até 2031, o equivalente a 25% da demanda energética nacional.
“O biogás de rejeitos da agropecuária é um segmento de possível colaboração [com a China]. O Brasil já tem alguma estrutura nessa área, mas aquém do nosso potencial”, disse Tereza durante evento de comemoração dos 50 anos da relação Brasil-China.
“A China é líder, detém capital e tecnologia. Podemos tentar atrair investimentos chineses diretos nessa área, que tem potencial para gerar energia limpa e lidar com rejeitos de forma sustentável socioeconômica e ambientalmente, e descarbonizar a cadeia de proteína animal”, completou a senadora.
O relançamento das relações sino-brasileiras, durante a visita de Lula à China em 2023, colocou na pauta a economia de baixo carbono e a transição energética.
A China atua em diferentes negócios no setor de energia no Brasil, desde fornecimento de equipamentos a geração de energia, passando pelo mercado de carros elétricos.
O país asiático é referência na indústria de bens e serviços para renováveis, além de liderar as instalações globais de eólica e solar.
Com a parceria renovada, Brasil e China agora querem aproveitar suas posições para cooperar em áreas como neoindustrialização e reforma da governança global, para torná-la mais representativa – isto é, deslocar a agenda climática da Europa para países emergentes.
O que significa ampliar mercados para os bios (biomassa, bioenergia, biocombustíveis), ou, em última análise, produtos do agronegócio que enfrentam barreiras ambientais europeias.
Significa também explorar a projeção brasileira no cenário internacional, já que o país preside o G20 este ano, e sediará a conferência climática das Nações Unidas (COP30) em 2025.
Em busca de investimentos verdes
Para o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, as oportunidades de investimentos para os chineses são muitas:
“Novo PAC, infraestrutura, energia renovável, automotiva, carros híbridos, veículos elétricos, complexo da saúde, indústria aeronáutica. É difícil uma área que não haja uma parceria entre Brasil e China, uma amizade que só se consolida e que avança”.
Alckmin também participou do evento organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) nesta manhã.
E defendeu que o contexto econômico atual é favorável para atrair novos negócios, com a queda do Risco Brasil, de 258 pontos, para 130, junto com recuos na inflação, desemprego e taxas de juros.
“Subiu o PIB, avançou a economia, cresceram as exportações e a China tem papel extremamente relevante nisso”, comemorou, citando investimentos das montadoras BYD e GMW em fábricas no Brasil para produção de elétricos e híbridos.
Acordo bilateral
Em declaração conjunta assinada em abril do ano passado, Brasil e China se comprometeram com um diálogo bilateral para promover a transição energética e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) “de forma justa e equitativa”, globalmente.
Os dois indicam a intenção de cooperar em pesquisas para desenvolver tecnologias de descarbonização, com ênfase em bioenergia, hidrogênio e combustíveis sustentáveis para aviação (SAF, na sigla em inglês). E observam a necessidade de considerar as características regionais.
A China, por exemplo, é altamente dependente de carvão, embora tenha lançado mão de políticas nos últimos anos para alavancar a expansão de renováveis na geração interna. O país asiático também concentra 80% do suprimento global para painéis solares.
Nayara Machado
Fonte: https://epbr.com.br/