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ano de 2023, agora observado pelo retrovisor, marcou um período de adaptação para o setor moveleiro, que passou por impactos bastante distintos durante as ondas da pandemia de Covid-19 nos anos anteriores (2020-2022). Dinâmica acompanhada de perto pela ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), que compartilha de relatórios mensais em parceria com o IEMI, empresa de pesquisa de mercado, trazendo dados consolidados, análises e projeções da produção, do emprego, investimentos, varejo doméstico e comércio exterior no setor.
Após um começo de ano difícil, marcado por ajustes políticos e desafios especialmente de ordem econômica — inflação e juros altos seguidos por restrições no acesso ao crédito, entre outras questões —, a indústria brasileira de móveis e colchões exibiu sinais de recuperação nos últimos meses de 2023, crescendo 1,6% em volume de peças produzidas na passagem de outubro para novembro, de acordo com a edição atualizada da “Conjuntura de Móveis”.
Volume produzido em milhões (2023)
O desempenho no penúltimo mês minimizou a influência negativa ao longo do ano, mas não foi o suficiente para reverter a projeção de queda para o fechamento de 2023, que aponta para um declínio de 0,9% em relação ao volume produzido em 2022, de acordo com Marcelo Prado, diretor do IEMI. Por outro lado, ao se analisar as vendas somadas do mercado interno e externo, “em função de uma pequena elevação nos preços médios do mix comercializado pela indústria”, reforça Prado, “projeta-se que tenha havido um crescimento modesto da receita total das empresas do setor, em torno de 0,8% sobre 2022, em valores nominais, sem descontar a inflação do período”.
Balanço das exportações de móveis e colchões em 2023
Ao falarmos do cenário político e econômico, contudo, a influência não é só interna. Um dos pontos altos da indústria brasileira de móveis nos últimos anos, as exportações enfrentaram obstáculos externos ao longo de 2023. Em novembro, as exportações brasileiras de móveis e colchões cresceram 10,4%. No mês seguinte, porém, a atividade vivenciou queda de 10,3%.
O cenário de altos e baixos foi impulsionado especialmente pela queda na demanda em alguns dos principais mercados acessados pelo Brasil. Dessa forma, o acumulado do ano apresentou um recuo total de 11,4% na receita das exportações moveleiras, totalizando uma venda de US$ 735,3 bilhões para o mercado externo no decorrer de 2023, ou algo próximo a R$ 3,7 bilhões na conversão atual (primeira semana de fevereiro de 2024).
A ABIMÓVEL traz mais detalhes sobre o balanço das exportações de móveis em 2023 num próximo artigo aqui no site.
Projeções para o varejo nacional
No varejo interno, o volume de vendas de móveis e colchões também cresceu em novembro: +29,4% em volume e +28,7% em receita quando comparados com o mês anterior. Os resultados trouxeram melhoras nas expectativas para o início de 2024, mas também não foram capazes de reverter o cenário ambíguo no segmento, que, segundo as expectativas do IEMI, deve ter fechado 2023 com queda no volume de vendas (-3,5%), mas aumento no faturamento (+2,1%), ambos na comparação com o ano anterior.
Expectativas para 2024
Entrando agora no segundo mês de 2024, as projeções para este ano são cautelosamente mais otimistas, com expectativa de crescimento tanto na produção quanto nas vendas internas e externas. Panorama que depende, porém, de uma série de impulsionadores.
“Para 2024, além das suas próprias estratégias para crescer mais que o mercado, as empresas moveleiras terão que contar com a melhora natural do ambiente econômico, com a redução da inflação, já materializada pela lucidez e persistência do Banco Central, a redução paulatina dos juros e do endividamento das famílias, juntamente com uma melhora na disponibilidade de crédito para varejistas e consumidores”, pontua o diretor do IEMI.
Confirmando-se tal cenário, essas mudanças deverão favorecer a melhoria no desempenho do varejo local e, consequentemente, da produção brasileira de móveis. Dentre as principais estimativas do IEMI para 2024, destaca-se justamente a evolução positiva da indústria e do varejo, conforme exposto no quadro abaixo:
“Gosto sempre de lembrar que o Brasil é um país muito grande, com desempenho bastante heterogêneo entre as suas regiões, canais de varejo e públicos consumidores. Criando, dessa forma, oportunidades relevantes para as empresas que souberem mapear os nichos de mercado que melhor estão performando, para construir uma estratégia vencedora para o seu negócio”, reforça Marcelo Prado. Outro fator a ser levado em consideração, segundo ele, é de que “ainda que os indicadores de crescimento para 2024 não sejam tão representativos ou garantidos, temos que lembrar que o setor da construção civil continua a avançar e muitos imóveis novos continuam a serem entregues todos os dias, ajudando a estimular a demanda por mobiliário no país”.
O presidente da ABIMÓVEL (Associação Brasileira da Indústria de Móveis), Irineu Munhoz, expressa confiança nas capacidades do setor para superar os desafios e aproveitar as oportunidades emergentes, reforçando, por exemplo, os avanços em torno do novo plano de reindustrialização do país, o NIB (Nova Indústria Brasil): “Estamos estudando de maneira meticulosa o Plano de Ação entregue à Presidência da República, de forma a compreendermos como nossas empresas podem melhor se beneficiar de forma inteligente e estratégica de cada uma das missões. Entendendo, porém, que ainda há muito a ser feito em termos de incentivos para o setor moveleiro nacional, que ao ser o sexto maior produtor de móveis do mundo e a oitava maior cadeia empregadora do Brasil, contribui ativamente para a economia nacional, fazendo-se essencial a atenção do estado para a manutenção e o fortalecimento do setor”.
Pensando nisso, aliás, neste mês de fevereiro uma comitiva da ABIMÓVEL estará mais uma vez em Brasília (DF), cumprindo agenda oficial que, entre outros pontos, envolve o diálogo direto com lideranças políticas e industriais tanto para o alinhamento de estratégias em relação ao NIB quanto para a reinvindicação de outras pautas importantes e urgentes, como a inclusão do mobiliário em programas de financiamento habitacional, tal qual o Minha Casa, Minha Vida.
CONJUNTURA DE MÓVEIS
Os relatórios mensais intitulados “Conjuntura de Móveis” são concebidos para facilitar o monitoramento da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) e seus associados em relação ao desempenho do mercado de móveis e colchões no Brasil.
Para tanto, são examinados mensalmente os percentuais de evolução da produção física, pessoal ocupado, média salarial, produtividade do setor, aquisições de máquinas, importações e exportações na indústria, bem como vendas e inflação no varejo de móveis, conforme os últimos dados disponíveis em fontes oficiais de consulta pelo setor.
Acesse a nova edição da “Conjuntura de Móveis”, com indicadores atualizados, em: http://abimovel.com/capa/acervo-digital/
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Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário – ABIMÓVEL
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Fonte: Abimóvel