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Notícias

30
jan
2024
(DESMATAMENTO)
Um terço da exploração ilegal de madeira em MT ocorreu em áreas protegidas

No município de Colniza, já foram explorados 12 mil ha de forma ilegal, o que corresponde a mais de 10 mil campos de futebol.

Um levantamento divulgado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON) apontou que quase um terço da exploração ilegal de madeira em Mato Grosso ocorreu em áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação.

Segundo os dados, mais de 100 mil hectares de floresta amazônica foram explorados de maneira ilegal entre agosto de 2021 e julho de 2022, o que corresponde a cerca de 27% do total registrado no período, em seis estados: Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Mato Grosso.

Mato Grosso ocupa o segundo lugar no ranking das ilegalidades e perde para o estado do Pará. Já na lista dos municípios com mais áreas exploradas sem autorização para extração de madeira, Mato Grosso possui nove municípios.

No município de Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, já foram explorados 12 mil ha de forma ilegal, o que corresponde a mais de 10 mil campos de futebol.

Segundo dados 25,6% das ações ilegais se concentram em terras indígenas e 19,5% em unidades de conservação. Segundo a coordenadora do Programa Transparência Ambiental do ICV, Ana Paula Valdiones, quando a exploração ilegal invade territórios indígenas e unidades de conservação, ameaça a manutenção dos espaços, regulamentação climática e das chuvas.

“A exploração ilegal de madeira prejudica o próprio produtor madeireiro porque torna difícil a competição de quem faz certo e de quem explora essa madeira ilegalmente e traz uma degradação do bioma que causa uma série de impactos ambientais que vão deixar suas marcas no território”, diz.

De acordo com a superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Cibele Xavier, o órgão investiga planos de manejo autorizados na região que estariam esquentando madeira extraída ilegalmente.

“Quando a gente mapeia que existe essa exploração seletiva, as equipes fazem o monitoramento dos créditos para identificar as pessoas jurídicas que estariam fazendo essas transações suspeitas” , conta.

Outro fator que preocupa os pesquisadores é que mais da metade da área explorada ilegalmente está em propriedades rurais que já possuem cadastro ambiental rural, o que permite a identificação do dono da fazenda.

Segundo o secretário adjunto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Alex Marega, a fiscalização em campo ainda é necessária em algumas áreas do estado, mas que em locais que possuem a tecnologia de cadastro, é possível identificar o responsável pela área desmatada.

“Quando está cadastrado, é feito um alerta de desmatamento e imediatamente é dado um auto de infração e um embargo. A pessoa recebe uma notificação que ele foi identificado e será autuado pelo o que já foi feito. Caso continue, ele receberá uma visita da fiscalização”, comenta.

Para o coordenador de inteligência territorial do ICV, Vinicius Silgueiro, é preciso fortalecer os órgãos de fiscalização para combater esse tipo de crime

“Mato Grosso tem uma representatividade muito importante no setor madeireiro, mas ao mesmo tempo, responde por 65% do total explorado na Amazônia e proporcionalmente na ilegalidade e por isso é importante que o estado fortaleça o combate à ilegalidade nas áreas protegidas”, concluiu.

O Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), entidade que representa o setor de base florestal no estado, informou que não compactua com nenhum tipo de prática ilegal.

Segundo o Cipem, o estado de Mato Grosso é reconhecido por produzir madeira nativa rastreada, legal e sustentável.

Por Eunice Ramos, TV Centro América

Fonte: https://g1.globo.com/meio-ambiente/

ITTO Sindimadeira_rs