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Setor florestal movimenta mais de R$ 1 bilhão nos municípios de Palmas, Gal. Carneiro, Bituruna e Cel. Domingos Soares.
Com uma área plantada de 76,5 mil hectares, empregando mais de 7,4 mil trabalhadores e movimentando R$ 1,3 bilhão no Valor Bruto de Produção (VBP), o setor florestal segue encabeçando a economia dos municípios do eixo do Rio Iratim, no Sul do Paraná.
A bacia hidrográfica do Iratim compreende os municípios de General Carneiro, Bituruna e Coronel Domingos Soares, além de Palmas, que deu origem aos outros três municípios.
Terra dos campos e dos pinheirais nativos, o município de Palmas teve no inicio da sua formação, quando da “descoberta dos campos”, no inicio dos anos 1800, a pecuária como base da sua atividade econômica. A existência das vastas florestas era vista como um empecilho para a expansão das áreas de pastagem.
Em sua dissertação de mestrado, intitulada “Entre campos e florestas: transformações da paisagem no município de Palmas”, a historiadora Janete Chaves Carlin aborda aspectos deste tema, pontuando que a extração madeireira passou a ocupar um espaço de destaque na economia do município no inicio dos anos 1900, com a criação de estradas e a expansão da rede ferroviária para as regiões que hoje compreendem o Sul do Paraná e o Norte de Santa Catarina.
O ápice da exploração madeireira na região de Palmas ocorre entre as décadas de 1950 e 1980. Somente no período entre 1970 e 1980, existiam quase 100 serrarias no município palmense.
Porém, já na década de 1960, eram percebidas as mudanças na configuração dos ecossistemas da região e o governo do Paraná, por exemplo, iniciava um projeto de reflorestamento, com incentivo ao plantio de pinus para a indústria madeireira, de papel e celulose. Nesta época, as primeiras experiências de reflorestamento eram desenvolvidas em Palmas, sobretudo após a promulgação do Código Florestal de 1965.
A expansão da nova cultura foi rápida. De acordo com o Censo Agropecuário de 1975, em Palmas foram contabilizados 1,78 milhão de pinheiros araucária e 11,1 milhões de pinus plantados. Em Bituruna eram 988 mil araucárias e quase 3,4 milhões pinus, enquanto que em General Carneiro foram contabilizados 12,7 milhões pinus e 3,5 milhões pinheiros. Na época, Coronel Domingos Soares ainda era um distrito pertencente a Palmas. A sua emancipação ocorreu em 1995.
Mesmo com a popularização do pinus, pesquisadores apontavam para a necessidade de ampliação dos polos florestais no Estado. Em reportagem publicada no dia 26 de agosto de 1975, o jornal Diário do Paraná destaca que “Só eixos florestais podem salvar situação do Paraná”. Baseado em levantamentos do Centro de Pesquisas Florestais da Universidade Federal do Paraná, o jornal apresentava um panorama da cobertura florestal do Estado, com redução expressiva dos seus percentuais.
Uma das soluções, de acordo com a reportagem, era a criação de dois polos florestais no Paraná. Um deles no eixo Telêmaco Borba-Sengés e outro no eixo Guarapuava-Palmas, que integraria também os municípios de General Carneiro, Bituruna, Pinhão, Inácio Martins, Pitanga e Laranjeiras do Sul. O objetivo era reflorestar 500 mil hectares com araucárias e pinus. O financiamento do projeto ocorreria por meio de incentivos fiscais às empresas interessadas.
Ainda na reportagem, era destacado que a escolha da região entre Guarapuava e Palmas ocorreu por ela ser considerada uma das “melhores do mundo” para a produção de matéria prima para papel e celulose.
Mais de 40 anos depois, a área destinada à produção florestal nos municípios de Palmas, Coronel Domingos Soares, Bituruna e General Carneiro ultrapassa 76,5 mil hectares, de acordo com levantamento da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE).
O setor reúne, aproximadamente, 230 empresas, que juntas, empregam mais de 7,4 mil trabalhadores na região, segundo dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais).
Relatório do Valor Bruto de Produção (VBP) de 2022, divulgado pelo Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná no último mês de agosto, aponta que as florestas plantadas foram responsáveis pela movimentação de R$ 1,3 bilhão nos quatro municípios.
No mercado internacional, o setor madeireiro dos municípios banhados pelo Rio Iratim exportou o equivalente a US$ 248,7 milhões no ano de 2022, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Palmas se destaca pela produção de compensados, movimentando US$ 185,3 milhões em exportações no ano passado.
Apesar dos números expressivos e sua relevância dentro do contexto econômico estadual, o setor florestal do Paraná tem desafios a enfrentar. Um deles não é novo. Assim como em 1975 se apontava a necessidade da criação de eixos para produção, a realidade atual não é diferente.
Em entrevista à Rádio Club de Palmas, o presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal, Zaid Nasser, pontuou que o Estado precisa ampliar seus polos de produção florestal, principalmente na região Noroeste.
Ressaltou que, muito além de expandir o efetivo plantio, o objetivo é investir em tecnologia para melhorar a produtividade por hectare, visto que o espaço para ampliar a área plantada é limitado.
por Guilherme Zimermann
Fonte: https://rbj.com.br/