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Nem só de araucárias são feitas as pesquisas de Scipioni. O professor do Campus de Curitibanos da UFSC também desenvolve um projeto que busca catalogar imbuias e gigantes de diferentes outras espécies. Árvore símbolo de Santa Catarina, a imbuia, cientificamente conhecida como Ocotea porosa, igualmente corre risco de extinção. Encontrada em maior concentração no Norte e Meio-oeste catarinense, a espécie de valor histórico concentra aspectos importantes para a fauna e a flora, pois promove abrigo para outros animais, como mamíferos, aves e insetos.
O professor explica que, por terem uma longevidade muito maior, as imbuias acabam por dar guarida em seu tronco e copa para outras formas de vida, acolhendo plantas epífitas, como orquídeas e bromélias. A espécie promove o sequestro de carbono, que é um processo de retirada de gás carbônico (CO2) da atmosfera e acumulado em sua biomassa e promove fotossíntese transformando-o em oxigênio. Por fim, se for feito manejo florestal sustentável, pode servir como madeira de qualidade para construção de casas e de móveis, sem “importar” as madeiras da região Amazônia.
Em 2013, quando retornou dos Estados Unidos para o Brasil, Scipioni começou a catalogação pela araucária, icônica no Sul do Brasil, ampliando para outras espécies, como imbuias e canafístulas. No contexto do bioma da Mata Atlântica, foi definido que o registro se daria a partir de um metro e meio de diâmetro. Desde então, já são mais de 1 mil árvores mensuradas, a maioria em propriedades particulares, conservadas de geração em geração. Essas imbuias gigantes se localizam em municípios como Vargem Bonita, Frei Rogério, Três Barras, Fraiburgo.
O pesquisador explica que, além das árvores derrubadas pelo crime ambiental, também aquelas que forem ao chão por força da natureza são úteis para o trabalho de pesquisas em dendrocronologia. O método científico que determina a idade, com base nos anéis de crescimento das árvores, círculos visíveis no corte transversal do tronco.
– Nós vamos até o local e fazemos a coleta de amostras de madeira – diz.
Scipioni dá dicas para quem encontrar uma árvore que considere gigante:
– Para nomear uma árvore grande, primeiro se deve ter certeza da identificação correta da espécie, em seguida, fazer algumas medições básicas para determinar a circunferência na altura de 1,30 m do solo, se possível medir a altura da árvore em metros. A gente pede para que a fotografia tenha uma pessoa ao lado da árvore, o que facilita a verificação do tamanho do tronco. Saliências na base e bases tabulares podem ser incluídas na altura de 1,3 m, como ocorre com as figueiras. A localização geográfica da árvore é obrigatória para o registro da árvore no banco de dados – explica Scipioni.
Os resultados dessas pesquisas foram feitos com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Árvore mais antiga do Brasil está em São Paulo
É difícil cravar onde está a árvore mais antiga do Brasil. Mas existem referências entre as 9 mil espécies que marcam a nossa biodiversidade. Batizada de Patriarca da Floresta, o jequitibá-rosa (Cariniana legalis) com 42 m de altura, 4 m de diâmetro e 11,3 m de circunferência está localizado em Santa Rita do Passa Quatro (SP), a cerca de 245 km da capital, seria a espécie mais antiga. Fica dentro de um parque. A idade chegou a ser estimada em mais de 3 mil anos, contudo, segundo pesquisas mais recentes, teria entre 600 e 900 anos.
Isso significa que antes do colonizador Pedro Álvares Cabral chegar por aqui, os povos originários já o conheciam. Na América do Sul, o Chile seria o caminho: no parque nacional Alerce Costero, no sul, um cipreste-da-patagônia (Fitzroya cupressoides) é, supostamente, a árvore mais antiga do mundo.
A descoberta é relativamente recente, quando, em 2020, o climatologista Jonathan Barichivich, do Laboratório de Ciências do Clima e Meio Ambiente e Meio Ambiente de Paris, conseguiu atingir 40% do interior da planta, alcançando uma idade estimada de 2.400 anos. A partir daí, o pesquisador utilizou um modelo preditivo para calcular a idade total da árvore, chegando à estimativa de 5.484 anos. Como não se trata do método tradicional de contagem, a descoberta não é reconhecida por toda a comunidade científica.
Ainda assim, o modelo preditivo acaba sendo a solução para estimar a idade de muitas espécies, quando o núcleo já se encontra podre. Para os que concordam com o método do climatologista, o cipreste-da-patagônia bateu o concorrente americano, um antigo pinheiro (Pinus longaeva) espécie mantida em segredo para garantir sua segurança, na Grande Bacia do Nevada, na Califórnia.
Por muito tempo, essa foi considerada a árvore viva mais antiga do mundo, somando 4853 anos, popularmente chamado Matusalém, que teria 4853 anos. O nome é uma referência ao personagem bíblico que viveu mais: 969 anos. A história dele está registrada em Gênesis (5 : 21-32).
Fonte: https://www.nsctotal.com.br