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Notícias

23
ago
2023
(MADEIRA E PRODUTOS)
Onde e como comprar madeira

Confira as dicas do especialista Fernando Belchior de como comprar madeira de forma segura e legalizada

Comprar madeira pode ser uma tarefa um tanto quanto desafiadora, isso porque há uma série de dúvidas que podem surgir durante esse processo.

Além disso, é preciso se atentar ao local escolhido para fazer a compra e verificar se o material comercializado é legalizado.

Outro ponto importante é que, no Brasil, esse mercado é um dos maiores do país tornando a escolha de madeiras ainda mais difícil diante a tantas possibilidades.

Estima-se que o país possua cerca de 12% do total mundial de cobertura florestal, ou seja 495 milhões de hectares, que correspondem a 60% do território do país. Desta área, 485,4 milhões de hectares (98,1%) são de florestas nativas e 9,5 milhões de hectares (1,9%) são de florestas plantadas, principalmente com as espécies eucalipto (7,5 mi de ha) e pinus (1,7 mi de ha).

Esse cenário garante a base de suprimento da produção da indústria de madeira sólida no país, que atualmente é responsável por 5,8% do PIB brasileiro. Só no último ano, o valor bruto da produção desse setor totalizou R$ 26,8 bilhões. Além disso, a balança comercial do segmento totalizou US$ 3,6 bilhões.

Diante desses números não é difícil constatar a importância desse setor para o Brasil, no entanto, o excesso de opções no mercado pode gerar ainda mais dúvidas nos consumidores na hora de comprar madeira.

Comprar madeira: por onde começar?

E, para fazer essa compra de forma mais segura, o engenheiro Fernando Belchior, que atualmente trabalha como marceneiro, orienta que há seis perguntas essenciais que precisam ser feitas na hora de adquirir esse tipo de material, são elas:

1. A madeira comercializada é extraída, transportada e vendida legalmente?
2. A madeireira assegura que as espécies identificadas pelos vendedores estão corretas?
3. A venda das pranchas se dá por seleção pelo cliente ou bica corrida?
4. Como a madeireira trata as porções defeituosas das pranchas, tais como a existência de orifícios de xilófagos, presença de fungos, rachaduras e porções danificadas?
5. O preço praticado é o por metro cúbico de madeira (espessura X largura X comprimento) das peças ?
6. Caso seja necessário fazer o corte das peças para facilitar o transporte de acordo com o veículo disponível, a empresa faz este corte ou só o permite após o pagamento?

Ainda segundo ele, também é importante verificar as condições da madeireira para garantir que se trata de um lugar legalizado e que comercializa produtos de qualidade.

“Há alguns indicadores que podem eventualmente atestar um lugar como sendo um bom fornecedor de madeira, tais como: a organização e a limpeza do local, o uso de EPI’s pelos funcionários e o espaço onde as pranchas estão abrigadas (elas devem estar protegidas de condições climáticas e organizadas por espécies)”, explica Belchior.

Para o engenheiro, também é preciso verificar se a madeireira faz o uso de tabiques nas madeiras ainda não secas e se faz o armazenamento de pranchas na vertical com ângulo o mais próximo possível de 90 graus. “Outra dica é observar se o lugar permite que os clientes selecionem as pranchas, ao invés de vender por ‘bica corrida’ (sem seleção pelo cliente)”, aconselha o marceneiro.

Já em relação à legalidade da venda, Belchior explica que o fornecimento do Documento de Origem Florestal (DOF) é um bom indício de que a operação é legal. No entanto, apenas essa documentação não garante a legalidade integralmente.

“Infelizmente, ainda há pessoas que burlam os procedimentos legais de extração e comercialização de madeira. Nesse ponto, um fator adicional que pode ajudar é a certificação Forest Stewardship Council (FSC) que, como representa um gasto da empresa e a submete a auditorias, consiste em um sinal muito forte de operação legal de venda de madeira."

Qual o estado ideal da madeira para a compra?

De acordo com o engenheiro, quando o assunto é o estado da madeira, o primeiro ponto de atenção na hora da compra deve ser a umidade da prancha.

“A forma mais correta de garantir que a madeira está com a umidade adequada para uso imediato é empregar a medição da umidade através de um medidor”, explica Belchior, acrescentando que a recomendação é de sempre comprar madeira com teor de umidade entre 8 e 12%.

“Outro detalhe é que, a menos que o uso da madeira aconteça imediatamente após a compra, deve-se comprar sempre pranchas não processadas. Isso se deve ao fato de que a madeira, após ser usinada (aparelhada) pode sofrer empenamentos, torções, entre outros danos”, enfatiza o engenheiro. “Ou seja, se a pessoa dispões de meios para processar a madeira em sua oficina, o melhor é comprar as pranchas brutas, não aparelhadas, e aparelhá-las na sua própria marcenaria”.

Além disso, do ponto de vista exclusivamente da marcenaria, o ideal é buscar pranchas que beirem a perfeição: sem orifícios de xilófagos, sem rachaduras, sem partes danificadas, na umidade adequada e sem os chamados defeitos de forma (sela, canoa, arco e torção).

Outra dica é em relação às espessuras que devem ser 40, 60, 80, 100 ou 120 mm, e as maiores larguras e comprimentos possíveis.

O conselho final de Belchior é obedecer a lei, pensar no meio ambiente e fugir das madeiras que são "moda" - porque isso tem nos levado à quase extinção sistemática das espécies, uma após a outra.

“É preciso considerar as espécies exóticas que estão sendo plantadas no Brasil, como algumas boas variedades de eucalipto (como o urograndis), o cedro australiano, a teca, e o mogno africano, dentre outras”, conclui o marceneiro.

Fonte: ForMóbile Digital

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