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Notícias

03
ago
2023
(SILVICULTURA)
Reflorestamento para “Silvicultura de Carbono”, o que falta?

O setor de florestas plantadas, que surgiu com o nome de reflorestamento, talvez tenha sido um bom exemplo de políticas públicas já existentes no Brasil. O Código Florestal de 1965, naquela época, preconizava o reflorestamento para suprir demandas industriais à base de madeira das espécies nativas! E em 1967, surgia a política de incentivos fiscais para reflorestamento, que se estendeu até 1987! Estima- se ter havido plantio de 5 milhões de hectares, e dificuldades inumeráveis. Não existia nada e tudo foi criado e aprimorado com o tempo.

Com acertos e erros, com falhas na deficiente estrutura de comando e controle, com variadas adversidades e polêmicas, valeu muito o esforço de brilhantes profissionais para o sucesso da atividade rural, que foi se consolidando! Foram gerados mais de 3 milhões de empregos nas diversas cadeias produtivas e o Brasil se tornou líder mundial na produção de celulose de fibra curta, no maior produtor de aço à base de carvão vegetal e um dos grandes produtores de chapas de madeira.

O Brasil consolidou a silvicultura mais competitiva, em nível mundial e desenvolveu riquíssimo patrimônio industrial. De forma sucinta, esse foi o resultado da participação do Governo Federal, através de política pública para responder às demandas que exigiam urgentes providências!
A muitos que viveram e conheceram essa rica história fica uma pergunta – diante do clamor e das oportunidades que se vislumbram para créditos de carbono, o que falta para que se tenha, através de reflorestamento, um grande Programa Governamental de Restauração Florestal? Estaremos aproveitando-se de áreas degradadas para plantios de espécies nativas, protegendo nossos vitais recursos hidrológicos, biodiversidade e solos em estado de erosão. São serviços ambientais de valores incalculáveis! Há, no entanto, que se ter regras bem definidas para localização e procedimentos para que se torne realidade essas oportunidades para os créditos de carbono tão propalados. Afinal, é ou não é uma legítima demanda de toda a sociedade?

Já temos a “silvicultura do metro cúbico” para produção de madeira industrial mais competitiva, em nível mundial! Temos experiência e conhecimentos acumulados, competência profissional e vastas áreas a serem protegidas. Há algum tempo, temos assistido a um esforço danado, de grupo restrito de empresas e de pesquisadores, para colocar em pé a “silvicultura de carbono”, enquanto a realidade de campo continua quase uma abstração e restrita à iniciativas desbravadoras! Há de se encontrar os caminhos institucionais e legais que tornem essas oportunidades em negócios reais com resultados e compromissos concretos e aferíveis!

Será que não está passando da hora de se estabelecer um Programa Governamental de Restauração Florestal para atender a essas demandas? Que se façam as adequações necessárias nas experiências vividas anteriormente, que se usem os recursos e ferramentas tecnológicas disponíveis, que se envolvam as estruturas existentes de ensino e pesquisas e que se utilize da competência profissional desenvolvida para tal fim. Só não há razão para se deixar passar, sem o devido esforço e atenção de todo o setor e especialmente de nossos governantes, os clamores e oportunidades tão propagadas em reuniões e discursos internacionais!

Vamos torcer para que essa realidade esteja ao alcance de toda a sociedade. Com certeza, estaremos iniciando uma nova atividade com enormes possibilidades de se destacar, a curto prazo, em nível mundial!

🌳Nelson Barboza Leite – Agrônomo – Silvicultor – nbleite@uol.com.br

Fonte: Comunidade de Silvicultura

Jooble Neuvoo