Notícias
Em uma live especial, profissionais ligados à sustentabilidade debateram temas urgentes relacionados à conservação ambiental com um olhar voltado para as pautas de efeitos positivos ao planeta
Da esquerda para a direita: Marcos Coronato, jornalista e editor executivo de Um Só Planeta e Época Negócios; Edison Carlos, presidente do Instituto Aegea; Cenira Nunes, gerente geral de Meio Ambiente da Gerdau; Walter Raleigh, analista de Meio Ambiente da Eletronorte; e Leonardo Sobral, gerente de Cadeias Florestais no Imaflora Reprodução
Se por um lado as empresas são parte integrante dos problemas ambientais que o mundo vem enfrentando, por outro, elas mesmas podem contribuir para alcançar a solução. Com essa visão, no dia 17 de julho, Dia de Proteção às Florestas, Um Só Planeta promoveu a live “Proteção e o uso sustentável das florestas: qual o papel das empresas nessa jornada?”.
Abrindo e contextualizando o debate, Leonardo Sobral, gerente de Cadeias Florestais no Imaflora, reforçou a função poderosa das florestas na regulação do clima, tema que afeta as pessoas e empresas de todos os setores. “Se não tivermos florestas, não teremos ar puro, não teremos água doce, não teremos manutenção do solo para produção de alimentos”, exemplificou. E fez uma provocação em relação à percepção de valor de nossas riquezas naturais: a de que só iremos conseguir manter nossas florestas no dia que entendermos que ela vale mais em pé do que derrubada.
Nesse sentido, é fundamental fazer a conexão dos serviços e bens de consumo com a dependência das florestas. “Cada empresa precisa entender que, mesmo que não esteja diretamente ligada com a proteção ambiental, ela faz parte de alguma cadeia produtiva que tem empresas ligadas. Hoje não dá para falar de atividade-fim da empresa, a gente precisa falar da atividade-fim da cadeia”, ressaltou Edison Carlos, presidente do Instituto Aegea.
Mais do que ressaltar os efeitos ambientais positivos, o debate focou em como as ações nesse sentido podem criar oportunidades de negócio. A Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, encontrou uma forma de gerar valor em seu produto entregue à sociedade a partir da troca parcial do carbono fóssil pelo biorredutor, o carvão vegetal usado no processo de produção do aço. “Isso se mostrou muito importante para a competitividade da produção siderúrgica no Brasil e para a Gerdau, porque essa rota produtiva é relevante para a descarbonização. Ela contribui para que nossos resultados de emissões de GEE (gases de efeito estufa) sejam cerca de metade da média global”, contou Cenira Nunes, gerente geral de Meio Ambiente da marca. Como resultado de sua matriz produtiva sustentável, a Gerdau possui, atualmente, uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa (CO₂e), de 0,89t de CO₂e por tonelada de aço, ante a média global de 1,89t de CO₂e por tonelada de aço (worldsteel).
A empresa se tornou uma das maiores produtoras de carvão vegetal do mundo, com 254 mil hectares de florestas em 90 municípios mineiros, sendo 36% destinados para preservação ambiental com vegetação nativa. Esses valores são superiores aos obrigatórios legalmente, o que deixa claro que o esforço tem um fim maior do que o cumprimento da legislação. “São mais de 11 milhões de toneladas de CO₂ que conseguimos estocar nessas áreas”, disse Cenira.
Também colocando a preservação na agenda estratégica do negócio, a Eletronorte, empresa de geração e transmissão de energia elétrica, enxerga o potencial de aumento de competitividade que isso traz. “Os selos verdes que ganhamos com a proteção ambiental atraem clientes que procuram empresas que tenham processos certificados”, apontou Walter Raleigh, analista de Meio Ambiente da Eletronorte.
A conversa ainda jogou luz sobre a importância da educação ambiental e do cuidado com as comunidades, que têm papel fundamental na manutenção das áreas nativas. A Gerdau exemplificou com seu programa Germinar, que, desde a década de 1990, vem promovendo o desenvolvimento sustentável e contribuindo para a formação de uma cultura ambiental principalmente entre crianças e jovens.
Já a Aegea citou o Águas da Guariroba, um projeto com viveiro próprio em Mato Grosso do Sul com capacidade de produção de cem mil mudas por ano. A iniciativa começou como um programa para recuperação paisagística e hoje estimula ações de desmatamento, e se tornou um polo de apoio ao sistema de reflorestamento.
A Eletronorte falou sobre seu programa Germoplasma Florestal, na Usina Hidrelétrica Tucuruí, no Pará. Com o objetivo de conservar espécies nativas, a empresa tem um laboratório próprio que coleta sementes e produz mudas em um viveiro que comporta 120 mil unidades, que são distribuídas para a comunidade e para ações de reflorestamento.
Os especialistas fecharam a conversa concordando em que há muito trabalho pela frente e também uma circunstância extremamente favorável ao negócio. “As empresas devem considerar as florestas dentro de sua estratégia, olhando como oportunidade e não como um fardo”, concluiu Leonardo Sobral.
Fonte: Por Gerdau