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Agricultores e pecuaristas conheceram os trabalhos apresentados pelos pesquisadores Ciro Magalhães, Maurel Behling, Luciano Lopes, da Embrapa, e, também, Dalton Henrique Pereira, da UFMT
A Embrapa Agrossilvipastoril apresentou, nessa segunda-feira, dia 3, a representantes da Associação dos Criadores do Norte (Acrinorte) e Sindicato Rural de Sinop, resultados de pesquisas conduzidas ao longo de 12 anos envolvendo os componentes lavoura, pecuária e floresta em sistemas integrados de produção.
Agricultores e pecuaristas conheceram os trabalhos apresentados pelos pesquisadores Ciro Magalhães, Maurel Behling, Luciano Lopes, da Embrapa, e, também, Dalton Henrique Pereira, da UFMT.
Acrinorte e Sindicato Rural são importantes parceiros institucionais da Embrapa. Conforme explicou a chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, Laurimar Vendrusculo, os trabalhos compartilhados ajudam a compreender a dinâmica em um sistema integrado de produção, reforçando a importância de cada componente e suas variáveis.
Foto: Leandro Nascimento
“Esses resultados vêm corroborar com a sustentabilidade. Conseguimos produzir, obter ganho de peso em um sistema que proporciona conforto térmico aos animais, por exemplo”, enfatizou a gestora durante a visita técnica.
O experimento de ILPF com foco na pecuária de corte e produção de grãos teve início no fim de 2011. A partir de 2015, o projeto de pesquisa passou a contar com a parceria da Acrinorte. A associação cede os animais que são introduzidos ao sistema de ILPF para as avaliações específicas, de acordo com o experimento.
Além disso, a parceria contempla a contratação de dois colaboradores exclusivamente para atuarem no experimento de ILPF de corte. A Acrimat também foi parceira no projeto entre 2015 e 2022.
Pecuarista na região de Sinop há mais de 30 anos, João Bombonato enfatizou o saldo positivo da parceria entre a Embrapa e as entidades do setor produtivo. Bombonato, que já fez parte da diretoria da Acrinorte, também acompanhou, desde o início, a articulação entre as instituições com a finalidade de moldar parceria para a condução dos trabalhos.
“A Embrapa tem sido uma parceira grande da Acrinorte, da Famato, da Acrimat, do Sindicato Rural de Sinop e de todos os pecuaristas da região, porque vem com estudos aprofundados em todos os sistemas de produção. Essa parceria já dura 10 anos e são vários experimentos feitos para que os resultados sejam fidedignos e aceitos pela comunidade científica internacional”, enfatizou João Bombonato, associado à Acrinorte.
A relevância da parceria do setor produtivo com a empresa de pesquisa também foi destacada pelo presidente do Sindicato Rural de Sinop e vice-presidente da Famato, Ilson Redivo como um bom modelo de trabalho.
Apresentação de resultados – Ao abrir a rodada de discussões, o pesquisador Ciro Magalhães mostrou resultados de produtividade da lavoura nos diferentes sistemas integrados e falou sobre a interferência das árvores na lavoura.
No mesmo trabalho, foram também mensurados os impactos das árvores na produtividade de lavouras de grãos (soja e milho) conduzidas em um sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
Dentre as conclusões geradas está a de que a produção de grãos em sistemas ILPF é recomendada para os primeiros anos. No entanto, é possível o retorno da lavoura por dois ou até três anos, a depender da configuração do sistema, após intervenções no componente florestal. O manejo correto das árvores pode manter a produtividade da agricultura mesmo em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) já consolidados, com árvores crescidas.
A pesquisa foi realizada em um experimento de 72 hectares, em que sistemas de produção de soja/milho, pecuária de corte e eucalipto são comparados com todas as combinações possíveis de integração: ILP, ILF, IPF e ILPF (com rotação a cada dois anos e com lavoura na safra e pecuária na safrinha todos os anos).
As áreas com componente arbóreo são formadas por renques triplos de eucaliptos, com espaçamento de 30 metros entre eles, plantados em sentido leste-oeste.
Já o pesquisador Maurel Behling falou sobre os resultados do componente florestal no sistema ILPF, em avaliações realizadas sobre o crescimento e produção florestal, biomassa e carbono, produção de madeira, ciclagem de nutrientes, índices térmicos de exploração e desbaste. Entre as conclusões compartilhadas, está a de que a ILPF proporcionou maior crescimento e produção individual das árvores (efeito bordadura).
Como destacou o pesquisador, se bem manejado, o componente arbóreo gera ganhos produtivos e econômicos. Ainda, a própria decisão de manejo das árvores deve ser tomada de acordo com a estratégia definida e com o propósito de uso da madeira.
Produção animal – Os resultados do sistema integrado para a produção animal também foram apresentados durante a visita. A cooperação entre a Acrinorte e a Embrapa Agrossilvipastoril vem contribuindo para a geração de dados oriundos de trabalhos que abordam diferentes eixos, entre os quais a forragicultura, produtividade de carne, precocidade sexual, conforto térmico e bem-estar animal, emissão de gases de efeito estufa, sanidade do rebanho, entre outros.
Durante visita técnica à Unidade de Pesquisa, em Sinop, o grupo de associados à Acrinorte e ao Sindicato Rural de Sinop também acompanhou as exposições conduzidas pelos pesquisadores Luciano Lopes (Embrapa) e Dalton Henrique Pereira (UFMT).
As pesquisas desse núcleo de pecuária já proporcionaram dados sobre pontos como a relação sombra e a incidência de verminoses em gado de corte, além de questões relativas à precocidade sexual de novilhas em sistemas integrados, entre outras.
Luciano Lopes lembrou, durante suas exposições, que o conforto térmico (proporcionado pela sombra) e disponibilidade de pastagem de melhor qualidade foram determinantes para melhoria nos indicadores de precocidade sexual.
Entre os dados destacados pelo professor e pesquisador da UFMT, Dalton Pereira, estão aqueles referentes ao ganho de peso dentro da plataforma experimental ILPF de corte.
Em Sinop, no experimento, registraram-se médias superiores a 26,6 arrobas por hectare a cada ano, obtidas nos últimos nove meses de avaliação do componente animal (outubro 2022 a junho de 2023).
Fonte: Embrapa