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O Manejo Integrado da vespa-da-madeira é uma das soluções tecnológicas da Embrapa Florestas que faz parte do Balanço Social da Empresa, com avaliação de impacto anual. O Balanço Social de 2022 foi lançado em 26 de abril, durante a comemoração de 50 anos da Embrapa, em Brasília, e se encontra disponível em https://www.embrapa.br/balanco-social.
O engenheiro agrônomo Emiliano Santarosa, da Embrapa Florestas, um dos responsáveis por conduzir a avaliação de impacto da Unidade, explica que o principal objetivo da tecnologia é manter a população da praga abaixo do nível econômico de danos, a implementação dos métodos preconizados, permite a redução do número de árvores atacadas, garantindo a sobrevivência, produtividade e a qualidade do povoamento de pínus.
“O manejo integrado, que envolve o monitoramento da praga, o controle biológico e o manejo silvicultural reduzem significativamente os danos e perdas ocasionados pela vespa-da-madeira no campo, resultando em aumento de produtividade dos sistemas de produção de Pinus e garantindo a produção e oferta de madeira no setor. Atualmente diversas empresas florestais, destacando as associações APRE, ACR, Ageflor e Sindimadeira, adotam esta tecnologia que já faz parte do programa de manejo nos plantios de Pinus, impactando positivamente toda cadeia produtiva”
Impactos econômicos
Em 2022, o programa de controle da vespa-da-madeira gerou benefícios econômicos, atribuídos à participação da Embrapa, no valor de R$ 302.761.500,00. Esses valores se referem ao preço da madeira em pé, a ser obtida no local de plantio, que é a prática mais comum de comercialização da madeira.
Atribuiu-se à Embrapa Florestas, 50% dos impactos econômicos gerados, uma vez que ela foi responsável pelo desenvolvimento e pela transferência da tecnologia. Os outros 50% dos respectivos impactos são atribuídos ao FUNCEMA e às empresas que o mantêm. “Importante ressaltar que este valor refere-se aos benefícios econômicos resultantes do uso da tecnologia, sendo os valores absolutos da produção florestal de Pinus (Valor Bruto da Produção) ainda são significativamente maiores e de grande expressão no Brasil, que de certa forma também apresenta relação com esta tecnologia devido a garantia da produção de madeira de Pinus em nível nacional”, destaca Santarosa.
Como é calculado o impacto econômico
O impacto é calculado com base no método do excedente econômico, que envolve análise do incremento de produtividade, redução de custos, agregação de valor, entre outros indicadores. Fatores como estimativas da área de adoção e consulta às empresas e produtores também são consideradas.
Os métodos utilizados para a análise econômica ainda consideram: Índice Benefício Custo (B/C); Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), a qual foi calculada também em simulações quanto à sensibilidade aos custos e aos benefícios.
A análise do Benefício/Custo apresenta um índice que indica quantas unidades de capital recebido como benefícios são obtidos para cada unidade de capital investido, neste caso na pesquisa. Conforme preconiza o método, são aceitos como viáveis economicamente todos os investimentos ou projetos que apresentarem relação B/C maior que um (1).
Quanto ao método do VPL, que mede o valor absoluto de um investimento, demonstrando o acréscimo de lucro, considerando uma taxa de juros estipulada; preconiza que é viável economicamente, todo investimento que apresente VPL maior ou igual a zero e, quanto maior o VPL, mais atrativo será o investimento.
No caso do Manejo integrado da Vespa-da-madeira (Sirex noctilio), o índice B/C de geração da tecnologia foi de 73,89. Portanto, apresenta uma relação benefício custo vantajosa, com retorno satisfatório economicamente. O VPL foi R$ 627.054.757,02 e a TIR 52,21%, ressaltando que estes indicadores são calculados utilizando os custos de geração da tecnologia e os seus benefícios econômicos no setor.
Impactos ambientais
O programa de manejo integrado da vespa-da-madeira preconiza o uso de tecnologias que são ambientalmente adequadas, visto que, utiliza técnicas silviculturais para a prevenção e o controle biológico que não provocam impactos negativos ao ambiente.
Destacam-se os índices de: mudança no uso da terra, uso de insumos agrícolas, e conservação da biodiversidade.
O critério de mudança no uso direto da terra é impactado positivamente em função da alta produtividade dos plantios de pínus e da garantia da produção viabilizada mediante o controle adequado da praga, beneficiando todo setor produtivo.
Os impactos nos indicadores “mudança no uso indireto da terra” devem-se, principalmente, ao controle biológico de pragas e a menor pressão sobre a abertura de novas áreas. Esse último item impacta indiretamente de forma positiva na conservação da biodiversidade, já que a madeira oriunda de florestas de pinus com controle da vespa-da-madeira possibilita a oferta de matéria prima e maior produtividade por unidade de área, e ao mesmo tempo diminui a pressão sobre as florestas nativas, com a manutenção de matas nativas e corredores de fauna.. “Além disso, os plantios florestais tratam-se de culturas perenes, com cobertura do solo permanente e geralmente são implantados em áreas marginais para uso agrícola, servindo para diversificação da produção e cobertura florestal em diferentes regiões. Sendo que do ponto de vista ambiental, o grande benefício desta tecnologia está no controle biológico a partir de inimigos naturais, sem a necessidade de uso de insumos químicos ou outros métodos para controle da praga. ”, destaca Santarosa.
No que se refere às emissões à atmosfera, ao se adotar a tecnologia, proporciona-se maior produtividade -evitando perdas pelo dano da praga-e, assim, o sequestro e fixação de maiores quantidades de CO². Portanto, na abrangência regional, apresenta um efeito positivo em relação ao balanço de carbono e relações climáticas.
A tecnologia diminui indiretamente o uso de agroquímicos (uso de insumos agrícolas), uma vez que todo o manejo para o controle da praga é realizado através de inimigos naturais e método de controle biológico, impactando indiretamente na qualidade do solo e água.
Impactos sociais
Quanto aos impactos sociais, a tecnologia afeta diretamente aspectos de trabalho/emprego, renda, gestão e administração nas propriedades e empresas. Nas pequenas propriedades, oportuniza impactos positivos pontuais na qualificação e oferta de trabalho, influenciando na qualificação para as atividades de manejo florestal. Nas grandes propriedades e empresas, o resultado da avaliação é semelhante, sendo que matem diversos postos de trabalho e setores especializados no monitoramento da vespa-da-madeira e manejo do Pinus, além dos benefícios sociais gerais do setor florestal em toda cadeia produtiva. De forma geral, devido à necessidade de treinamentos para detecção, monitoramento e controle da praga, a adoção da tecnologia propicia importantes impactos positivos no indicador “capacitação”.
Importante destacar, que a Embrapa Florestas é a única instituição no Brasil, detentora do conhecimento de criação do nematoide utilizado no controle biológico (Nematec), inclusive tendo transferido esta tecnologia para a Argentina, Chile e Uruguai. Assim, além dos impactos econômicos, sociais e ambientais positivos, a tecnologia proporciona também, impactos sobre o conhecimento, capacitação e relações político-institucional, os quais são altamente significativos e favoráveis à Embrapa e a sociedade. “Apresenta reconhecimento nacional e internacional quanto ao programa da vespa-da-madeira e historicamente tendo recebido diversos prêmios relacionados a pesquisa e a tecnologia gerada na área florestal, com forte parceria com as associações de base florestal”, ressalta Santarosa.
(Com EMBRAPA)
(Emanuely/Sou Agro)
Fonte: https://souagro.net/