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Cargas são exportadas para, pelo menos, três países - com documentação fraudada. Reportagem especial mostra como elas são roubadas de áreas preservadas da floresta.
Esquema criminoso esquenta madeira nobre retirada ilegalmente de terras indígenas
A reportagem especial desta semana no Fantástico fala sobre um esquema para "esquentar" madeira retirada de terras indígenas. A matéria faz parte do projeto internacional Forbidden Stories - Projeto Bruno e Dom. O Forbidden dá sequência a apurações de jornalistas mortos ou presos no exercício da profissão, como o Dom Philips, assassinado no Vale do Javari há um ano.
A reportagem deste domingo (4) é resultado de uma outra investigação, sobre a exploração criminosa de madeiras nobres brasileiras em áreas de conservação. Os repórteres Sônia Bridi, Paulo Zero, James Alberti e Junior Alves acompanharam a rota dessa exploração criminosa, que destrói a Floresta Amazônica.
Tudo começa em uma área de manejo florestal, onde a exploração de madeira pode ser feita, desde que o dono da terra tenha um plano detalhado e aprovado pelo órgão ambiental.
Cada árvore tem um número - que é a identidade dela. Assim é produzida a madeira certificada e legalizada. Só que algumas árvores que nunca estiveram ali, são declaradas. O Fantástico rastreou três cargas de madeira ilegal, que usavam créditos fictícios, da floresta até o destino final.
O que dizem os citados:
Wanderley Batista de Brito, o engenheiro florestal que fez o plano de manejo declarando árvores que não existiam na floresta, já havia sido preso em 2022, pelo Ministério Público do Mato Grosso por fraude em créditos ambientais. Em nota, Wanderley negou as irregularidades no plano de manejo e também qualquer participação na venda de créditos fictícios. Disse ainda que não teve acesso ao relatório do Ibama e são falsas as acusações que o levaram à prisão.
Em nota, o dono da Neo Wood afirma que desconhece a origem ilegal da madeira e que suas atividades atendem as normas ambientais.
Jordaneo Carnelos, dono da Forte Brasil, foi multado em R$ 59 mil e vai responder por crimes ambientais e por falsidade ideológica. Ele não quis dar entrevista.
O Fantástico procurou as empresas internacionais. A americana Overseas e a sul-coerana Sywood não retornaram. Já a Horizon, da Índia, disse que desconhece qualquer tipo de prática da empresa Neo Wood. Afirmou ainda que é responsável com o meio ambiente e que só compra madeira de empresa legal.
O advogado dos donos da Fazenda Rafael não deu retorno.
A Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso diz que a falha no Sisflora já foi corrigida.
Em nota, a Madenobre afirma que compra madeira com documentos emitidos por empresas cadastradas no Ibama e com liberação concedida pelo órgão ambiental. A empresa nega que tenha madeira sem crédito ou crédito sem madeira. Sobre a apreensão de araucárias, a Madenobre diz que a carga era "proveniente de um evento climático e foi feito o aproveitamento da madeira, sem fins comerciais".
A Móveis Rudnick disse em nota que preza pelas exigências legais para aquisição regular de madeira e que apoia as ações do Ibama e da Polícia Federal.
Os representantes da Widia e da Vila Rica, não retornaram.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima disse que vai editar um novo plano de rastreabilidade, que promete limpar a cadeia de produção da floresta - do gado à madeira. E assim garantir o acesso de produtos brasileiros a mercados cada vez mais fechados para países que não respeitam o meio ambiente.
Fonte: Por Fantástico