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Robô da Floresta, com capacidade de plantar 1.800 mudas por hora, deve chegar ao mercado em 2024, com preço de R$ 2,98 milhões
Marcello Guimarães trabalha no desenvolvimento da máquina há sete anos visando solucionar a falta de mão de obra para o plantio de árvores.
Plantar florestas com rapidez, qualidade e custo baixo. Essas são as vantagens do Forest.Bot (robô da floresta), segundo o empresário e inventor Marcello Guimarães, que já desenvolveu seis protótipos da máquina que está sendo finalizada na fábrica da Incomagri Máquinas Agrícolas, em Itapira (SP), para ser lançada comercialmente em 2024.
O equipamento de plantio automatizado tem DNA 100% nacional e capacidade de plantar 1.800 mudas por hora com controle de qualidade via inteligência artificial (IA).
O empresário carioca conta que trabalha no desenvolvimento da máquina há sete anos visando solucionar um grande problema do seu negócio principal: a falta de mão de obra para o plantio de árvores.
Ele e o irmão Eduardo, ambos da área de tecnologia, fundaram a empresa Mahogany Roraima para plantio de mogno africano, madeira de alto valor comercial que não tem a limitação de manejo imposta ao mogno nacional e cuja produtividade é de cerca de 150 metros cúbicos por hectare.
“Somos os maiores produtores de mogno africano do Brasil, com uma lavoura de 2.500 hectares e crescendo”, diz Marcello, acrescentando que os testes dos protótipos foram feitos na fazenda, que fica perto da capital de Roraima, Boa Vista, e em áreas de parceiros.
Até o final do ano, a versão comercial do robô da floresta deve passar por 600 horas de teste no campo, antes de ser colocada à venda por um preço estimado de R$ 2,98 milhões, que Marcello diz ser menor do que as outras máquinas de plantio.
Concorrentes
No Brasil, quem saiu na frente neste mercado de plantio automatizado de árvores foi a multinacional de origem japonesa Komatsu, que constrói máquinas para os setores florestal, mineração e construção.
O modelo D61EM Planter, lançado em 2021, foi apresentado como destaque neste ano no estande da empresa na Agrishow, no início de maio, em Ribeirão Preto (SP).
Com três linhas, a máquina planta 900 mudas/hora. O plantio é automatizado com piloto automático e georreferenciamento. O equipamento faz a cova para receber a muda, planta, irriga e faz a fertilização lenta da muda.
Segundo a assessoria da empresa, o total de negócios fechados na Agrishow superou os R$ 100 milhões e incluiu a venda de três unidades da Planter.
No ano passado, a John Deere apresentou na Expoforest sua máquina de plantar árvores, a Nilgiri 1.0, com capacidade de plantio de 1.200 mudas por hora com georreferenciamento e ecossistema conectado.
O equipamento conta com pulverizador com piloto automático e mapa de plantio integrado à colheitadeira, com acesso a dados que mostram onde está cada árvore. Ainda não há previsão de lançamento e início das vendas da Nilgiri.
Patente registrada
Marcello afirma que o sistema do Forest.Bot, já patenteado em 153 países para plantio tanto em áreas limpas como em áreas de reforma, é totalmente diferente dos modelos da Komatsu e da John Deere e dos outros oito que estão em desenvolvimento no mundo visando resolver a questão da mão de obra cada vez mais escassa para essa atividade.
“As máquinas dos concorrentes não plantam efetivamente nem 30% do que se propõem porque trabalham no sistema de elipse em velocidade constante, o que deixa a maioria das mudas deitada na cova para frente ou para trás. A nossa máquina usa um sistema de trilho deslizante, irriga a muda e a deixa ereta no chão, convertendo mais de 90% das mudas em árvores.”
Segundo o empresário, o trilho deslizante de 3 metros de comprimento permite uma velocidade de 8 km/hora ou 2,2 m por segundo, enquanto uma pessoa planta mudas a, no máximo, 4 km/h, se for muito rápido e experiente.
Cada máquina pode plantar 90 hectares por dia ou 2.700 ha por mês, considerando 100 mudas por hectare — Foto: Divulgação
O Forest.Bot sai de fábrica com GPS e uma câmera que grava a posição, data e hora de plantio, gerando a informação se a muda foi bem plantada ou não, que pode ser acessada na nuvem.
Marcello ressalta que, mais que atender às indústrias de produção da matéria-prima do papel e celulose, seu equipamento é a solução mais barata e rápida para ações de reflorestamento com plantio de mudas georreferenciadas de espécies nativas ou exóticas em operação contínua.
Cada máquina pode plantar 90 hectares por dia ou 2.700 ha por mês, considerando 100 mudas por hectare, com apenas dois operadores (um que só monitora a operação porque o equipamento opera com piloto automático e outro que coloca a muda no bico de plantio) em três turnos, num processo 100% transparente e auditável.
O robô da floresta já é protagonista do projeto de reflorestamento criado há dois anos pelos irmãos Guimarães chamado iPlantForest (eu planto florestas) para recuperar áreas com passivo ambiental e plantar florestas próprias ou para terceiros.
Nosso projeto sustentável de reflorestamento é o único capaz de reflorestar na velocidade necessária para cumprir o Acordo de Paris em que o Brasil se comprometeu a plantar 12 milhões de árvores até 2030
— Marcello Guimarães
O empresário conhecido pela invenção do Visual Kit 5, um dos softwares mais vendidos do Brasil, estudou em uma escola agrícola de Cuba, onde viveu oito anos com o irmão e a mãe, a guerrilheira Marília Guimarães, que se exilou com a família no país de Fidel Castro após participar do sequestro de um avião no Brasil.
Suzano
Segundo Marcello, muitas empresas internacionais já demonstraram interesse na compra do Forest.Bot, entre elas a Suzano, uma das maiores produtoras e exportadoras de papel e celulose do país que tem 1,3 milhão de hectares de árvores plantadas e 11 unidades industriais.
Procurada pela Globo Rural, a empresa disse que está na etapa que antecede aos testes e a encomenda de equipamentos e que a definição do número de máquinas só deve ocorrer após a realização desses testes.
“Nós temos a competitividade como uma das premissas para a atuação de excelência da companhia. Por isso, estamos constantemente em busca de soluções e equipamentos que possam contribuir para ampliar a nossa produtividade e assegurar as melhores práticas no campo”, disse, em nota, Paulo Mancinelli, gerente-executivo de excelência operacional na Suzano.
Por Eliane Silva — Ribeirão Preto (SP)
Fonte: https://globorural.globo.com