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12
mai
2023
(MADEIRA E PRODUTOS)
O que é madeira engenheirada?



Mjøstårnet The Tower of Lake Mjøsa / Voll Arkitekter. © Ricardo Foto

A madeira é o concreto do futuro. Provavelmente você já deve ter ouvido essa frase, visto que, as apostas nas construções em madeira estão cada vez mais altas. Entretanto, não estamos falando das técnicas construtivas tradicionais que utilizam madeira, mas sim, desse conhecido material aliado à tecnologia de ponta.

A madeira engenheirada, como o próprio nome diz, é processada industrialmente a fim de otimizar o seu desempenho para uso na construção civil. Geralmente, são madeiras que passam por um processo de seleção que exclui nós, trincas e rachaduras para, então, alinhar as fibras e transformar as madeiras em tábuas, lâminas ou até mesmo micropartículas de modo que facilite a união das peças.

Após processo de composição, as peças podem se tornar pilares, vigas ou painéis estruturais, dependendo da sua aplicação, resultando em diferentes tipos de madeira engenheirada. Os mais conhecidos na construção civil é a CLT (sigla para madeira laminada cruzada, Cross Laminated Timber em inglês) e a MLC (sigla para madeira laminada colada, Glue Laminated Timber ou Glulam em inglês). Em linhas gerais, a CLT é um painel estrutural composto por no mínimo três camadas de tábuas empilhadas de forma perpendicular à camada inferior e coladas nas faces largas, sendo utilizado para construir lajes e paredes. Já a MLC é constituída por lâminas de madeira coladas umas às outras e dispostas com as fibras paralelas ao eixo longitudinal da peça, sendo utilizadas principalmente em vigas e pilares.

Na prática, sua montagem se dá de maneira muito mais ágil e fácil, quando comparada aos métodos de construção tradicional, sendo essa uma das grandes vantagens do sistema. Tanto os painéis quanto vigas e pilares de madeira engenheirada são fabricados fora do canteiro e transportados para a obra com todos os detalhes pré-definidos para receber as instalações mecânicas, elétricas e hidráulicas, diminuindo o tempo de obra e minimizando os erros e desperdícios. Com essa tecnologia, edifícios de madeira de até 20 andares podem ser construídos em períodos 50% menores se comparados com a construção tradicional.

Além disso, essa tecnologia construtiva aliada a ferramentas digitais torna o processo ainda mais vantajoso, como é o caso da aplicação do sistema BIM (Building Information Modeling) que permite o desenvolvimento de um VDC (Virtual Design and Construction), ou seja, um modelo virtual que replica o processo construtivo permitindo que a obra seja estudada e analisada antes de iniciar no mundo real.

Entretanto, como Pablo van der Lugt, — pesquisador que estuda o potencial de materiais como bambu e madeira engenheirada para o setor da construção civil — afirmou, as vantagens desse material são inúmeras e vão muito além das economias em obra. Construções com base em materiais biológicos geridos de forma sustentável tem circularidade dupla pois podem ser erguidas com conexões secas desmontáveis possibilitando reutilizações futuras. Além disso, a madeira engenheirada pode servir como ferramenta para reduzir a pegada de carbono da edificação e também tem sido utilizada como caminho para recuperar e desenvolver as tradições de construção ancestrais em diferentes lugares do mundo, trazendo à tona uma interpretação contemporânea de um material presente nas arquiteturas vernaculares.

Há inúmeros projetos que servem como exemplo da aplicação desse material, desde grandes edifícios como o Mjøstårnet, na Noruega, ou os Blocos Habitacionais Puukuokka, na Finlândia, até pequenas residências como a Octothorpe House, nos EUA, ou a Casa Bocaina-Paraty, no Brasil. Além desses projetos, nesta publicação listamos 50 obras feitas em CLT que se destacam por suas formas arrojadas e programas distintos. Uma pluralidade de aplicações, assim como uma grande diferença geográfica, que enfatizam ainda mais a crescente utilização da madeira engenheirada e suas infinitas possibilidades construtivas.

Galeria de Imagens

 

• Escrito por Camilla Ghisleni


 

Fonte: Meu ArchDaily

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