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De tempos em tempos, a silvicultura muda de rumo com surpreendentes inovações. Para muitos, essas mudanças surgem diante de ameaças ou limitações à estabilidade do setor. Normalmente, provocam impactos na produtividade, no social, no ambiental ou na estrutura organizacional das empresas!
As florestas plantadas de pinus e, especialmente, de eucalipto respondem de forma significativa às mudanças, quase sempre, baseadas no desenvolvimento de pesquisas científicas.
A primeira rodada de ganhos com reflexos na produtividade foi resultado de grande pacote tecnológico, juntando muitas pesquisas voltadas à formação das florestas. Esse ciclo, de modo geral, completou-se com a produção de clones. Era a soma do esforço de brilhantes profissionais, muitas pesquisas, experimentações e investimentos. E assim, concretizávamos o salto de 15/20 metros cúbicos por ha ano para próximo de 40, e com empresas registrando índices ainda maiores. Rumo bem definido, mas que foi tendo melhoramentos contínuos a depender das empresas e regiões!
Por volta do ano 2000, com a chegada da certificação, novas mudanças e novo salto. Desta vez, com reflexos mais evidentes no social e ambiental. Mais do que estabelecer exigências, a certificação fez com que as empresas acreditassem na importância de se elevar o lado social e o lado ambiental aos níveis alcançados com a evolução tecnológica. Um salto de qualidade nas condições de trabalho, e na forma de se integrar ao processo produtivo as questões ambientais.
Nesses últimos 20 anos, além da certificação, surgiram também as TIMOS Florestais - Timber Investment Management Organization - grandes investidores na formação de florestas. Não mudaram o rumo, mas promoveram uma grande alavancagem no profissionalismo da silvicultura! Foi um período muito rico na evolução tecnológica em ferramentas digitais para os mais diversos controles e um mundo de ações sociais e ambientais se desenvolveu nas diversas empresas. Foi nesse embalo também que se viveu período bastante adverso com as conhecidas oscilações do mercado de madeira. Nada justificava inovações ou maiores preocupações!
Para bem da silvicultura, nos últimos 5 (cinco) anos, as coisas mudaram. Acendeu-se a luz amarela e em alguns cantos a luz vermelha! Foi só os estoques de madeira sumirem e toda a cadeia produtiva se mexeu. E a correria começou!
Os sinais que permaneceram camuflados por anos se mostraram ameaçadores - a mesmice da fragilidade da base genética, as pragas e doenças que deixaram de ser raridade, as secas prolongadas que afetaram o crescimento das florestas, os fomentados que se afastaram do setor, a terceirização que se tornou base imprescindível para execução dos serviços e a expansão das áreas de plantio, que voltou a provocar polêmicas, quanto à biodiversidade, proteção dos recursos hídricos e atenção às comunidades vizinhas. Esses são alguns dos problemas que passaram a assustar e desafiar a todos!
E junto a esses desafios surgiu de forma pomposa a sustentabilidade, vista de várias formas, mas sempre abrindo oportunidades para inovações e correções. Surge a necessidade de restaurações, rastreadas num compromisso e numa dívida internacional, surge a oportunidade de se monetizar créditos de carbono e a necessidade de se alavancar os plantios com espécies nativas. Enfim, um punhado de oportunidades. E para os silvicultores do metro cúbico um alerta – não existe mais estoque de salvamento – agora se faltar madeira vai parar a fábrica.
Diante desse contexto, não há quem duvide de novos avanços na produtividade, no social, no ambiental e no fortalecimento institucional do setor! E, com certeza, virá junto maior valorização da tecnologia, um repensar dos aspectos sociais e ambientais e, acima de tudo, respeito à competência profissional! São novidades que mudam rumos, e ganha muito a silvicultura!
🌳Nelson Barboza Leite - Agrônomo - Silvicultor - nbleite@uol.com.br
Fonte: Comunidade de Silvicultura