Notícias
Disponibilidade de madeira vem caindo, com novas plantas industriais sendo colocadas em operação, e preços, aumentando
Os executivos da Suzano (SUZB3) estão relativamente otimistas para a dinâmica do setor de celulose em 2023. Ao contrário de parte do mercado, que vê o preço da commodity caindo ao longo do ano, os diretores da companhia defendem que há alguns entraves para que um recuo considerável “saia do papel”.
Primeiramente, a percepção da Suzano é que a demanda por celulose na China deve se normalizar nas próximas semanas, o que deve sustentar os preços.
Após o gigante asiático ficar fechado em meio à política de Covid Zero, o país, um importante consumidor de celulose, está agora em processo de reabertura e as compras estão intensificando mês a mês. As compras foram maiores em fevereiro do que em janeiro e maiores em janeiro do que em dezembro.
Do outro lado, da oferta, os executivos também apontam que há uma “margem de segurança” para o preço da celulose.
Enquanto alguns analistas afirmam que deve haver pressão baixista nos preços em meio à abertura de diversas plantas, que estão sendo colocadas em operação, a Suzano defende que existe uma barreira maior, de disponibilidade de madeira.
“Nós estamos aumentando a capacidade de produção na América do sul, principalmente no Brasil, e nossos concorrentes também. Só que muitos desses projetos, não é o nosso caso, não tinham florestas disponíveis, então eles saíram comprando madeira. Com isso, houve um aumento do preço da madeira”, explicou Walter Schalka, diretor executivo da Suzano, em coletiva após a publicação dos resultados do quarto trimestre.
Para a companhia, os novos projetos de celulose na América do Sul terão, inclusive, dificuldades de saírem do papel entre 2025 e 2028 por conta dessa questão. A própria Suzano afirmou que não vê o momento como positivo para novos projetos de celulose.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Contudo, a Suzano vê que está protegida, ao menos no curto prazo, do aumento de preços.
“O preço da madeira aumentou no mercado, mas nós dependemos muito pouco do mercado e, tudo que dependemos, já contratamos. Por isso nosso custo não aumentará, pelo contrário, tem uma tendência de redução no curto e médio prazo”, expôs o CEO. “Estamos vendo desde o final do ano passado o início da redução do preço de diversas commodities. Brent, soda cáustica e ácido sulfúrico, principalmente, que são importantes na nossa produção. Se continuar nesse direcionamento, isso nos ajudará na redução dos gastos”.
De acordo com a Suzano, o preço dos químicos é responsável por algo entre 20% e 25% do custo caixa, que foi de R$ 708 por tonelada no quarto trimestre – considerando paradas programadas de produção.
Ações caem após balanço
Após o resultado, as ações SUZB3 registram queda na Bolsa: às 12h47 (horário de Brasília) desta quarta, as perdas eram de 2,81%, a R$ 46,40.
Para o Bradesco BBI, os resultados da Suzano para o 4T22 foram mais fracos do que o esperado, com o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) somando R$ 8,2 bilhões, 4,5% abaixo da estimativa do banco de R$ 8,6 bilhões, recuando 5% no trimestre –embora 29% maior em base anual. Essa frustração foi impulsionada por uma combinação de volumes de celulose ligeiramente abaixo do esperado, preços menores e custos da celulose.
Os analistas seguem com recomendação equivalente à venda para as ações da Suzano, com o preço-alvo de R$ 54,00, pois acreditam ser improvável que as ações tenham um bom desempenho em um ambiente de preços de papel e celulose em mais fraco, vendo espaço limitado para uma reavaliação no curto prazo.
A XP destaca que a companhia, apesar do ciclo de crescimento, conseguiu desalavancar no trimestre de 2,2 vezes para 2 vezes a relação entre dívida líquida e Ebitda.
“No geral, percebemos em nossas últimas conversas que os investidores estão tentando entender onde os preços da celulose vão cair, a fim de ganhar confiança para aumentar a exposição ao setor. Além disso, ainda vemos a empresa negociando em múltiplos baixos e mantemos nossa recomendação de Compra para a empresa”, afirmam os analistas da casa.
O Itaú BBA também segue com recomendação equivalente à compra para SUZB3, com preço-alvo de R$ 63. Para o banco, a produtora de papel e celulose reportou resultados ainda fortes no quarto trimestre, embora tenham ficado mais fracos em relação ao terceiro trimestre.
Os resultados sequenciais mais fracos são justificados por pressões em custos, que acabaram pesando mais que os preços resilientes no período, avalia.
Por Vitor Azevedo
Fonte: Infomoney