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Notícias

28
fev
2023
(MADEIRA E PRODUTOS)
50 Projetos que mostram a ascensão da construção com Madeira Laminada Cruzada

A madeira é um material natural, renovável e pode apresentar baixas emissões de carbono se manejado adequadamente. No entanto, enquanto material de construção, quando submetida a uma força direcional ao longo de sua fibra, a madeira serrada é estruturalmente instável e considerada inadequada para cargas mais elevadas. Em comparação, a madeira laminada cruzada (CLT) — cuja fabricação envolve simplesmente a colagem de várias camadas de madeira com as fibras arranjadas numa trama perpendicular — atinge um nível muito mais alto de rigidez estrutural ao longo de ambos os eixos. Os componentes de CLT devem ter no mínimo três camadas, mas podem ser reforçados com a adição de outras. Simplificando, devido à complexa física envolvida na laminação perpendicular, a resistência da CLT é semelhante à do concreto armado, com desempenho comprovado sob forças sísmicas.

Então, o que há de novo? A madeira já existe há tempo suficiente, e a usamos como material de construção há séculos. Certamente esta não é a primeira vez que alguém percebe que ela fica mais forte quanto mais você a usa. Bem... como era de se esperar, a mudança de popularidade da madeira laminada cruzada na construção coincide com uma maior compreensão e foco nas causas ambientais, mas a relação nem sempre foi positiva.
    
Há 20-50 anos, a crise ambiental estava baseada no desmatamento, não em pegadas de carbono, ou seja, a madeira e seus derivados em todas as suas formas eram demonizadas, com os defensores argumentando que o material pertencia ao solo onde ela poderia continuar a fazer o bem, em vez de ser cortada e usada em construções. Os materiais alternativos preferidos, no entanto, eram o aço e o concreto com alto teor de carbono. No início do século XXI, com o crescimento de uma indústria de madeira mais sustentável e responsável, voltada para o reflorestamento, a CLT começou a se tornar o material do momento para projetos de construção sustentável e, de fato, circular, com organizações como a Circular CLT dedicada a reduzir o desperdício da produção CLT e a encontrar soluções para ela, como a energia do hidrogênio alimentado por biomassa. Mas como a CLT começou a ser utilizada na construção? E o que isso significa para o futuro?

Os pioneiros da construção em madeira laminada cruzada (CLT)

Em setembro de 2016, Alison Brooks Architects, em parceria com o American Hardwood Export Council (AHEC), Arup, e o London Design Festival, construiu "O Sorriso" no Chelsea College of Art, em Londres, Reino Unido. O projeto 'mostra o potencial estrutural e espacial da madeira de tulipa americana laminada transversalmente', explica os arquitetos, já que o projeto utiliza a capacidade estrutural do CLT para o balanço em sua curva de 34m de comprimento, até três metros acima do solo, sem suporte adicional.

No entanto, um ano antes da revelação do Sorriso, construído em CLT, os arquitetos da Hawkins/Brown já haviam começado a explorar a capacidade estrutural do CLT com o The Cube, um bloco de apartamentos de dez pavimentos em Hackney, Londres. No edifício, "os painéis CLT são colocados em uma estrutura de aço, reforçando-a para ser parte da estrutura", explica Hawkins/Brown. Na mesma época, o objetivo principal da Albina Yard em Portland, EUA, projetado pela LEVER Architecture, era construir o primeiro edifício americano em CLT, e promover o uso da madeira doméstica combinada a uma estrutura de madeira laminada com painéis CLT. Mais recentemente, a Instalação Mass is More da IAAC + Bauhaus Earth faz referência ao Pavilhão Alemão de Mies van der Rohe na Exposição de Barcelona de 1929, refletindo a grade formal do pavilhão original, utilizando CLT.
Simplicidade e circularidade da CLT

Após extensa experiência de campo, os lendários três porquinhos descobriram que palha e madeira são dois dos materiais estruturalmente menos sólidos para construir. Felizmente, o escritório de arquitetura Kollektiiv não incluiu velhas canções de ninar em sua pesquisa de materiais para a Capela de Palha em Tallinn, Estônia, que sustenta uma parede e uma cobertura de fardos de palha com arcos CLT. Com todos os seus componentes pré-fabricados, o pavilhão foi construído para e pela comunidade local.

As possibilidades de pré-fabricação, por sua vez, tornam soluções arquitetônicas ainda mais complexas mais viáveis, como o projeto do CRAB Studio de um Centro de Inovação na Universidade de Artes de Bournemouth, Reino Unido, que usa o CLT para formar seções irregulares de parede, piso e telhado, e combina de forma lúdica o acabamento de madeira colorida ou natural com vazios de luz. Alternativamente, a Cabine de Quarentena Voxel em Barcelona, Espanha, pegou o material residual gerado durante o processo de produção CLT e o transformou "em uma fachada que mostra a complexidade orgânica da árvore", como explicam os arquitetos, do Valledaura Labs.

A ascensão do plyscraper - arranha-céu de madeira

Junto com sua integridade estrutural, há muitos outros desafios assumidos para os edifícios feitos de madeira a serem superados, como sua inflamabilidade inerente e deformação sob umidade. Estudos mostraram, no entanto, que embora a madeira laminada cruzada seja altamente inflamável, ela também tem uma classificação de resistência ao fogo de REI 90 (o que significa que mantém a capacidade de carga suficiente por até 90 minutos), em comparação com a classificação REI 15 do aço. A decisão de Hawkins/Brown de reconstruir a Piscina da Escola Freemen com estrutura CLT, após a destruição do edifício original em um incêndio, exemplifica isto, e também prova que o material também funciona ao lidar com os desafios de um ambiente úmido.

© Jack Hobhouse
É graças a esta capacidade de carga estrutural, mesmo sob condições extremas como umidade e fogo, que em 2021 o Conselho do Código Internacional determinou que os edifícios CLT poderiam se enquadrar no Código Internacional de Construção IV-A, o que significa que a altura máxima de um "plyscraper" - arranha-céu de madeira - CLT poderia atingir até 82 m (270 pés). Com mais de 79 m (260 pés) de altura, o Sara Kulturhus Center na Suécia é atualmente uma das estruturas de madeira mais altas do mundo, com uma "estrutura de carga construída inteiramente sem concreto, acelerando o tempo de construção e reduzindo drasticamente a pegada de carbono", explica o arquiteto do White Arkitekter.

• Escrito por James Wormald | Traduzido por Rafaella Bisineli

Fonte: https://www.archdaily.com.br/

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