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Notícias

24
out
2022
(OPINIÃO)
O incentivo para reflorestamento foi além do eucalipto e pinus!

O incentivo fiscal para reflorestamento dos anos 70, que perdurou até 1988, foi muito além do rico patrimônio florestal, que se formou – alavancou culturas frutíferas, que atualmente, se destacam em economias regionais, e propiciou uma significativa contribuição ambiental.

No caso das frutíferas temos as culturas da maçã, caju, coco e dendê, dentre outras! Foram culturas permitidas pela política de incentivos para reflorestamento e que na ocasião eram tidas como distorção do sistema. Tomavam parte pequena do orçamento disponível, e criteriosamente, foram determinadas as espécies frutíferas adequadas e prioritárias para as diferentes regiões brasileiras.

No caso específico da maçã, os projetos se concentraram no entorno de São Joaquim, em Santa Catarina, e se prestaram para implementar a cultura naquele estado. Atualmente, muito ampliada e com desenvolvida tecnologia, a região se caracteriza como grande produtora de fruta de excelente qualidade! No Nordeste os plantios de caju deram origem a grandes empreendimentos que se consolidaram em importante cadeia de produção para o mercado interno e exportação. O mesmo acontecendo no Norte com o dendê!

Além da cultura das frutíferas, há de se destacar a importante contribuição que se deu na preservação de matas nativas! Passou a predominar e ser estimulada nos projetos apresentados, na ocasião, a opção por deixar 10% da área a ser reflorestada, como reserva de florestas nativas, além das APPs e Reserva Legal, em troca do plantio obrigatório e mal sucedido de 1% da área a ser reflorestada com espécies regionais.

Há de se louvar a sugestão oportuna, e de grande significado à Dra. Maria Thereza Jorge Pádua, na ocasião, Diretora do Departamento de Parques e Reservas Nacionais do antigo IBDF. Estima-se que foram preservados, nesse sistema, mais de 300.000 ha de reservas florestais nos diversos empreendimentos incentivados!

Frutíferas produtivas e áreas preservadas são exemplos de atalhos bem sucedidos da política de incentivos fiscais para reflorestamento. Talvez, essa tenha sido das mais importantes políticas públicas dos últimos 50 anos, e que deu vida à rica silvicultura brasileira!

Os recursos envolvidos, em cerca de 20 anos, já foi devolvido dezenas de vezes na forma de impostos, além de ter gerado milhões de empregos, um riquíssimo patrimônio industrial, e com participação expressiva no PIB. Um excelente exemplo de vontade política transformada em ações concretas para bem do desenvolvimento econômico, social e ambiental do país!

Tivemos a grata satisfação de participar das referidas iniciativas, como Diretor do Departamento de Reflorestamento do antigo IBDF, contando com uma excelente equipe de colaboradores e com o apoio imprescindível, e de todo momento, do saudoso Presidente do IBDF – Dr. Paulo Azevedo Berutti e, do então, nosso estimado, Ministro da Agricultura – Dr. Alysson Paulinelli!

Sempre, o nosso respeito e admiração!

Nelson Barboza Leite – Diretor da Teca e Daplan – Gestão e Serviços Florestais – nbleite@uol.com.br

Fonte: Nelson Barboza Leite

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