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Valorização do dólar e reaquecimento do setor de construção civil, principalmente dos Estados Unidos, foram alguns dos fatores responsáveis pelo forte crescimento do comércio internacional da matéria-prima paraense.
As exportações paraenses de madeira cresceram mais de 100%, em valor, no acumulado de janeiro a julho deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. No total, a venda internacional movimentou mais de 170 mil toneladas de produtos madeireiros, gerando cerca de US$ 250 milhões em valores.
Apesar do grande crescimento no valor, que mais do que dobrou, a quantidade exportada registrou alta de pouco mais de 23%. Uma das explicações para esse descompasso pode ser encontrada no preço internacional do produto. Enquanto o preço médio acumulado no primeiro semestre de 2020 ficou em torno de US$ 970 por tonelada, em 2021 chegou a US$ 1,5 mil por tonelada, um aumento de 64%, bem acima até mesmo de quase todos os insumos da construção civil, que girou em torno de 40% de aumento em quase todo o mundo, com o reaquecimento deste segmento.
Outro fator responsável por elevar o valor exportado, foi o embarque de grandes volumes de madeira perfilada (pisos, decks, tacos e frisos), produto que possui um alto valor agregado e, por isso, um preço também maior. No acumulado de janeiro a julho de 2022, o produto registrou alta de 119%, com mais de US$ 180 milhões movimentados. “A madeira é uma das matérias-primas da indústria paraense que recebe o maior nível de agregação de valor, se transformando em diversos produtos beneficiados, como os pisos e decks, que hoje são o principal produto exportado pelo Estado, atingindo um altíssimo padrão de qualidade e chegando aos mais exigentes mercados do mundo”, afirma Deryck Martins, diretor técnico da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex).
O balanço das exportações de madeira foi produzido pela Aimex, com base em dados do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). De acordo com a publicação, a forte alta pode ser explicada também pelo cenário de dificuldade enfrentado ano passado, quando os órgãos ambientais apresentaram problemas estruturais para emitir as autorizações necessárias para exportação, o que gerou um acúmulo de carga represada nos pátios das empresas e nos portos.
“Além disso, houve também um desabastecimento de navios e contêineres para transporte das cargas em todo o mundo, resultado da Pandemia de Covid-19, que causou uma desestruturação da rede logística de transporte. Então, muitas cargas que ficaram represadas em 2021, estão sendo exportadas neste ano, o que ajuda a explicar a forte alta”, analisa Guilherme Carvalho, diretor técnico da Aimex.
Destino - O principal destino da produção de madeira paraense continuou sendo os Estados Unidos, respondendo por quase 50% do total exportado no período, seguidos pela França, Holanda, Dinamarca e Bélgica. A grande participação norte-americana se deve, principalmente, ao reaquecimento da construção civil daquele país, após a estagnação causada pela pandemia de Covid-19.
“Reformas, novas unidades sendo entregues, tudo isso movimenta, também, o setor de móveis, que é o principal produto exportado pelo Pará. Já em relação à Europa, além do já citado reaquecimento do mercado, a guerra entre Rússia e Ucrânia e sanções aplicadas aos dois países também contribuiu para aumentar a demanda pelos produtos tropicais, e o paraense entrou nesse bojo, principalmente porque a Rússia era um grande fornecedor dessa matéria-prima a nível mundial”, explica Guilherme Carvalho.
Apesar dos resultados positivos dos sete primeiros meses do ano, o consultor técnico da Aimex alerta para o cenário de incertezas que a exportação de madeira paraense pode enfrentar nos próximos meses, sobretudo devido à política monetária das principais economias do mundo, cuja tendência é de aumentar o nível dos juros para combater a inflação, fato que já vem sendo observado, por exemplo, nos Estados Unidos e no próprio Brasil.
Por Rafael Sobral
Fonte: Redepara