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A densidade das árvores, a biodiversidade local, a idade das florestas e outros fatores impactam de forma diferente nosso corpo
Não é à toa que muitos médicos receitam algumas horas na natureza. Esta conexão, que acabamos perdendo na vida urbana, traz inúmeros benefícios para nossa saúde física e mental. São dezenas de estudos que comprovam que estar em áreas verdes, cheias de vida, ajudam a controlar a ansiedade, melhoram o sistema imunológico, a saúde cardiovascular e ajudam no desenvolvimento pleno de crianças e adolescentes.
No Japão existe a tradição do shinrin-yoku, que se traduz como “banho de floresta”: uma imersão na natureza, conectando nossos sentidos ao mundo natural. Mas, será que todos os tipos de florestas e paisagens naturais têm o mesmo efeito na saúde humana? É isso que pesquisadores ingleses querem descobrir.
Por meio do aplicativo Go Jauntly, voluntários que fazem caminhadas entre diferentes paisagens naturais do Reino Unido são convidados a registrarem suas sensações antes e depois deste contato mais próximo com as árvores e a biodiversidade local.
O objetivo é revelar como os diferentes tipos de paisagem influenciam o bem-estar e a saúde mental de quem faz caminhadas, ou tem como hábito um bom “banho de floresta”. Os resultados vão ser usados para projetar as numerosas áreas verdes que o governo britânico pretende espalhar no país.
As pesquisas são parte de um programa que vai investir £14,5 milhões entre 2020 e 2025 em uma ampla pesquisa interdisciplinar envolvendo várias universidades para garantir benefícios públicos com a implementação de paisagens florestais.
Miles Richardson, professor da Universidade de Derby que integra o grupo de estudos sobre os impactos da conexão com a natureza, diz que espera que os dados coletados apontem descubram como a idade, o tamanho e a forma das árvores beneficiam o nosso bem-estar.
Por enquanto, já se sabe que quanto mais biodiversa é uma floresta, mais benefícios mentais e físicos ela traz para as pessoas que passam algum tempo em seu interior. Richardson suspeita que o bem-estar será mais intenso em florestas antigas, ricas em vida selvagem, do que em áreas com plantações de menos espécies, ou de uma única espécie.
Outros resultados mostraram um grau de relaxamento maior em áreas com densidade de árvores entre 30% e 50% do que em florestas mais densas, com as árvores mais próximas umas das outras.
Richardson explica que outros dados, como o canto dos pássaros e outras interações com outras espécies de fauna e flora também vão entrar na pesquisa.
O objetivo é garantir uma grande variedade de paisagens para que pessoas de todos os temperamentos e origens possam descobrir os benefícios da natureza à sua maneira. “Precisamos encontrar maneiras para que todos tenham uma relação mais próxima com a natureza, porque é bom para o bem-estar e é bom para um futuro sustentável”, explica ele.
“Esse processo será diferente para as diferentes comunidades. A emoção é descobrir quais são essas soluções e envolver as pessoas no design, desenvolvimento e construção destas paisagens”, Richardson.
Florestas à prova do clima
Além de identificar os tipos de florestas mais adequados para as pessoas, é importante criar áreas verdes que sobrevivam às mudanças climáticas e que ajudem a mitigar os seus efeitos. Para isso, é preciso pesquisar quais espécies de árvores se adaptam melhor às ondas de calor, tempos secos ou chuvas abundantes, por exemplo. “Quando pensamos nas florestas do futuro, é essencial ter espaço para caminhadas entre as árvores perto de onde as pessoas vivem”, explica o pesquisador.
Por: Natasha Olsen
Fonte: Ciclo Vivo