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Notícias

27
ago
2022
(CLIMA)
Trocar grama por árvores ajuda a combater mudanças climáticas

Os enormes gramados em parques britânicos são exemplos de baixa proporção de árvores em centros urbanos

A Europa passa enfrenta a maior seca da história e as ondas de calor no continente podem piorar ainda mais se nada for feito. E, mais do que combater as causas das mudanças climáticas, também é urgente mitigar os seus efeitos. Segundo Phineas Harper, diretor da Open City, substituir grandes gramados em parques por árvores e florestas urbanas é uma das soluçõesO que antes eram enormes gramados bucólicos nos muitos parques ingleses, hoje são extensões de terra e gramas secas, graças ao calor e à falta de chuva. Além desta mudança negativa, estes espaços sem árvores também não contribuem para ajudar a melhorar a qualidade de vida nas cidades.

Para reduzir as temperaturas do solo e manter os espaços verdes urbanos habitáveis e verdejantes, mesmo em verões de 40ºC, é necessária uma mudança radical no projeto paisagístico.

O paisagismo de muitos parques britânicos tem origem em projetos dos séculos XVII e XIX, com projetos inspirados em jardins de aristocratas do passado – quando o clima e a vida nas cidades eram muito diferente.

Estima-se que para manter um gramado verde em tempos de seca são necessários 10 litros de água por metro quadrado, toda semana. Se projetarmos esta necessidade para as enormes áreas verdes em parques, o consumo deste recurso natural cada vez mais escasso ganha proporções absurdas. Tudo para manter uma paisagem que não contribui com a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, como o aumento de temperatura.

Os grandes gramados, além de consumirem quantidades enormes de água para a sua manutenção, podem se tornar “desertos verdes com biodiversidade muito limitada”, explica Adam Hunt, do estúdio de arquitetura paisagística Urquhart & Hunt.

Pesquisas da instituição de caridade Plantlife confirmam que mesmo um gramado bem aparado suporta 10 vezes menos abelhas e outros insetos polinizadores do que espaços verdes de tamanho equivalente gerenciados de forma menos agressiva.

Árvores e biodiversidade

As árvores, por outro lado, conseguem se manter verdes por muito mais tempo que a grama e são o habitat de diversas espécies. Ao contrário da grama cortada que tem raízes rasas, as árvores maduras são capazes de extrair a umidade do subsolo. As árvores também podem absorver grandes quantidades de líquido nas estações chuvosas e mantê-lo durante meses de clima seco, colhendo milhares de litros de água ao longo do ano.

Além de se manterem verdes mesmo em períodos mais secos, pesquisas publicadas no ano passado mostram que as árvores podem reduzir as temperaturas urbanas entre 8ºC e 12ºC, proporcionando sombra e reduzindo a evaporação local.

Mesmo com todas estas vantagens, as árvores ainda tem pouco espaço nas áreas verdes do Reino Unido. Mesmo os parques reais, como o Hyde Park e o Regent’s Park, possuem cerca de 8 árvores a cada mil metros quadrados – número que é ainda menor em parques com um orçamento menor.

Com uma proporção tão baixa de árvores em espaços abertos, a chance de que o solo nestas áreas fique seco e duro é cada vez maior, especialmente com  o calor cada vez mais intenso.

Florestas urbanas

Uma solução possível é transformar os grandes gramados abertos em pequenas florestas urbanas. Hunt propõe que uma fórmula simples de um terço de árvores, um terço de cerrado e um terço de pastagens não cultivadas produziria espaços verdes muito mais sustentáveis e biodiversos do que grandes gramados.

Com esta estratégia, os parques britânicos poderiam manter seus espaços abertos para esportes e piqueniques, ao mesmo tempo em que abrigariam 75 milhões de novas árvores – uma floresta combinada capaz de sequestrar quase dois milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, além ajudar a controlar as temperaturas na cidades.

Além de melhorar a paisagem das áreas verdes durate os meses de calor e seca, parques com mais árvores ajudam a combater enchentes nas cidades. Robert Thompson, da Universidade de Reading, demonstrou que o solo seco dificilmente absorve água, o que significa que chuvas fortes após secas podem causar inundações severas.

Já locais onde existem árvores e raízes, melhoram a infiltração de água em 157%, ajudando a absorver as chuvas rapidamente e aliviando os riscos de inundação. As árvores urbanas reduzem o escoamento superficial da água em 80%, em comparação com superfícies duras como o asfalto.

A nova paisagem dos parque urbanos no Reino Unido pode garantir que estes espaços continuem a contribuir para a qualidade de vida da população, sendo espaços verdes para uma vida social mais saudável e em contato com a natureza. No entanto, o plantio de árvores como forma de combater os efeitos, e também as causas, das mudanças climáticas, não é uma solução necessária apenas para a Grã-Bretanha: as florestas urbanas são necessárias em todo o planeta.

Por: Natasha Olsen

Fonte: Ciclo Vivo

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