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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
ES investe em plantio sustentável de eucalipto
I Fórum Brasileiro de Florestas Plantadas (Madeira Brasil) revela o estado do Espírito Santo em busca da sua sustentabilidade ambiental, econômica e social.
Não apenas um desabafo contra o preconceito. Mas uma corajosa e política declaração de amor ao plantio sustentável de eucalipto em todas as áreas degradadas do Espírito Santo foi o que marcou o “I Fórum Brasileiro de Florestas Plantadas - Madeira Brasil, promovido mês passado, pelo governo capixaba, no Centro de Convenções de Vitória.
Realizado através da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca (Seag), com apoio da Associação Brasileira de Produtores de Florestas (Abraf), o encontro não deixou pedra sobre pedra tanto na discussão, como na reconstrução de uma agenda positiva para o setor, em um país cada vez mais na iminência de um apagão florestal.
Se os estados brasileiros, a exemplo do Espírito Santo, vocacionados para o plantio de florestas renováveis não retomarem a atividade, especialmente em áreas já degradadas ou em processo de degradação, não apenas o país, mas o planeta, em breve, podem passar por um colapso de madeira. E isso irá comprometer mais ainda a preservação das florestas nativas, leia-se a Amazônia, principalmente, a última grande floresta tropical da Terra, responsável por um 1/3 de toda a biodiversidade planetária.
Foi o que previu o governador Paulo Hartung, apontando rumos. “Não podemos ter medo do debate. E sim do preconceito, principalmente quando ele vai do presente para o futuro”. Segundo o governador, é necessário intensificar o debate nacional sobre o plantio de florestas, para que governos e estados, como o Espírito Santo, possam aproveitar as oportunidades que estão surgindo mundialmente nos setores de madeira, celulose e papel.
“A madeira é uma matéria-prima necessária aos mais variados segmentos da economia. Se quisermos preservar o resto de Mata Atlântica e outros ecossistemas que ainda temos, precisamos produzir madeira. E isso pode ser feito de maneira sustentável, sem a destruição da natureza. Pelo contrário, ajudando na sua recuperação de forma consorciada com o setor produtivo e participação das comunidades no entorno”, disse Hartung.
O governador defendeu a diversificação do agronegócio: “Não faz sentido mantermos áreas degradadas, com baixíssima produtividade, quando poderíamos explorá-las com projetos viáveis. Queremos que o Espírito Santo cresça e se desenvolva, desde que com responsabilidade, respeito ao meio ambiente e inclusão social”.
Hartung disse ainda que o Brasil está diante de uma janela de oportunidades. “Podemos ser o maior fornecedor de madeira e celusose do mundo. Temos que focar nossos esforços naquilo que somos competitivos. Temos todas as condições para desenvolver, com sustentabilidade, essa cadeia produtiva que já representa 12% do nosso PIB”, finalizou.
Dilema e real
O ex-ministro e atual secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas, José Carlos Carvalho, fez coro com o governador e demais autoridades, empresários e técnicos presentes ao encontro. Segundo ele, tanto o Espírito Santo como o Brasil têm de escolher, fundamentalmente, qual o verdadeiro dilema a ser enfrentado.
“Já não cabe mais discutir se o eucalipto é vilão ou herói. Ele não é mais o vilão que foi no passado. Nem é o herói que se pode imaginar, a ponto de substituir as florestas nativas. O verdadeiro dilema do setor de florestas plantadas é o uso da terra no país. Se em latifúndios ou em médias e pequenas propriedades, em razão de práticas inadequadas que já assistimos com várias outras culturas, como o plantio de café e da cana-de-açúcar, que dizimaram a Mata Atlântica. A rigor, e se comparado, o eucalipto é uma das culturas que menos ocupam áreas agricultáveis no país”, disse o secretário.
Carvalho lembrou que, até bem pouco tempo atrás, era comum se dizer no meio rural que "terra boa para plantar café é terra de mata. Ou seja, de terra onde a mata era retirada. Esse Brasil e essa mentalidade, e é nisso que temos de perseverar, não podem mais continuar existindo”.
Mudanças em curso
Para o presidente da Abraf, Carlos Aguiar, as mudanças já estão em curso. Ele ressaltou que, mesmo lentamente, o setor florestal brasileiro, baseado em florestas plantadas, vem ganhando reconhecimento pela sua importância e contribuição ao desenvolvimento sustentável. As plantações industriais, assegurou, têm promovido mudanças visíveis nas economias regionais e locais, provocando o aumento das oportunidades de trabalho e o aquecimento do mercado, além de melhoria da qualidade ambiental.
Segundo indicadores que mostrou, o setor hoje movimenta recursos equivalentes a 3% do PIB nacional. Gera 2,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Contribui com US$ 3,8 bilhões/ano de impostos. E representa 6% das exportações nacionais, alcançando o posto de segundo maior exportador industrial do país, com um superávit médio de US$ 5 bilhões/ano. “As plantações florestais já existem em mais de 500 municípios brasileiros, fazendo se integrar ao processo de produção de madeira mais de 50 mil produtores rurais".
Ao contrário de outros setores agroindustriais, que exportam seus produtos principalmente na forma de commodities agrícolas, acrescentou Aguiar, “nós impulsionamos uma cadeia de produção, industrialização e comercialização que agrega valor aos produtos (móveis e celulose, entre outros). Isso traz reflexos importantíssimos para a economia nacional”.
Expansão do mercado
Conforme se discutiu no fórum, o mercado de produtos de madeira continua em expansão. Possui uma tendência projetada de crescimento da ordem de 3 a 4%. Os níveis de crescimento da demanda madeireira estão perigosamente (leia-se apagão florestal à vista) acima da oferta, reflexo dos fortes investimentos previstos para os próximos anos pela indústria de base florestal, tanto aquela vinculada ao segmento de celulose e papel, como ao de produtos sólidos de madeira.
Além da demanda crescente de madeira, lembrando que o Brasil já importa de outros países, como o Chile, o que causa revolta no meio. Em termos de vocação natural e competitividade comercial, um outro fator é importante no debate. Trata-se da existência de setores que ainda consomem madeira oriunda do que sobrou de florestas nativas, ou seja, dos ecossistemas da Mata Atlântica e do Cerrado, e do avanço criminosamente assustador na Amazônia. Siderurgia a carvão vegetal, madeira serrada, construção civil e indústria moveleira são alguns desses exemplos.
Sob o ponto de vista ambiental, frisou Carlos Aguiar, que também preside a Aracruz Celulose, “ao contrário do preconceito ainda generalizado por falta de uma comunicação ecologicamente adequada do setor”, as florestas cultivadas são também relevantes na proteção do solo e na sua recuperação, e no aumento da capacidade de retenção da água de chuva, contribuindo para a regularização do fluxo hídrico. “Elas reduzem a pressão do desmatamento sobre os remanescentes florestais naturais, uma vez que o produtor necessita de madeira, cuja extração, na sua área de floresta nativa, tem forte restrição legal”.
“O Brasil e o Espírito Santo, em especial, possuem condições naturais, água e sol o ano inteiro, para as plantações de florestas. Plantações estas que, aliadas ao desenvolvimento tecnológico avançado, diversidade de plantas industriais e a outros fatores, tais como facilidade de acesso marítimo e mão-de-obra qualificada, desenvolveram um setor de silvicultura de produção altamente competitivo. A produtividade de florestas plantadas que alcançamos chega a ser sete vezes superior à observada nos países líderes do mercado mundial. E alimenta uma cadeia de produção, industrialização e comercialização que envolve, ao mesmo tempo e de maneira sustentável, os segmentos de celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal, geração de energia, móveis e madeira sólida, todos de importância vital para o país", disse Aguiar.
Fonte: JB
Não apenas um desabafo contra o preconceito. Mas uma corajosa e política declaração de amor ao plantio sustentável de eucalipto em todas as áreas degradadas do Espírito Santo foi o que marcou o “I Fórum Brasileiro de Florestas Plantadas - Madeira Brasil, promovido mês passado, pelo governo capixaba, no Centro de Convenções de Vitória.
Realizado através da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca (Seag), com apoio da Associação Brasileira de Produtores de Florestas (Abraf), o encontro não deixou pedra sobre pedra tanto na discussão, como na reconstrução de uma agenda positiva para o setor, em um país cada vez mais na iminência de um apagão florestal.
Se os estados brasileiros, a exemplo do Espírito Santo, vocacionados para o plantio de florestas renováveis não retomarem a atividade, especialmente em áreas já degradadas ou em processo de degradação, não apenas o país, mas o planeta, em breve, podem passar por um colapso de madeira. E isso irá comprometer mais ainda a preservação das florestas nativas, leia-se a Amazônia, principalmente, a última grande floresta tropical da Terra, responsável por um 1/3 de toda a biodiversidade planetária.
Foi o que previu o governador Paulo Hartung, apontando rumos. “Não podemos ter medo do debate. E sim do preconceito, principalmente quando ele vai do presente para o futuro”. Segundo o governador, é necessário intensificar o debate nacional sobre o plantio de florestas, para que governos e estados, como o Espírito Santo, possam aproveitar as oportunidades que estão surgindo mundialmente nos setores de madeira, celulose e papel.
“A madeira é uma matéria-prima necessária aos mais variados segmentos da economia. Se quisermos preservar o resto de Mata Atlântica e outros ecossistemas que ainda temos, precisamos produzir madeira. E isso pode ser feito de maneira sustentável, sem a destruição da natureza. Pelo contrário, ajudando na sua recuperação de forma consorciada com o setor produtivo e participação das comunidades no entorno”, disse Hartung.
O governador defendeu a diversificação do agronegócio: “Não faz sentido mantermos áreas degradadas, com baixíssima produtividade, quando poderíamos explorá-las com projetos viáveis. Queremos que o Espírito Santo cresça e se desenvolva, desde que com responsabilidade, respeito ao meio ambiente e inclusão social”.
Hartung disse ainda que o Brasil está diante de uma janela de oportunidades. “Podemos ser o maior fornecedor de madeira e celusose do mundo. Temos que focar nossos esforços naquilo que somos competitivos. Temos todas as condições para desenvolver, com sustentabilidade, essa cadeia produtiva que já representa 12% do nosso PIB”, finalizou.
Dilema e real
O ex-ministro e atual secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas, José Carlos Carvalho, fez coro com o governador e demais autoridades, empresários e técnicos presentes ao encontro. Segundo ele, tanto o Espírito Santo como o Brasil têm de escolher, fundamentalmente, qual o verdadeiro dilema a ser enfrentado.
“Já não cabe mais discutir se o eucalipto é vilão ou herói. Ele não é mais o vilão que foi no passado. Nem é o herói que se pode imaginar, a ponto de substituir as florestas nativas. O verdadeiro dilema do setor de florestas plantadas é o uso da terra no país. Se em latifúndios ou em médias e pequenas propriedades, em razão de práticas inadequadas que já assistimos com várias outras culturas, como o plantio de café e da cana-de-açúcar, que dizimaram a Mata Atlântica. A rigor, e se comparado, o eucalipto é uma das culturas que menos ocupam áreas agricultáveis no país”, disse o secretário.
Carvalho lembrou que, até bem pouco tempo atrás, era comum se dizer no meio rural que "terra boa para plantar café é terra de mata. Ou seja, de terra onde a mata era retirada. Esse Brasil e essa mentalidade, e é nisso que temos de perseverar, não podem mais continuar existindo”.
Mudanças em curso
Para o presidente da Abraf, Carlos Aguiar, as mudanças já estão em curso. Ele ressaltou que, mesmo lentamente, o setor florestal brasileiro, baseado em florestas plantadas, vem ganhando reconhecimento pela sua importância e contribuição ao desenvolvimento sustentável. As plantações industriais, assegurou, têm promovido mudanças visíveis nas economias regionais e locais, provocando o aumento das oportunidades de trabalho e o aquecimento do mercado, além de melhoria da qualidade ambiental.
Segundo indicadores que mostrou, o setor hoje movimenta recursos equivalentes a 3% do PIB nacional. Gera 2,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Contribui com US$ 3,8 bilhões/ano de impostos. E representa 6% das exportações nacionais, alcançando o posto de segundo maior exportador industrial do país, com um superávit médio de US$ 5 bilhões/ano. “As plantações florestais já existem em mais de 500 municípios brasileiros, fazendo se integrar ao processo de produção de madeira mais de 50 mil produtores rurais".
Ao contrário de outros setores agroindustriais, que exportam seus produtos principalmente na forma de commodities agrícolas, acrescentou Aguiar, “nós impulsionamos uma cadeia de produção, industrialização e comercialização que agrega valor aos produtos (móveis e celulose, entre outros). Isso traz reflexos importantíssimos para a economia nacional”.
Expansão do mercado
Conforme se discutiu no fórum, o mercado de produtos de madeira continua em expansão. Possui uma tendência projetada de crescimento da ordem de 3 a 4%. Os níveis de crescimento da demanda madeireira estão perigosamente (leia-se apagão florestal à vista) acima da oferta, reflexo dos fortes investimentos previstos para os próximos anos pela indústria de base florestal, tanto aquela vinculada ao segmento de celulose e papel, como ao de produtos sólidos de madeira.
Além da demanda crescente de madeira, lembrando que o Brasil já importa de outros países, como o Chile, o que causa revolta no meio. Em termos de vocação natural e competitividade comercial, um outro fator é importante no debate. Trata-se da existência de setores que ainda consomem madeira oriunda do que sobrou de florestas nativas, ou seja, dos ecossistemas da Mata Atlântica e do Cerrado, e do avanço criminosamente assustador na Amazônia. Siderurgia a carvão vegetal, madeira serrada, construção civil e indústria moveleira são alguns desses exemplos.
Sob o ponto de vista ambiental, frisou Carlos Aguiar, que também preside a Aracruz Celulose, “ao contrário do preconceito ainda generalizado por falta de uma comunicação ecologicamente adequada do setor”, as florestas cultivadas são também relevantes na proteção do solo e na sua recuperação, e no aumento da capacidade de retenção da água de chuva, contribuindo para a regularização do fluxo hídrico. “Elas reduzem a pressão do desmatamento sobre os remanescentes florestais naturais, uma vez que o produtor necessita de madeira, cuja extração, na sua área de floresta nativa, tem forte restrição legal”.
“O Brasil e o Espírito Santo, em especial, possuem condições naturais, água e sol o ano inteiro, para as plantações de florestas. Plantações estas que, aliadas ao desenvolvimento tecnológico avançado, diversidade de plantas industriais e a outros fatores, tais como facilidade de acesso marítimo e mão-de-obra qualificada, desenvolveram um setor de silvicultura de produção altamente competitivo. A produtividade de florestas plantadas que alcançamos chega a ser sete vezes superior à observada nos países líderes do mercado mundial. E alimenta uma cadeia de produção, industrialização e comercialização que envolve, ao mesmo tempo e de maneira sustentável, os segmentos de celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal, geração de energia, móveis e madeira sólida, todos de importância vital para o país", disse Aguiar.
Fonte: JB
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