Experiência acreana está sendo utilizada nas unidades produtivas instaladas em outros Estados da região.

A experiência do pólo moveleiro de Rio Branco em seu trabalho de organização para as pequenas marcenarias está servindo de modelo para unidades produtivas que estão sendo instaladas em outros estados da Amazônia.

Depois da comitiva de empresários, vereadores e engenheiros amazonaneses que vieram conhecer o processo de orientação realizada pelo governo do Estado em parceria com o Sebrae para implanta-lo no Pólo Industrial de Manaus. Ontem foi a vez de o pólo ser visitado por uma comitiva de quatro especialistas da Universidade Federal do Tocantins (UFT), os quais, em parceria com o Sebrae daquele Estado vão aplicar a mesma metodologia para garantir a melhoria da qualidade e maior competitividade de sua indústria moveleira.

“Em dois anos seremos o maior pólo moveleiro da Amazônia e o maior do Brasil na produção de móveis em madeira maciça. Isso é o resultado da capacitação profissional e orientação gerencial combinada com nossa capacidade de organização”, afirmou o presidente do Sindicato dos Moveleiros de Rio Branco (Sindmóveis), Jota Lima, durante a reunião com os quatro representantes do Tocantins. Sem esconder sua empolgação, ele declarou: “A mudança do Brasil não depende apenas dos políticos, mas da capacidade da classe empresarial em tomar atitudes para essa mudança agindo com responsabilidade social”.

Ele lembrou que há 40 anos existem marcenarias em Rio Branco, mas só a partir de 96, sob a pressão dos ambientalistas que o setor uniu-se e passou a buscar novas tecnologias para melhorar a produção. O que só foi conseguido graças a orientação empresarial e tecnológica do Sebrae mais o apoio efetivo do governo do Estado em todas as instâncias.

Agora o sindimóveis conta com 20 marcenarias filiadas, 12 delas estão se instalando no pólo moveleiro e outras três ampliando suas instalações graças ao Banco da Amazônia que liberou um financiamento de R$ 160 mil para cada um, na média. Outras 30 pequenas marcenarias que funcionam em fundos de quintal foram agrupadas na Cooperativa de Moveleiros de Rio Branco a Coopermóveis e, também ganharão um galpão que será especialmente preparado para elas no pólo moveleiro.

“Nossos maiores desafios foram aprender novas técnicas de administração, absorver tecnologias mais modernas e mudar do sistema artesanal para a escala industrial de produção onde cada empresa cumpre uma função especializada, mas vencemos cada um desses desafios”, garantiu Jota.

Atividade sustentável

O secretário de Florestas, Carlos Ovídio Rezende destacou que o apoio do governo do Estado ao setor florestal está dividido em duas áreas distintas, o que se dá às madeireiras essencialmente voltadas à exportação de madeira manejada e o oferecido às pequenas marcenarias como forma de valorizar e agregar valor à matéria prima além de estimular a criação de emprego e renda dentro do Estado.

“A prática do manejo florestal garante mercado, mas é a fabricação do produto final na forma de móveis e objetos com qualidade e design modernos que garantem maior valor agregado à madeira. Agora que dominamos ambas as tecnologias é a hora de investir na conquista de novos mercados, mas para isso é preciso garantir a sustentabilidade econômica, social e ambiental do setor”, disse Rezende.

Ele esclareceu que o Acre possui seis milhões de hectares de florestas manejáveis, dos quais 2,7 milhões estão nas mãos de pequenos produtores que, se atraídos para a atividade de manejo aumentarão sua renda promovendo sua inclusão social. Lembrou que em 2003 existiam apenas 46 famílias trabalhando com manejo comunitário no Acre, em 2004 já eram 174 e até o final deste ano serão pelo menos 700. Com o manejo cada família estaria conseguindo uma renda anual média de R$ 12 mil, mais R$ 5 mil com a castanha e R$ 1.200 com a borracha.

Mudando a história

Acompanhando a comitiva de representantes da Universidade Federal do Tocantins e do Sebrae daquele Estado, o superintendente do Sebrae do Acre, Cassiano Marques enfatizou que: “Há cerca de 15 dias recebemos aqui uma comitiva de empresários Amazonenses e agora outra do Tocantins buscando conhecer os resultados positivos da experiência que o governo do Estado e Sebrae em parceria com o Sindimóveis e a Coopermóveis vem conseguindo no polo moveleiro de Rio Branco. Isto nos orgulha, especialmente pelo fato de nós, que sempre buscamos orientação em outras regiões do país e até no exterior, começamos agora a exportar tecnologias modernas. Isso comprova que o caminho escolhido pelo governo do Estado e Sebrae em parceria com o setor privado é o mais certo para garantir nosso desenvolvimento de forma justa e sustentável”.

Surpresa na floresta

A coordenadora do Centro de Tecnologia de Madeira e Móveis (CTMM) e professora da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Maria Dilma de Lima explicou que : “Soubemos da experiência positiva do Pólo Moveleiro de Rio Branco quando fomos em comitiva conhecer a experiência do pólo de Porto Alegre e nos aconselharam a vir aqui porque estavam utilizando tecnologias e madeiras de alta qualidade que seriam mais aplicáveis à nossa realidade. Fiquei na dúvida, mas ao chegar aqui descobri que tudo é ainda melhor do que haviam nos dito”.

Empolgada ela declarou: “Nós ficamos impressionados com a qualidade das instalações e o nível de organização das movelarias e, principalmente, com o fato de o governo atuar realmente como parceiro do setor produtivo. Gostei muito mesmo da idéia de formar uma cooperativa de moveleiros ao invés de ter de formalizar 30 empresas. Pelo visto teremos muito o que aprender nestes dois dias em que estaremos no Acre”. No Tocantins o projeto do CTMM foi criado e vem sendo conduzido numa parceria entre o Sebrae e a universidade Federal. A comitiva que visita o Acre é composta por Jorge D’Ambrus da área administrativa do CTMM, Edeglei Dias Rodrigues analista de tecnologia do Sebrae-To e Antônio Carlos Santos responsável pela área de novas tecnologias do CTMM.

Juracy Xangai

Fonte: Página20

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