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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Setor pára e demite em 30 dias
Sem ATPFs que permitam trânsito de toras e de produto acabado, empresas já estão sem comercializar.

Mato Grosso vive um novo levante. Agora são os madeireiros que estão se unindo para tentar evitar o caos no setor. Com a falta de Autorização para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), desde o dia o último dia 2, quando foi deflagrada a Operação Curupira, madeireiros acreditam que até o final do mês, cerca de 80% das indústrias madeireiras estejam impedidas de comercializar seus produtos em 30 dias, sem estoques, pois não há autorização para dar entrada nas toras e saídas nos produtos.

Sem ter o caixa movimentado, vai ficar difícil manter funcionários. A possibilidade de demissão em massa, a partir de julho, não está descartada. Outro problema detectado pelos empresários é que o transporte regular de toras dos projetos de manejo está prejudicado há 60 dias. Com a suspensão e a greve do Ibama, eles temem que até que o órgão retome suas atividades normais, seja tarde para se preparar estoque de madeiras in natura até o início da próxima safra. De acordo com o vice-presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte de Mato Grosso (Sindusmad), Sidnei Belicanta, há 60 dias os projetos de manejo foram suspensos para avaliação do Ibama. Na maioria deles, foram detectadas apenas irregularidades administrativas. “Na verdade estamos há muito tempo sem ter estoques que nos possibilite firmar contratos e agora, sem ATPFs, sem poder honrar o que está contratado”, explica. O Sindusmad é o maior sindicato do setor, reúne mais de 300 empresas, metade localizadas em Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá).

No Norte e Extremo Norte do Estado são mais de 40 municípios que têm, pelo menos, 60% da economia dependente da madeira. O setor alerta que a paralisação paulatina da atividade não vai impactar apenas nas divisas contabilizadas pela produção madeireira, mas sim, produzir um efeito dominó na economia estadual e dos municípios.

O presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras de Sorriso (Simas/MT), Chicão Bedin, explica que as autoridades estaduais não têm noção da amplitude do problema. Ele conta que reduzindo ou paralisando as atividades, cai drasticamente a movimentação de outros produtos que são arrecadadores para Estado, dos quais a madeira tem a maior parte de sua produção direta ou indiretamente voltada para as exportações. “Se pararmos, vamos reduzir o consumo de combustível, que é utilizado em todas as etapas da atividade e de energia, principais fontes de ICMS. Fora o capital que vai deixar de circular no comércio local”.

Belincanta destaca que a partir do dia 20 de junho, 50% das divisas geradas pela madeira deixarão de circular. Números das perdas ainda não estão contabilizados pelos empresários. Ele completa ainda explicando que as demissões estão sendo iniciadas, “mas estamos fazendo de tudo para estancar isso, porque não queremos que este fato seja interpretado como forma de pressão, muito pelo contrário, temos noção de nossa função social”.

Ele frisa que em 15 dias mais da metade das madeireiras e serrarias de Sinop estão sem comercializar, por falta de ATPFs, e que em 30 dias não haverá estoques para se produzir. “Teremos sérias conseqüências para os próximos meses”, alerta.

Fiemt e madeireiros formam comissão para atuar com Ibama

Cerca de 15 representantes dos sete sindicatos estaduais dos madeireiros e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), Nereu Pasini, estiveram reunidos ontem na sede da entidade para avaliar a situação e traçar metas. Verificaram que o estoque de ATPFs no Estado não é suficiente para mais 30 dias.<.br>
Antes do encontro com os madeireiros, Pasini esteve de manhã com o interventor do Ibama, Elielson Ayres de Souza. Ficou acertado que o setor formaria um grupo de trabalho para tratar do assunto e atuar junto ao Ibama. À tarde, na Fiemt, Pasini e os empresários decidiram que este grupo se reunirá no dia 24, com a finalidade de tentar sensibilizar autoridades políticas, estaduais e municipais para a “avalanche de problemas que estão por vir”, explica o presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras de Sorriso (Simas/MT), Chicão Bedin. Ele revela que a preocupação não é com relação a estes 30 dias sem ATPFs, e sim com o desenrolar da situação. “Corremos o risco de ficar sem mercado internacional, sem estoques e, por conseqüência, fechar as portas”.

Para ele a Operação Curupira deveria ter sido batizada de “Saci Pererê”, porque, mesmo sendo bem-vinda, a ação não retirou do mercado apenas as empresas irregulares, mas está prejudicando as que estão legalizadas. “Precisamos de medidas que assegurem a sustentabilidade da atividade, a floresta para nós é como a água para o peixe e, no entanto, após a Operação, o que temos no município são seis empresas com aviso prévio emitido para todos funcionários e a certeza da paralisação das 23 associadas ao Simas, em 30 dias”, avalia.

Marianna Peres

Fonte: Diário de Cuiabá

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