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22
nov
2005
(GERAL)
Governo e movimentos sociais se reúnem para fortalecer a economia florestal
Encontrar mecanismos para que a economia florestal se fortaleça e evitar que garimpeiros da floresta usem o manto do manejo para explorar a floresta de forma desordenada. Essas são as pautas principais de reunião que o governo do Estado terá esta semana - terça e quarta-feira - com representantes do movimento social e de órgãos ligados ao meio ambiente em nível estadual e federal. O encontro será realizado no auditório da Secretaria de Estado de Educação (SEE).

A preocupação do governo e dos movimentos sociais procede. O Acre vai dispor de 1,5 milhão de hectares de floresta para ser explorado sustentavelmente em regime de concessão por empresas e associações comunitárias.

A área que o Acre vai explorar representa mais de 10% dos 13 milhões que o governo federal deverá disponibilizar para o mesmo tipo de exploração em toda a Amazônia brasileira, que vem sendo desmatada nos últimos anos pelo avanço da grilagem de terra e queimadas irregulares.

Em entrevista por telefone, o governador Jorge Viana disse que a decisão de desenvolver as ações com as partes envolvidas foi tomada durante a reunião da equipe de governo, realizada há duas semanas no seringal Bom Destino. “Temos que estar cada vez mais perto dos movimentos sociais, principalmente nessa questão de defesa de uma política voltada para o aproveitamento racional das nossas florestas”, defende Jorge Viana.

Jorge Viana elogia a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, dizendo que ela está fazendo um trabalho fundamental quando tenta definir regras claras para o uso da floresta.

“A ministra Marina Silva está dando uma grande contribuição quando defende o Programa Nacional de Florestas Pública. Esse programa traz elementos fundamentais para o desenvolvimento sustentável do setor florestal brasileiro”, afirma. Para Viana, Marina e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiveram um ato de coragem ao encaminhar o projeto. “É importante que as pessoas não falem desse projeto sem pelo menos um mínimo de informação, do contrário vão cometer erros que são graves para a nossa região”, disse Viana.

Manejo precisa dar certo

As regras que serão definidas com o movimento social, segundo o governador, visam garantir que o manejo florestal sustentável dê certo no Estado para que o Acre seja visto com uma referência em nível de Brasil.

Um dos principais instrumentos para que a política de exploração florestal com racionalidade realmente vingue, na avaliação do governador, é combater os garimpeiros, que são aquelas pessoas que chegam, compram terras baratas, exploram irracionalmente e depois vão embora. “Esse tipo de gente não terá guarida aqui no Estado”, garante Viana.

Outras medidas que precisam ser tomadas têm o objetivo de eliminar a concentração de terra nas mãos de poucos e a grilagem. “Tem gente querendo deturpar as coisas. Por isso, entendo que é importante a participação da Fetacre, da CUT, do Sinpasa, do Grupo dos Trabalhadores da Amazônia e do Conselho Nacional do Seringueiro em todas as etapas”, afirma o governador.

Ano para aproveitar bem

O governador salienta que 2005 será um ano bom porque não tem eleição e há um bom volume de recursos para ser investido em diversas áreas e o setor produtivo é prioridade.

“Este será um ano em que a política deve dar lugar às discussões voltadas para o desenvolvimento do nosso Estado”, defende.

Para que os diversos órgãos e o movimento social falem a mesma linguagem, Viana destaca a importância de o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) definir critérios para assentar famílias em projetos de assentamento.

“É preciso encontrar quem tem perfil para não fazer as coisas malfeitas. Por não pensar nisso no passado é que muita gente vendeu suas áreas, veio para a cidade e permitiu a concentração de terra nas mãos de poucos”, diz Viana.

Salientando que ramais, açudagem e manejo florestal são prioridades do governo, Jorge Viana lembrou que o governo, em parceria com a Eletroacre, construiu 1.100 quilômetros de eletrificação rural, por meio do programa Luz para Todos. “Isso é muito mais do que foi feito no Acre em toda sua história”, comemora.

Classe política e economia

Jorge Viana diz ter números que revelam o fortalecimento da economia acreana. Segundo ele, sem excluir a pecuária e a agricultura, que são setores importantes, chegou a hora de fortalecer a economia florestal.

“Reuni os assessores da minha equipe que trabalham diretamente com o setor produtivo e definimos algumas estratégias. Mas não podemos esquecer de fazer tudo casado com os movimentos sociais”, acrescenta.

O governador destaca que os bons resultados obtidos devem ser compartilhados com a classe política, por meio dos deputados federais e estaduais.

Segundo Viana, sem o empenho dos parlamentares ficaria difícil viabilizar projetos fundamentais para criar bases sólidas para o desenvolvimento. “Vivemos um bom momento político em nível estadual e nacional. Não podemos desperdiçá-lo com coisas pequenas. Essa é a hora de fazermos juntos.”

Viana retorna essa semana às viagens pelo interior. Vai a Santa Rosa do Purus, Jordão e Vale do Juruá.

Reunião é fruto de várias discussões

A idéia da reunião de representantes do governo com o movimento social não nasceu de uma hora para outra. Ela é fruto de outros encontros realizados desde o início do segundo mandato do governador Jorge Viana, segundo o tesoureiro do Conselho Nacional do Seringueiro, José Maria Aquino.

Ele afirma que a expectativa é de que a reunião traga resultados concretos para os produtores florestais, principalmente em termos de eletrificação rural, ramais e linha de crédito.

Aquino argumenta que a questão do manejo florestal deve ser discutida à exaustão, para que os posseiros não sejam prejudicados quando da licença. “Felizmente, o governo só está dando a licença depois de ouvir o movimento social. Essa medida está evitando os conflitos. Mas precisamos avançar ainda mais”, diz.

Fonte: Página20

Fonte:

Neuvoo Jooble