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Construção civil estima resultado positivo em 2019 e setor de madeira tratada deve ser diretamente impactado
SindusCon-SP projeta crescimento de 2%; desempenho será puxado por obras e reformas feitas por pequenos empreiteiros e famílias
O setor da construção civil está mais otimista para 2019. O Produto Interno Bruto (PIB) do segmento deve crescer 2% neste ano, na comparação com 2018, conforme estimativa anunciada em fevereiro pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP). O cálculo foi realizado com base na projeção de crescimento para o PIB nacional de 2,5% em 2019.
Esta é a primeira perspectiva de resultado positivo do setor depois de cinco anos de retração. A construção civil acumula queda de 28% entre 2014 e 2018. A indústria comemora, mas com ressalvas. “É uma estimativa modesta, aquém do potencial do País e do setor”, explica Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP.
O segmento de madeira tratada será diretamente impactado se as projeções da indústria da construção se confirmarem em 2019. As empresas oferecem soluções que estão ligadas a obras e reformas, como pergolados, decks, assoalhos, escadas, telhados, estruturas, pilares, vigas e decoração interna e externa para casas, restaurantes e pousadas, por exemplo.
Se já existe uma boa expectativa no setor de madeira tratada diante do otimismo da construção civil, o cenário fica ainda mais reforçado a partir do momento que o SindusCon-SP revela que o crescimento deve se concentrar nas obras e reformas realizadas por pequenos empreiteiros e por famílias. Esta parcela do mercado será a maior responsável por reaquecer a indústria, e não as grandes construtoras ou mesmo o segmento de obras públicas – este ainda dependente dos ajustes dos governos em diferentes esferas, amenização da crise fiscal e retomada de investimentos em infraestrutura.
Conforme as estimativas do SindusCon-SP, a atividade das construtoras deve crescer 1% em 2019, e a chamada construção informal pode alcançar uma alta de 3%. A sinalização de uma maior geração de empregos anima as empresas da construção civil. Com uma maior confiança, as famílias voltam a consumir e a fazer investimentos a longo prazo, como a compra de imóveis. Ou ainda realizam obras e reformas que foram sendo deixadas de lado nos últimos anos devido à instabilidade econômica.
Mas Zaidan enfatiza que o desemprego ainda está alto e vai continuar neste patamar por um bom tempo. “As famílias ainda dependem de renda formal. A boa renda é aquela vinda do emprego com carteira assinada. No entanto, existe potencial porque a inflação está baixa, os juros estão baixos. E isto cria, de certa forma, uma ‘folga’ na renda”, analisa.
Por estarem diretamente ligadas a este contexto, as empresas do setor de madeira tratada estão observando tudo com otimismo e cautela, ao mesmo tempo. “Estamos com boa expectativa, otimistas, mas com os pés no chão. Vamos esperar o que efetivamente vai acontecer”, salienta Maíra Venturoli, da empresa Venturoli, da cidade de Camaçari, na Bahia – associada à ABPM.
De acordo com ela, os clientes e potenciais consumidores que haviam suspendido as compras devido às incertezas da economia tendem a efetivar os negócios, diante de um cenário mais positivo. “Existe esta sinalização, ainda no primeiro semestre. Pelo menos estão nos informando isto. Estamos também retomando contato com estes clientes que estão com os orçamentos pendentes”, explica Maíra.
O setor de madeira tratada também aguardava com ansiedade este momento de boas perspectivas na construção civil para registrar melhores resultados. “Ficamos muito tempo parados e estamos saindo de um tempo difícil. Sentimos que o setor está começando a ser procurado, mas ainda é cedo para falar em números”, conta Paulo Maciel, diretor-presidente da CBI Madeiras, empresa de Minas Gerais associada à ABPM.
A indústria da construção civil possui esta perspectiva de crescimento para 2019 porque vê sinais de uma retomada efetiva da economia brasileira. “A sensação é de que o barco está na direção do porto. Ele ainda está longe e terá que enfrentar muitos obstáculos para chegar até lá. Mas está virado para a direção do porto”, compara Eduardo Zaidan.
O vice-presidente de Economia do SindusCon-SP lembra como a construção civil é reativa ao estado da economia. “Para haver crescimento, é preciso haver investimento. É isto o que vai fazer tudo girar. O governo tem que fazer a lição de casa, ainda mais estando nesta crise fiscal seríssima, que impacta toda a dinâmica da economia”, afirma. “De fato, é necessário colocar a economia no bom caminho novamente e isto passa por uma questão de confiança”, opina.
Fonte: Por Joyce Carvalho para Boletim da ABPM