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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Indústria madeireira deve exportar menos em 2005
Após registrar um aumento de 44,7% nas exportações no ano passado, a indústria madeireira prevê diminuir o ritmo em 2005. As vendas externas de madeira sólida e produtos dela originários como painéis, portas, pastas químicas e móveis, que somaram US$ 3,85 bilhões em 2004, deverão ter crescimento menor em 2005. "As vendas externas deverão aumentar em cerca de 20%", disse Ivan Tomaselli, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) para as áreas de tecnologia e desenvolvimento.
Além do câmbio desfavorável, a redução da demanda norte-americana e a elevação nos preços das matérias-primas florestais e dos insumos são os principais fatores que devem frear os negócios para esse ano. "Com a escassez de madeira no mercado, os preços subiram e a tendência é de elevação de custos. Com o câmbio ruim, as empresas não conseguem ser competitivas. A expectativa é que elas tentem desviar parte do que era exportado para o mercado interno", afirmou Tomaselli.
Depois de aumentar em 30% sua receita em 2005, a fabricante de compensados Formacomp, de União da Vitória (PR), que exporta 100% da sua produção - de 4 mil metros cúbicos por mês - prevê para 2005 um ano sem crescimento de resultados. "Hoje o compensado brasileiro é o mais caro do mundo. Os chineses chegam a vender o mesmo produto com um preço do metro cúbico até US$ 100 mais barato", afirmou Ângelo Marcelo Kochaki, gerente comercial.
Segundo Kochaki, o Brasil só não deverá perder mais mercado porque há expectativa, no médio prazo, de aumento da demanda mundial em função da reconstrução dos países afetados pelo tsunami na Ásia. "A China deve direcionar suas vendas para as regiões afetadas e os preços devem subir. Com isso, o país pode retomar negócios nos Estados Unidos e Europa".
Outro fator que promete ser um desafio para as empresas do setor em 2005 é o aumento das exigências ambientais e de certificações por parte dos compradores mundiais, principalmente EUA e Europa. "Hoje um número ainda pequeno de empresas brasileiras está pronta para atender essas novas exigências. Com isso muitas delas perderão mercado", afirmou Isac Zugman, diretor comercial do grupo Zugman, que reúne as madeireiras Lavrasul, Brascomp e Lavrama. "A nossa expectativa é de um crescimento de 20% nas exportações, por conta principalmente da conquista de certificações", disse.
Com indústrias no Paraná, Santa Catarina e Pará, o grupo produz 22 mil metros cúbicos de madeira por mês, dos quais a maior parte, 97%, são exportados para mais de 80 países. Porém, mesmo sem manter o ritmo de crescimento das exportações, o setor espera um crescimento de 7% em 2005, dentro da média dos últimos anos. "O que promete sustentar o resultado é a retomada das vendas dos setores de construção civil e de móveis, que começou a ser sentida pelas indústrias no final do ano passado", disse Tomaselli.
A Tafisa Brasil, fabricante de painéis ligada ao grupo português Sonae, direcionou ao mercado interno parte da sua produção que era exportada, por conta de problemas logísticos nos portos e aumento dos custos de produção. A empresa informou, no seu último balanço, que a fábrica brasileira, localizada em Piên (PR), aumentou em 22,1% as vendas para o mercado interno e reduziu em 40% as exportações.
O mercado interno tradicionalmente responde por 80% das receitas do setor, que movimenta US$ 18 bilhões por ano, segundo a Abimci. Os 20% que são exportados têm como principais mercados os Estados Unidos, Europa e China. O Brasil está hoje entre os sete maiores exportadores de produtos florestais, com uma participação de 4%. Atualmente é o maior exportador mundial de compensado de pinus de celulose de fibra curta de eucalipto e o terceiro maior exportador tanto de madeira serrada como de compensado de madeiras tropicais. "Com a elevação dos custos de matéria-prima, provocada pela escassez florestal, essas posições estão ameaçadas nos próximos anos", disse Tomaselli.
Um estudo encomendado pela Abimci revela que o déficit de toras de pinus no mercado nacional cresceu 50% nos últimos dois anos e está próximo de 12 milhões de metros cúbicos. O relatório projeta um déficit de 27 milhões de metros cúbicos em 2020, o que equivale ao consumo de um ano do setor de base florestal. A diferença entre a oferta e a demanda vem provocando forte alta no preço do pinus, que acumula valorização de 40% nos últimos 12 meses no mercado interno.
O pinus é usado em larga escala pelas indústrias madeireira e de celulose e papel. Juntamente com eucalipto, ocupa 98% da área plantada no Brasil, de 5 milhões de hectares. O consumo se concentra na indústria de madeira cerrada, com 48%; de celulose e papel, com 29%; e de painéis, com 18%.
O setor reclama também do aumento das barreiras não tarifárias que vêm sendo colocadas pelos EUA, Europa e China aos produtos brasileiros. "O governo brasileiro tem sido um pouco incompetente ao tratar desses assuntos para o setor florestal. A pauta do setor, pela importância que ele já ocupa nas exportações, deveria ser tratada no âmbito da rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio", defendeu Tomaselli.
Na avaliação da Abimci a tendência é que, dentro do setor de base florestal, o segmento de celulose e papel retome a dianteira nas exportações. Nos dois últimos anos, as vendas externas de madeira e seus derivados superaram as de celulose e papel. Dados da associação mostram que no ano passado o setor de celulose e papel ficou com receita externa de US$ 1,18 bilhão. "Principalmente a partir de 2006, quando começam a se consolidar os investimentos em celulose e papel, a presença do Brasil nesse segmento no exterior deve aumentar", disse.
Fonte: Gazeta Mercantil – 16/02/2005
Além do câmbio desfavorável, a redução da demanda norte-americana e a elevação nos preços das matérias-primas florestais e dos insumos são os principais fatores que devem frear os negócios para esse ano. "Com a escassez de madeira no mercado, os preços subiram e a tendência é de elevação de custos. Com o câmbio ruim, as empresas não conseguem ser competitivas. A expectativa é que elas tentem desviar parte do que era exportado para o mercado interno", afirmou Tomaselli.
Depois de aumentar em 30% sua receita em 2005, a fabricante de compensados Formacomp, de União da Vitória (PR), que exporta 100% da sua produção - de 4 mil metros cúbicos por mês - prevê para 2005 um ano sem crescimento de resultados. "Hoje o compensado brasileiro é o mais caro do mundo. Os chineses chegam a vender o mesmo produto com um preço do metro cúbico até US$ 100 mais barato", afirmou Ângelo Marcelo Kochaki, gerente comercial.
Segundo Kochaki, o Brasil só não deverá perder mais mercado porque há expectativa, no médio prazo, de aumento da demanda mundial em função da reconstrução dos países afetados pelo tsunami na Ásia. "A China deve direcionar suas vendas para as regiões afetadas e os preços devem subir. Com isso, o país pode retomar negócios nos Estados Unidos e Europa".
Outro fator que promete ser um desafio para as empresas do setor em 2005 é o aumento das exigências ambientais e de certificações por parte dos compradores mundiais, principalmente EUA e Europa. "Hoje um número ainda pequeno de empresas brasileiras está pronta para atender essas novas exigências. Com isso muitas delas perderão mercado", afirmou Isac Zugman, diretor comercial do grupo Zugman, que reúne as madeireiras Lavrasul, Brascomp e Lavrama. "A nossa expectativa é de um crescimento de 20% nas exportações, por conta principalmente da conquista de certificações", disse.
Com indústrias no Paraná, Santa Catarina e Pará, o grupo produz 22 mil metros cúbicos de madeira por mês, dos quais a maior parte, 97%, são exportados para mais de 80 países. Porém, mesmo sem manter o ritmo de crescimento das exportações, o setor espera um crescimento de 7% em 2005, dentro da média dos últimos anos. "O que promete sustentar o resultado é a retomada das vendas dos setores de construção civil e de móveis, que começou a ser sentida pelas indústrias no final do ano passado", disse Tomaselli.
A Tafisa Brasil, fabricante de painéis ligada ao grupo português Sonae, direcionou ao mercado interno parte da sua produção que era exportada, por conta de problemas logísticos nos portos e aumento dos custos de produção. A empresa informou, no seu último balanço, que a fábrica brasileira, localizada em Piên (PR), aumentou em 22,1% as vendas para o mercado interno e reduziu em 40% as exportações.
O mercado interno tradicionalmente responde por 80% das receitas do setor, que movimenta US$ 18 bilhões por ano, segundo a Abimci. Os 20% que são exportados têm como principais mercados os Estados Unidos, Europa e China. O Brasil está hoje entre os sete maiores exportadores de produtos florestais, com uma participação de 4%. Atualmente é o maior exportador mundial de compensado de pinus de celulose de fibra curta de eucalipto e o terceiro maior exportador tanto de madeira serrada como de compensado de madeiras tropicais. "Com a elevação dos custos de matéria-prima, provocada pela escassez florestal, essas posições estão ameaçadas nos próximos anos", disse Tomaselli.
Um estudo encomendado pela Abimci revela que o déficit de toras de pinus no mercado nacional cresceu 50% nos últimos dois anos e está próximo de 12 milhões de metros cúbicos. O relatório projeta um déficit de 27 milhões de metros cúbicos em 2020, o que equivale ao consumo de um ano do setor de base florestal. A diferença entre a oferta e a demanda vem provocando forte alta no preço do pinus, que acumula valorização de 40% nos últimos 12 meses no mercado interno.
O pinus é usado em larga escala pelas indústrias madeireira e de celulose e papel. Juntamente com eucalipto, ocupa 98% da área plantada no Brasil, de 5 milhões de hectares. O consumo se concentra na indústria de madeira cerrada, com 48%; de celulose e papel, com 29%; e de painéis, com 18%.
O setor reclama também do aumento das barreiras não tarifárias que vêm sendo colocadas pelos EUA, Europa e China aos produtos brasileiros. "O governo brasileiro tem sido um pouco incompetente ao tratar desses assuntos para o setor florestal. A pauta do setor, pela importância que ele já ocupa nas exportações, deveria ser tratada no âmbito da rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio", defendeu Tomaselli.
Na avaliação da Abimci a tendência é que, dentro do setor de base florestal, o segmento de celulose e papel retome a dianteira nas exportações. Nos dois últimos anos, as vendas externas de madeira e seus derivados superaram as de celulose e papel. Dados da associação mostram que no ano passado o setor de celulose e papel ficou com receita externa de US$ 1,18 bilhão. "Principalmente a partir de 2006, quando começam a se consolidar os investimentos em celulose e papel, a presença do Brasil nesse segmento no exterior deve aumentar", disse.
Fonte: Gazeta Mercantil – 16/02/2005
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